Defalla: pancadão rumo ao sucesso
Conhecida por suas extravagâncias e por antecipar a confusão musical dos anos 90, banda de Edu K aposta agora na popularidade da mistura de rock com o funk dos bailes cariocas
Silvio Essinger
20/06/2000
Em seus 15 anos de carreira, o Defalla já fez de quase tudo – pós-punk, funk, rap, hard rock, thrash metal, ragga, techno... Agora, mais uma vez, resolveu partir em busca de algo absolutamente diferente: o sucesso. Para quem acompanha a história da banda gaúcha liderada por Edu K, é essa a impressão que passa o disco Miami Rock 2000, o primeiro de quatro em seu contrato com a Sony Music, conquistado depois de mais de 10 anos longe das grandes gravadoras. "É isso mesmo!", confirma Edu. "Quem dera a gente já tivesse conseguido fazer esse sucesso todo!"
Ao invés de apostar no choque, com fantasias escalafobéticas e algum tipo de som agressivo e extravagante, o vocalista optou por uma mistura de rock´n roll com aquele funk dos bailes cariocas, batizada de miami rock, em faixas de apelo imediato, como Quero Fazê Gostoso, Popozuda Rock´n Roll, Rap do Mulão e as versões de Ilariê (sucesso de Xuxa), Feiticeira (clássico brega de Carlos Alexandre, relido para a onda araberóbica da Feiticeira Joana Prado) e Freak Le Boom Boom (hit de Gretchen).
"A gente nunca teve muitos objetivos lógicos", conta Edu. "No máximo, era se divertir fazendo o que gosta. Mas agora a gente quer atingir um outro tipo de público. O Defalla é uma banda influente, mas não muito reconhecida", reclama. Para ele, a banda preserva até hoje a sua postura de fazer o que der na telha e manter uma cara própria, livre dos estereótipos: "Diferentemente dos anos 90, hoje em dia a música não está centrada num estilo só – tem os metal-rap filhos de Manson, o rock tradicional do Oasis, o rap dominando o mundo...Ou seja, aquilo que o Defalla pregou nos anos 80 acabou se concretizando. O mais irônico é que agora nós não somos mais isso."
Reginaldo Rossi é exemplo
Fiel discipulo do que havia de mais extremo no pop internacional, hoje Edu se espelha em um ídolo nacional: "O rei" Reginaldo Rossi. "Quero cantar mais em português e soltar mais esse lado bagaceira que vem, por exemplo, do forró do Genival Lacerda. Quero fazer essa conexão com os anos 80, via Chacrinha", conta. Com uma formação nova – Edu, Marcelo Fornazier (guitarra), Velho Birck (bateria), Z (baixo) e Chilli Willy (vocais), todos gaúchos – o Defalla está transformando seus shows em verdadeiros bailes de subúrbio, tocando clássicos do brega de Sidney Magal, Bom Bom (Vamos a La Playa) e Mauro Celso (Bilu Tetéia) em ritmo de miami rock.
"Se for ver, os maiores sucessos do Defalla são versões, como Sossego (Tim Maia), Como Vovó Já Dizia (Raul Seixas) e Satisfaction", justifica Edu. Para os fãs, por sinal, um aviso: a banda não toca mais suas antigas composições, como Repelente, It´s Fuckin Borin´To Death e Screw You Susy Doll. "É como se a gente estivesse começando de novo. Tem muita gente que nunca tinha ouvido falar do Defalla, ou que conheceu quando a gente tocou no Hollywood Rock (em 1993)", diz.
Miami rock: a síntese ideal
A ligação de Edu K com o funk carioca vem desde que gravou seu primeiro disco solo, Meu Nome é Edu K (de 1995, que tinha a Melô do Korno e o Barrako Zuado). "Foi um pouco antes da época do Claudinho & Buchecha", observa. Depois, ele se juntou aos gaúchos da Comunidade Nin Jitsu, banda que começara a misturar funk carioca e rock. "Era uma síntese que eu estava procurando há tempo – um som rock com pegada popular", diz. Fã das produções da equipe de som Furacão 2000, Edu elogia os procedimentos musicais do funk carioca: "Sem ter tanto conhecimento, os funkeiros conseguem fazer uma coisa super moderna e extremamente popular, que remete ao eletrofunk."
