De olho em quem está para acontecer
Free Jazz Project reúne o melhor da produção pop nacional (ainda) à margem da grande mídia
Marco Antonio Barbosa
08/08/2001
Há bastante tempo que o tradicional festival Free Jazz (realizado sempre em outubro, no Rio de Janeiro, desde 1985) não se limita mais ao gênero musical que usa emprestado no nome. O evento já virou uma privilegiada janela para a música pop de todas as latitudes, e agora estende seu escopo à cena dita alternativa de nosso pop-rock - é o Free Jazz Project, que tem inauguração oficial no Rio nesta quinta (dia 9). O FJP vai centrar fogo nos mais importantes artistas (independentes ou não) de nossa nova música, e que - por alguma razão - ainda não conseguiram maior projeção na grande mídia. O projeto vai mostrar um total de 30 shows, que além do Rio terão como palco São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS).
A primeira festa é para os cariocas. Dias 9, 10 e 11, o Free Jazz Project vai ocupar a Marina da Glória. O primeiro dia terá como atrações a cantora Arícia Mess e seu som que mistura influências afro-brasileiras, soul e funk; o inexplicável "congo pop" do Berimbrown (vindo de Minas Gerais), uma das bandas mais festejadas da mais recente safra do rock nacional; e fecha com os recifenses do Nação Zumbi, cada vez mais distantes da pecha de "a banda do falecido Chico Science" e sempre fazendo shows arrasadores. O grupo está vindo de uma rápida turnê européia (que incluiu passagem por um dos palcos secundários do Festival de Montreux) e promete abalar com canções inéditas, que estarão no próximo álbum.
No dia seguinte, há rap (com BNegão, ex-Funk Fuckers, atual - e eterno - Planet Hemp e prestes a lançar seu primeiro projeto solo), os paulistanos do Mamelo Sound System (que misturam rap, jazz, dub, funk e drum'n'bass, num dos shows mais elogiados do momento) e o fecho fica com o escracho Miami rock do Comunidade Nin-Jitsu. O final da etapa carioca fica com um trio bem heterodoxo. A abertura é com o grupo carioca Matanza, uma mescla de punk rock e música country. Depois vem a possível surpresa do evento, os paraibanos do Pau de Dá em Doido - que resgatam com vigor a proposta de rock + ritmos nordestinos. O final fica a cargo do maluco beleza Otto, destilando seu cyber-samba. Logo após dos shows, ainda há discotecagem a cargo do também pernambucano DJ Dolores.
A curadoria do Free Jazz Project ficou a cargo de Bruno Levinson, notório garimpador de talentos novos (ele é organizador do tradicional festival Humaitá Pra Peixe, "berço" de revelações como Farofa Carioca, Pedro Luís & A Parede e Acabou La Tequila). "Desde 1993 acompanho o que acontece de novo no pop brasileiro, por conta do Humaitá, e acho que estamos vivendo um momento bem rico", acredita Bruno. "Para esta primeira edição do Project resolvemos apostar num casting de estilos variados, novas propostas e bandas que, positivamente, representam a cena independente no Brasil", diz o curador. Outro fator relevante sobre o FJP é levantado por Bruno: "Três dos grupos incluídos neste festival serão escolhidos pela organização do Free Jazz para fechar o cast brasileiro do evento. Será uma chance de ouro para qualquer que seja o escolhido."
Nos dias 21 e 22, o Free Jazz Project desembarca em Curitiba, fazendo duas noites com perfis bem diferenciados. Na primeira, a black music com sabor brazuca é o que vai mandar. O grupo Turbo Funk abre para a performance de Max de Castro e seu samba esquema ultra-novo, e quem fecha a maratona é a diva soul-funk-samba Paula Lima. Dia 22 os paranaenses terão várias gradações de rock: pesado e suingado (com o grupo Black Maria), misturado com hip hop (via a banda Nocaute) e com toques de funk-metal e skate rock (Rumbora). O som que fecha o evento é dos DJs do duo Autoload, especializados em drum'n'bass.
Em Porto Alegre, a vez do circo pegar fogo é nos dias 30 e 31. A cantora Katia B faz a abertura da primeira noite, seguindo-se o rock eletrônico e sinuoso do trio Vulgue Tostoi, tendo o fecho dos gaúchos do Ultraman, com seu som pesado e malandro. No dia seguinte, mais ecletismo: o pop-rock bem-humorado do Video Hits introduz outro grupo inclassificável, o Sonic Junior (alagoanos que misturam eletrônica, guitarras, baião e xaxado). Encerrando a noitada, o suíngue legal do Funk Como Le Gusta.
São Paulo, como o Rio, mereceu três noites de Free Jazz Project, nos dias 4, 5 e 6 de setembro. A inauguração é com puro hip hop, tendo os grupos Faces do Subúrbio, Academia Brasileira de Rimas e Marcelo D2 (com o grupo Hip Hop Rio) no cardápio. Dia 5, duas bandas de perfil mais chegado ao experimental (3Dux e Brasov) fazem a abertura para o rock docinho do Penélope. E a confluência entre rock, samba, suingue e nordestinidade se completa no último dia de shows, com os grupos Bojo, Bangalafumenga e - finalizando a primeira edição do evento - o mundo livre S/A. Nas pick-ups, para concluir os trabalhos, o DJ AfroRio.
A primeira festa é para os cariocas. Dias 9, 10 e 11, o Free Jazz Project vai ocupar a Marina da Glória. O primeiro dia terá como atrações a cantora Arícia Mess e seu som que mistura influências afro-brasileiras, soul e funk; o inexplicável "congo pop" do Berimbrown (vindo de Minas Gerais), uma das bandas mais festejadas da mais recente safra do rock nacional; e fecha com os recifenses do Nação Zumbi, cada vez mais distantes da pecha de "a banda do falecido Chico Science" e sempre fazendo shows arrasadores. O grupo está vindo de uma rápida turnê européia (que incluiu passagem por um dos palcos secundários do Festival de Montreux) e promete abalar com canções inéditas, que estarão no próximo álbum.
No dia seguinte, há rap (com BNegão, ex-Funk Fuckers, atual - e eterno - Planet Hemp e prestes a lançar seu primeiro projeto solo), os paulistanos do Mamelo Sound System (que misturam rap, jazz, dub, funk e drum'n'bass, num dos shows mais elogiados do momento) e o fecho fica com o escracho Miami rock do Comunidade Nin-Jitsu. O final da etapa carioca fica com um trio bem heterodoxo. A abertura é com o grupo carioca Matanza, uma mescla de punk rock e música country. Depois vem a possível surpresa do evento, os paraibanos do Pau de Dá em Doido - que resgatam com vigor a proposta de rock + ritmos nordestinos. O final fica a cargo do maluco beleza Otto, destilando seu cyber-samba. Logo após dos shows, ainda há discotecagem a cargo do também pernambucano DJ Dolores.
A curadoria do Free Jazz Project ficou a cargo de Bruno Levinson, notório garimpador de talentos novos (ele é organizador do tradicional festival Humaitá Pra Peixe, "berço" de revelações como Farofa Carioca, Pedro Luís & A Parede e Acabou La Tequila). "Desde 1993 acompanho o que acontece de novo no pop brasileiro, por conta do Humaitá, e acho que estamos vivendo um momento bem rico", acredita Bruno. "Para esta primeira edição do Project resolvemos apostar num casting de estilos variados, novas propostas e bandas que, positivamente, representam a cena independente no Brasil", diz o curador. Outro fator relevante sobre o FJP é levantado por Bruno: "Três dos grupos incluídos neste festival serão escolhidos pela organização do Free Jazz para fechar o cast brasileiro do evento. Será uma chance de ouro para qualquer que seja o escolhido."
Nos dias 21 e 22, o Free Jazz Project desembarca em Curitiba, fazendo duas noites com perfis bem diferenciados. Na primeira, a black music com sabor brazuca é o que vai mandar. O grupo Turbo Funk abre para a performance de Max de Castro e seu samba esquema ultra-novo, e quem fecha a maratona é a diva soul-funk-samba Paula Lima. Dia 22 os paranaenses terão várias gradações de rock: pesado e suingado (com o grupo Black Maria), misturado com hip hop (via a banda Nocaute) e com toques de funk-metal e skate rock (Rumbora). O som que fecha o evento é dos DJs do duo Autoload, especializados em drum'n'bass.
Em Porto Alegre, a vez do circo pegar fogo é nos dias 30 e 31. A cantora Katia B faz a abertura da primeira noite, seguindo-se o rock eletrônico e sinuoso do trio Vulgue Tostoi, tendo o fecho dos gaúchos do Ultraman, com seu som pesado e malandro. No dia seguinte, mais ecletismo: o pop-rock bem-humorado do Video Hits introduz outro grupo inclassificável, o Sonic Junior (alagoanos que misturam eletrônica, guitarras, baião e xaxado). Encerrando a noitada, o suíngue legal do Funk Como Le Gusta.
São Paulo, como o Rio, mereceu três noites de Free Jazz Project, nos dias 4, 5 e 6 de setembro. A inauguração é com puro hip hop, tendo os grupos Faces do Subúrbio, Academia Brasileira de Rimas e Marcelo D2 (com o grupo Hip Hop Rio) no cardápio. Dia 5, duas bandas de perfil mais chegado ao experimental (3Dux e Brasov) fazem a abertura para o rock docinho do Penélope. E a confluência entre rock, samba, suingue e nordestinidade se completa no último dia de shows, com os grupos Bojo, Bangalafumenga e - finalizando a primeira edição do evento - o mundo livre S/A. Nas pick-ups, para concluir os trabalhos, o DJ AfroRio.