Dois mil na cadência do samba
Caixas de CDs e discos ao vivo se destacaram no mercado de samba, em ano marcado por coleções, séries e coletâneas que acabaram pesando no bolso
Nana Vaz de Castro
27/12/2000
Pra quem gosta de samba, 2000 foi um ano de grandes despesas. Foram muitas caixas, relançamentos, coleções, reedições e bons inéditos. Os artistas que lançaram discos de carreira não frustraram as expectativas. Foi o caso de Zeca Pagodinho (Água da Minha Sede), Bezerra da Silva (Malandro É Malandro e Mane É Mané), Martinho da Vila (Lusofonia), Jamelão (Por Força do Hábito) e Délcio Carvalho (A Lua e o Conhaque). Este último, há alguns anos afastado da mídia, foi a grande surpresa do setor, apresentando um disco de produção impecável e que mostrou toda a sua qualidade de intérprete, até então pouco conhecida.
Como em vários outros gêneros, o formato de disco ao vivo foi fartamente explorado pelo samba este ano. Beth Carvalho (Pagode de Mesa 2), Fundo de Quintal (Simplicidade), Jair Rodrigues (500 Anos de Folia - Vol. 2), Leci Brandão (Eu Sou Assim), Alcione (Nos Bares da Vida) e Arlindo Cruz & Sombrinha (Ao Vivo) apostaram no calor do público, entusiasmados com o sucesso do primeiro ao vivo de Jorge Aragão, que, não contente, lançou este ano Ao Vivo II.
De revelações, surgiram os primeiros discos do Quinteto em Branco Preto, Riqueza do Brasile de Marquinhos de Oswaldo Cruz, Uma Geografia Popular; o segundo de Dorina, Samba.com; e a estréia da cantora Ione Papas, que lançou Noel por Ione. O veterano Zé Renato gravou Cabô, seu primeiro disco autoral desde que passou a dedicar-se ao samba, depois de encarar como intérprete os repertórios de Silvio Caldas e Zé Kéti. Outros que se aventuraram a renovar o gênero foram os rapazes da Trama, Jairzinho Oliveira (com Dis'Ritmia) e Max de Castro (com Samba Raro).
No quesito tributo, destacaram-se dois discos da Jam Music: o ótimo Ganha-se Pouco Mas É Divertido, de Cristina Buarque, dedicado à obra de Wilson Batista; e Pra Fugir da Saudade, de Célia e Zé Luiz Mazzioti, só com sambas de Paulinho da Viola. Rosa Passos também fez a sua parte. Depois de Ary Barroso e Tom Jobim, foi a vez de a cantora homenagear Dorival Caymmi em Rosa Passos Canta Caymmi. Já o conjunto Garganta Profunda e Zé Renato apostaram numa mesma dobradinha infalível de compositores, respectivamente com Chico & Noel em Revistae Filosofia. Sem prender-se a um intérprete específico, Cauby Peixoto homenageou o gênero samba em Meu Coração É um Pandeiro, disco recheado de participações especiais - mesmo formato adotado por Nei Lopes, que deu a medida do bom gosto em De Letra & Música.
Samba encaixotado
As caixas foram as que mais pesaram no bolso. Desde as mais caras, como a de Noel Rosa (14 CDs), até as mais em conta, como os três volumes da coleção A Música Brasileira deste Século por seus Autores e Intérpretes, que já somam 38 CDs, aí incluídos Zé Kéti, Cartola, Nelson Cavaquinho, Baden Powell, Paulinho da Viola, Adoniran Barbosa e Ismael Silva. Some-se a elas ainda as caixas de João Nogueira (quatro CDs, reedições de seus LPs pela PolyGram) e Dorival Caymmi (sete CDs com toda a sua obra pela EMI).
Não menos reveladores neste ano de samba foram os relançamentos, de discos originais ou de fonogramas em forma de coleções. No primeiro caso estão inseridos os primeiros LPs de Monarco , Zé Kéti e Wilson Moreira (Okolofé), os discos das velhas guardas da Portela e Mangueira lançados na década de 80 no Japão, e os 50 CDs da série Bambas do Samba, da antiga RGE, que trouxe na íntegra os primeiros LPs de Jovelina Pérola Negra, Almir Guineto, Jorge Aragão, Raça Negra, Fundo de Quintal, Bezerra da Silva e Zeca Pagodinho. Já coleções como Raízes do Samba, Dois Momentos e Enciclopédia Musical Brasileira vasculharam arquivos de gravadoras e relançaram alguns fonogramas raros, como o volume dos Cinco Crioulos.
