Depoimentos sobre Lanny Gordin

Os artistas que foram acompanhados pelo guitarrista falam de sua genialidade. Abaixo, a lista dos discos de que ele participou

Carlos Calado
25/09/2000
Hermeto Pascoal
"Vi o Lanny nascer como músico, tocando as primeiras notas, lá na boate Stardust. Ele aprendeu do dia para a noite, assustadoramente. O Heraldo do Monte deu um impulso grande a ele. O pai do Lanny queria que ele tocasse de um jeito bem comercial, para dançar, mas eu fazia a cabeça do garoto. A gente esperava que o pai dele saísse da boate e, como eu já não enxergava direito, o Lanny me avisava. Aí a gente largava o pau e tocava alguma coisa bem moderna. Quando o pai dele vinha chegando, a gente voltava a tocar música comercial (risos). O Lanny é um grande músico. Lembro de ver ele sair tocando baixo, sem jamais ter estudado esse instrumento. Ele ainda não teve condições de botar para fora nem um terço da música que ele tem dentro dele. Eu torço para que o Lanny fique cada vez melhor para poder fazer isso".

Jards Macalé
"Fiquei profundamente admirado, ao ver aquele menino tocando pela primeira vez, quando o Rogério Duprat o chamou, na época da Tropicália. Depois que Caetano e Gil foram em cana e saíram do país, em 1969, eu, Gal Costa, Paulinho da Viola e Capinan fizemos uma firma chamada Tropicarte e produzimos um espetáculo, no Teatro Oficina. Esse show tinha três figuras importantes: eu, Gal e Lanny. No cotidiano com ele, meu violão mudou. Além de ter um talento enorme, o Lanny tinha um violão muito peculiar, muito rico. Ele é o que mais se aproxima de Jimi Hendrix. Sabia tudo da guitarra da época e é capaz de tocar violão como o Garoto, incrementando as harmonias e as melodias. Lanny é uma das mais profundas e ricas musicalidades do Brasil. Quem quiser aprender a guitarra tem que ouvir Lanny Gordin."

Chico César
"Influenciado pelos guitarristas Wes Montgomery, Joe Pass e Jimi Hendrix mas também atento à grande música do mundo (de Bach a Luiz Gonzaga), Lanny Gordin é um primeiro-sem-segundo na guitarra brasileira. O fato de estar passando necessidade é um exemplo triste da ineficácia de instituições como a Ordem dos Músicos do Brasil e o Sindicato dos Músicos, que não amparam seus associados. De alguns anos pra cá tenho tentado chamar a atenção para o Lanny e as dificuldades que tem vivido. O convidei para se apresentar comigo em alguns shows e para gravar em meus dois primeiros discos. Em todas essas oportunidades foi maravilhoso ver esse músico livre em ação. Entendo que toda solidariedade ao Lanny é bem-vinda, mas sem paternalismo. É preciso resgatar sua auto-estima e preservar sua saúde mental. Deixá-lo tocar, trabalhar, pode ser um bom começo."

Discografia de Lanny Gordin*

Participações em álbuns de outros artistas:

Brazilian Octopus, Fermata, 1968
Suely e os Kanticus, Philips, 1969
Gal Costa, Philips, 1969 (inclui Não Identificado)
Gal Costa, Philips, 1969 (inclui Cinema Olimpia)
Caetano Veloso, Philips, 1969
Gilberto Gil, Philips, 1969
Le Gal, de Gal Costa, Philips, 1970
Carlos, Erasmo, Philips, 1971
Gal a Todo Vapor, de Gal Costa, Philips, 1971
Expresso 2222, de Gilberto Gil, Philips, 1972
Nem Sim Nem Não, de Eduardo Araújo, Philips, 1972
Jards Macalé, Philips, 1972
Araçá Azul, de Caetano Veloso, Philips, 1972
Build Up, de Rita Lee, Philips, 1972
Compartimento Antiero, Fabio Antiero, Datavenia, 1981
Aguilar e a Banda Performática, Neon Phonográfica, 1982
Aos Vivos, de Chico César, Velas, 1995
Vange Milliet, Baratos Afins, 1995
Cuscuz Clã, de Chico César, MZA, 1996
Catalau, Baratos Afins, 1997
O Q Faço é Música, de Jards Macalé, Atração, 1998

* com a colaboração de Luiz Calanca

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