Diversidade dentro do samba comercial

Em seus discos, o Art Popular já gravou com um time de convidados especiais que inclui os sertanejos João Paulo e Daniel, os americanos Take 6 e Billy Paul e Jorge Ben Jor

Silvio Essinger
21/07/2000
Rapazes da Zona Norte de São Paulo, que segundo Leandro, "cresceram ouvindo Beth Carvalho, Martinho da Vila, a black music dos bailes, Djavan e toda a MPB", os músicos do Art sempre evitaram repetir fórmulas. "Não gostava de um disco ser igual ao outro em termos de sonoridade. Cada um deles nos retratou atisticamente em um determinado momento."

No primeiro SambaPopBrasil, chamaram a dupla João Paulo (que morreria logo em seguida) e Daniel para uma música que fundia samba e sertanejo. No disco seguinte, uma festa: gravaram com um coral gospel numa igreja no Harlem e aproveitaram a passagem pelos Estados Unidos para angariar participações do grupo Take 6 e do cantor Billy Paul. De quebra, Leandro ainda juntou na faixa Já Que Tá Gostoso Deixa as baterias da escola de samba Salgueiro (na caixa de som esquerda) e o Olodum (na outra caixa).

No Acústico, a partcipação mais especial é a de Jorge Ben Jor, grande influência da banda: "Era uma coisa meio óbvia. Mas ele não poderia ter ficado de fora", assume Leandro. "Quando Ben Jor lançou Mas Que Nada, com aquele violão rasgado, pouca gente entendeu. Apesar de ter sido em uma época diferente da de hoje, o que acontece com a gente é algo parecido."

A tentativa do Art se destacar no meio de tantos pagodeiros envolve um cuidado maior com as letras – a de Gente Inocente, por exemplo, investe na denúncia social tão típica do rap. "Não dá mais para fazer uma letra como a de Amarelinha, que a gente fez quatro anos atrás", conta Leandro. "A gravadora fica sempre com o pé atrás, mas graças a Deus a gente continua vendendo disco."

Produtor e compositor principal dos discos do Art Popular, Leandro tem feito muitos trabalhos para fora: prepara um disco solo (que vai sair até o fim do ano, com um material mais pop, que não coube na moldura da banda) e produz o disco dos sambistas do Relfa. "Não sou como o Bira Havaí no samba ou o Liminha no pop. Eu me envolvo bastante com os trabalhos", garante. Mas agora seus esforços estarão todos voltados para a turnê. "O desafio maior é trazer a credibilidade que falta ao Art", diz.

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