Por essas e por outras, Edu e o Defalla se mudaram para o Rio – hoje, moram em Copacabana. "A gente gosta de mar e surf. E também queria ficar perto das gravadoras", diz. Quanto ao que os antigos fãs possam dizer sobre a nova fase da banda, o vocalista está relaxado: "A gente largou de mão, as pessoas podem gostar ou odiar. Também nunca tivemos consideração pelo público. Dávamos prioridade ao que estávamos fazendo na época. Nos shows do primeiro disco, que era mais funk, tocávamos coisas que iam entrar no segundo, que foi mais rap."
Ao invés de apostar no choque, com fantasias escalafobéticas e algum tipo de som agressivo e extravagante, o vocalista optou por uma mistura de rock´n roll com aquele funk dos bailes cariocas, batizada de miami rock, em faixas de apelo imediato, como Quero Fazê Gostoso, Popozuda Rock´n Roll, Rap do Mulão e as versões de Ilariê (sucesso de Xuxa), Feiticeira (clássico brega de Carlos Alexandre, relido para a onda araberóbica da Feiticeira Joana Prado) e Freak Le Boom Boom (hit de Gretchen).
"A gente nunca teve muitos objetivos lógicos", conta Edu. "No máximo, era se divertir fazendo o que gosta. Mas agora a gente quer atingir um outro tipo de público. O Defalla é uma banda influente, mas não muito reconhecida", reclama. Para ele, a banda preserva até hoje a sua postura de fazer o que der na telha e manter uma cara própria, livre dos estereótipos: "Diferentemente dos anos 90, hoje em dia a música não está centrada num estilo só – tem os metal-rap filhos de Manson, o rock tradicional do Oasis, o rap dominando o mundo...Ou seja, aquilo que o Defalla pregou nos anos 80 acabou se concretizando. O mais irônico é que agora nós não somos mais isso."
Reginaldo Rossi é exemplo
Fiel discipulo do que havia de mais extremo no pop internacional, hoje Edu se espelha em um ídolo nacional: "O rei" Reginaldo Rossi. "Quero cantar mais em português e soltar mais esse lado bagaceira que vem, por exemplo, do forró do Genival Lacerda. Quero fazer essa conexão com os anos 80, via Chacrinha", conta. Com uma formação nova – Edu, Marcelo Fornazier (guitarra), Velho Birck (bateria), Z (baixo) e Chilli Willy (vocais), todos gaúchos – o Defalla está transformando seus shows em verdadeiros bailes de subúrbio, tocando clássicos do brega de Sidney Magal, Bom Bom (Vamos a La Playa) e Mauro Celso (Bilu Tetéia) em ritmo de miami rock.
"Se for ver, os maiores sucessos do Defalla são versões, como Sossego (Tim Maia), Como Vovó Já Dizia (Raul Seixas) e Satisfaction", justifica Edu. Para os fãs, por sinal, um aviso: a banda não toca mais suas antigas composições, como Repelente, It´s Fuckin Borin´To Death e Screw You Susy Doll. "É como se a gente estivesse começando de novo. Tem muita gente que nunca tinha ouvido falar do Defalla, ou que conheceu quando a gente tocou no Hollywood Rock (em 1993)", diz.
Miami rock: a síntese ideal
A ligação de Edu K com o funk carioca vem desde que gravou seu primeiro disco solo, Meu Nome é Edu K (de 1995, que tinha a Melô do Korno e o Barrako Zuado). "Foi um pouco antes da época do Claudinho & Buchecha", observa. Depois, ele se juntou aos gaúchos da Comunidade Nin Jitsu, banda que começara a misturar funk carioca e rock. "Era uma síntese que eu estava procurando há tempo – um som rock com pegada popular", diz. Fã das produções da equipe de som Furacão 2000, Edu elogia os procedimentos musicais do funk carioca: "Sem ter tanto conhecimento, os funkeiros conseguem fazer uma coisa super moderna e extremamente popular, que remete ao eletrofunk."
Por essas e por outras, Edu e o Defalla se mudaram para o Rio – hoje, moram em Copacabana. "A gente gosta de mar e surf. E também queria ficar perto das gravadoras", diz. Quanto ao que os antigos fãs possam dizer sobre a nova fase da banda, o vocalista está relaxado: "A gente largou de mão, as pessoas podem gostar ou odiar. Também nunca tivemos consideração pelo público. Dávamos prioridade ao que estávamos fazendo na época. Nos shows do primeiro disco, que era mais funk, tocávamos coisas que iam entrar no segundo, que foi mais rap."