Discografia em CD ainda é incompleta

Apesar de importantes relançamentos como Canção do Amor Demais, marco inaugural da bossa, discos fundamentais de Elizeth ainda estão inéditos em formato digital

Nana Vaz de Castro
14/07/2000
Passados dez anos de sua morte (em maio de 1990), não é difícil achar discos de Elizeth nas prateleiras das lojas. A grande dama da canção brasileira tem uma das discografias mais extensas, e é claro que nem todas as suas gravações foram relançadas. Mas ao longo da década de 90 – e principalmente nos últimos quatro anos – as gravadoras vêm colocando no mercado discos originais e coletâneas.

Entre as últimas, destaca-se a caixa A Divina, com quatro CDs, lançada pela EMI em 1998. São 80 faixas que abrangem um largo espectro da carreira enluarada, incluindo Noel Rosa (Feitio de Oração, Fita Amarela, Último Desejo), Dolores Duran (Tome Continha de Você, Por Causa de Você, Pela Rua), Lamartine Babo (Serra da Boa Esperança, Rancho Fundo) e tantos outros. Também pela EMI foram lançados no formato dois em um Noturno/Grandes Momentos e Retrato da Noite/ A Meiga Elizeth, além da coletânea Raízes do Samba.

Dos outros discos de carreira, o antológico Canção do Amor Demais– um verdadeiro divisor de águas na música brasileira, lançado originalmente pela Festa – foi relançado em CD pela Movieplay, disponibilizando as primeiríssimas gravações de Eu Não Existo sem Você, Chega de Saudade, As Praias Desertas e Outra Vez.

A coleção Acervo Funarte traz o título Uma Rosa para Pixinguinha, em que Elizeth, bem acompanhada por Radamés Gnattali e a Camerata Carioca, canta Rosa, Carinhoso, Ingênuo e outras parcerias do genial Pixinguinha. Já pela RGE é possível achar Elizeth Cardoso e Elizeth Cardoso Vol. 2, única chance de escutar a fase pré-bossa nova, com gravações feitas para a Todamérica entre 1950 e 1955. A Som Livre colabora ainda com A Divina Elizeth e Elizethíssima, gravação ao vivo de show em 1981. Outro disco ao vivo disponível é Leva Meu Samba – Clássicos de Ataulfo Alves (Eldorado), interpretado por Elizeth e Ataulfo Jr., filho do compositor.

Fica faltando o famoso show de 1968, no teatro João Caetano, no Rio, com Elizeth, Jacob do Bandolim, Época de Ouro e Zimbo Trio. Gravado pelo Museu da Imagem e do Som (MIS) e lançado em LP, foi relançado em CD apenas no Japão.

Permanecem também fora da era digital os dois álbuns que gravou ao lado de Cyro Monteiro ( A Bossa Eterna de Elizeth e Ciro, em 66 e 69), e os dois com Moacyr Silva ( Sax Voz, de 60 e 61). Álbuns fundamentais da Divina, como Muito Elizeth (66), com Apelo, Pra Machucar Meu Coração, Meiga Presença, entre outras, e A Enluarada Elizeth (67), com Meu Consolo É Você, Carinhoso, Modinha e Melodia Sentimental, inéditos no formato CD.

Além dos discos, há a biografia escrita por Sérgio Cabral, Elisete Cardoso – Uma Vida (Lumiar, 1994) e a "Coleção Elizeth Cardoso", um acervo de partituras (cerca de 600), fotos, programas, figurinos, placas e medalhas doado ao MIS.

Leia também sobre Elizeth Cardoso: