Conheça os discos reunidos na caixa
Seleção engloba lançamentos da Odeon de 65 a 79
Na segunda parte (o espetáculo reestreou em 67, indo a outras cidades como São Paulo e Salvador) do disco, Rosa de Ouro 2, o esquema é o mesmo, mas as músicas, diferentes. Aqui, temos Clementina entrando mais uma vez depois do chamado Clementina, Cadê você?, e entoando "Eu vi Santa Bárbara anunciar a trovoada que roncou lá no mar", sempre acompanhada pelos tambores. Depois seguem-se Mulato Calado (só com violão e caixa de fósforo) e Minha Vontade, antes do final do show.
Clementina de Jesus (1966) - Primeiro disco individual da cantora, tem menos de 30 minutos divididos em 10 faixas. A harmonia é composta pelos violões campeões de Dino e Meira, o cavaquinho de Canhoto e o baixo de Luiz Marinho. Na percussão, Elton Medeiros, Marçal, Jorge Arena, Ary Dalton, e no coro, Paulinho da Viola, João da Gente, Zezinho, Erasmo Silva e Copacabana. Além do impressionante partido que abre o disco, Piedade, há cantos de escravos, como o jongo Cangoma me Chamou ("Levanta povo, cativeiro já acabou"), uma improvisação de quase sete minutos de Clementina e João da Gente em Barracão É Seu, uma moda mineira, de viola, com solos instrumentais e início a capela (Tava Dormindo) e vários tradicionais sambas de raiz, de autores como Paulo da Portela, Cartola, Zé da Zilda, Bubu e Jamelão. Destaque também para toda a energia da batucada Tute de Madame, com boas improvisações sobre um tema simples. O acompanhamento é impecável nos diferentes estilos: palmas para partido-alto, viola para a moda, tambores para o jongo.
Gente da Antiga (1968) - Disco que foi colocado inteiro no CD dedicado a Pixinguinha da recente coleção Raízes do Samba, mescla músicas instrumentais (Os Oito Batutas, Elizete no Chorinho e o lento e espirituoso Aí, Seu Pinguça), lundus e sambas cantados por João da Bahiana (Yaô, Cabide de Molambo, Batuque na Cozinha, Que Quê Rê Quê Quê) e por Clementina (Roxá, A Tua Sina, Mironga de Moça Branca, Estácio, Mangueira). Neste disco, Pixinguinha toca saxofone, realizando lindos contracantos com o flautista Manoelzinho.
Mudando de Conversa (1968) - Espetáculo gravado ao vivo, em que Clementina canta apenas duas músicas, Sabiá e Mulato Bamba. A participação é pequena, mas em ótima companhia: Nora Ney, Cyro Monteiro e o conjunto Rosa de Ouro. Para melhorar, o repertório é coisa finíssima.
Fala Mangueira! (1968) - Neste encontro memorável com Odete Amaral, Nelson Cavaquinho, Carlos Cachaça e Cartola, Clementina canta Lá em Mangueira, divide o microfone com Zezinho em Alegria (realmente com uma energia extraordinária), sola em Saudosa Mangueira ("Eu sou do tempo em que malandro não descia/ mas a polícia no morro também não subia") e Sabiá de Mangueira. Vale a pena prestar atenção também no grande pot-pourri de sambas de Cartola, em que ele canta a rara Ao Amanhecer, com vocais abertos, em coro de várias vozes. O disco é histórico também por ter lançado Carlos Cachaça pela primeira vez cantando. A música é Lacrimário, de sua autoria.
Marinheiro Só (1973) - Dedicado ao marido Albino Pé Grande e ao amigo Caetano Veloso, este disco de produção mais sofisticada (e capa esquisita) traz Clementina interpretando, entre outros, o canto baiano de Caetano que serve de título, dois sambas do amigo de longa data Paulinho da Viola (Na Linha do Mar e Essa Nega Pede Mais), a Oração de Mãe Menininha de Dorival Caymmi e até um Abaluaiê do compositor paraense Waldemar Henrique. Há também outros cânticos religiosos lembrados e adaptados pela própria Clementina, acompanhados pelo percussionista Nana Vasconcellos, seu grande admirador, reunidos em uma das faixas mais memoráveis.
Clementina de Jesus (Convidado Especial: Carlos Cachaça) (1976) - Aqui, com produção de Fernando Faro, Clementina mostra mais uma vez sua vertente sambista eclética, cantando de Paulo da Portela (Olhar Assim) a João Bosco e Aldir Blanc (Incompatibilidade de Gênios). Há também partido-alto (Ajoelha) e, claro, sambas do convidado Carlos Cachaça (Não Quero Mais Amar a Ninguém, Itinerário, Lacrimário), que se arrisca nos vocais, com classe e competência, à moda antiga. No repertório ainda jongos e cantos de trabalho, alguns assinados por Milton Nascimento e Fernando Brant.
Clementina e Convidados (1979) - Último disco de Clementina. Os convidados são Cristina Buarque, Clara Nunes, Roberto Ribeiro, João Bosco, Martinho da Vila, Ivone Lara, Adoniran & Carlinhos Vergueiro. Embala Eu (com Clara Nunes), só com acompanhamento de palmas, tambores africanos e coro entoando o nome "Menininha do Gantois", é um dos destaques, pela emoção que exala. Olhos de Azeviche é Clementina quase lírica, cantando uma canção de melodia sinuosa (sem participação especial).
Com Martinho da Vila, o samba "social" Assim Não, Zambi fala na briga entre "a miséria e o miserê". Na Hora da Sede vem cadenciado, principalmente pelo cavaco de Carlinhos e Osmar. Com Dona Ivone Lara, Sonho Meu vira um belo dueto entre duas das damas mais reverenciadas pelo mundo do samba. A dobradinha com Adoniran em Torresmo à Milanesa é das mais engraçadas, os dois parecem disputar para ver quem tem a voz mais grave.
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