Para 2001
Às portas do novo ano, o mercado continua aquecido. Estão sendo esperados os três discos de samba da Lua Discos (Guilherme de Brito, Macalé Canta Moreira e Casquinha, da Velha Guarda da Portela), os novos de Elton Medeiros, Dona Ivone Lara, Luiz Carlos da Vila e uma nova homenagem a Noel Rosa feita por Cristina Buarque e Henrique Cazes. Em 2001 sai também uma caixa com os discos da inesquecível Clementina de Jesus.
Como em vários outros gêneros, o formato de disco ao vivo foi fartamente explorado pelo samba este ano. Beth Carvalho (Pagode de Mesa 2), Fundo de Quintal (Simplicidade), Jair Rodrigues (500 Anos de Folia - Vol. 2), Leci Brandão (Eu Sou Assim), Alcione (Nos Bares da Vida) e Arlindo Cruz & Sombrinha (Ao Vivo) apostaram no calor do público, entusiasmados com o sucesso do primeiro ao vivo de Jorge Aragão, que, não contente, lançou este ano Ao Vivo II.
De revelações, surgiram os primeiros discos do Quinteto em Branco Preto, Riqueza do Brasile de Marquinhos de Oswaldo Cruz, Uma Geografia Popular; o segundo de Dorina, Samba.com; e a estréia da cantora Ione Papas, que lançou Noel por Ione. O veterano Zé Renato gravou Cabô, seu primeiro disco autoral desde que passou a dedicar-se ao samba, depois de encarar como intérprete os repertórios de Silvio Caldas e Zé Kéti. Outros que se aventuraram a renovar o gênero foram os rapazes da Trama, Jairzinho Oliveira (com Dis'Ritmia) e Max de Castro (com Samba Raro).
No quesito tributo, destacaram-se dois discos da Jam Music: o ótimo Ganha-se Pouco Mas É Divertido, de Cristina Buarque, dedicado à obra de Wilson Batista; e Pra Fugir da Saudade, de Célia e Zé Luiz Mazzioti, só com sambas de Paulinho da Viola. Rosa Passos também fez a sua parte. Depois de Ary Barroso e Tom Jobim, foi a vez de a cantora homenagear Dorival Caymmi em Rosa Passos Canta Caymmi. Já o conjunto Garganta Profunda e Zé Renato apostaram numa mesma dobradinha infalível de compositores, respectivamente com Chico & Noel em Revistae Filosofia. Sem prender-se a um intérprete específico, Cauby Peixoto homenageou o gênero samba em Meu Coração É um Pandeiro, disco recheado de participações especiais - mesmo formato adotado por Nei Lopes, que deu a medida do bom gosto em De Letra & Música.
Samba encaixotado
As caixas foram as que mais pesaram no bolso. Desde as mais caras, como a de Noel Rosa (14 CDs), até as mais em conta, como os três volumes da coleção A Música Brasileira deste Século por seus Autores e Intérpretes, que já somam 38 CDs, aí incluídos Zé Kéti, Cartola, Nelson Cavaquinho, Baden Powell, Paulinho da Viola, Adoniran Barbosa e Ismael Silva. Some-se a elas ainda as caixas de João Nogueira (quatro CDs, reedições de seus LPs pela PolyGram) e Dorival Caymmi (sete CDs com toda a sua obra pela EMI).
Não menos reveladores neste ano de samba foram os relançamentos, de discos originais ou de fonogramas em forma de coleções. No primeiro caso estão inseridos os primeiros LPs de Monarco , Zé Kéti e Wilson Moreira (Okolofé), os discos das velhas guardas da Portela e Mangueira lançados na década de 80 no Japão, e os 50 CDs da série Bambas do Samba, da antiga RGE, que trouxe na íntegra os primeiros LPs de Jovelina Pérola Negra, Almir Guineto, Jorge Aragão, Raça Negra, Fundo de Quintal, Bezerra da Silva e Zeca Pagodinho. Já coleções como Raízes do Samba, Dois Momentos e Enciclopédia Musical Brasileira vasculharam arquivos de gravadoras e relançaram alguns fonogramas raros, como o volume dos Cinco Crioulos.
Para 2001
Às portas do novo ano, o mercado continua aquecido. Estão sendo esperados os três discos de samba da Lua Discos (Guilherme de Brito, Macalé Canta Moreira e Casquinha, da Velha Guarda da Portela), os novos de Elton Medeiros, Dona Ivone Lara, Luiz Carlos da Vila e uma nova homenagem a Noel Rosa feita por Cristina Buarque e Henrique Cazes. Em 2001 sai também uma caixa com os discos da inesquecível Clementina de Jesus.
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