Duas noites com o melhor da MPB em Montreux

Aberto à música brasileira desde 1974, o maior festival de jazz da Europa oferece este fim de semana shows dos Paralamas, Martinho da Vila, Dona Ivone Lara e uma grande festa de frevo, encerrada por Alceu Valença

Tárik de Souza
14/07/2000
Criado em 1967 por Claude Nobs – um filho de padeiro apaixonado por trenzinhos elétricos de brinquedo e gaitista amador de blues – como um pequeno evento de três dias para atrair turistas para a linda e pacata cidade suiça à beira do lago Leman, o Montreux Jazz Festival logo se tornaria o maior da Europa. Inicialmente concentrado no jazz, entre o mainstream e a vanguarda (alguns convidados das primeiras edições foram Keith Jarrett, Bill Evans, Nina Simone, Ella Fitzgerald e Gerry Mulligan), o festival abriu seu leque estilístico já no começo da década de 70. Incluiu a princípio os aparentados da família jazzística (soul, blues, gospel) e mais adiante o rock, música africana e a partir de 1974 – com Milton Nascimento e Airto Moreira – também a música brasileira.

De 1978 em diante, a MPB (que levou nesse ano Gilberto Gil, A Cor do Som, Airto Moreira e o então promissor guitarrista pernambucano Ivinho) passou a ter uma noite específica, geralmente superlotada, que acabou duplicada. A força dessa conexão resultou na realização de uma edição paulista do evento, em 1978, no Palácio das Convenções do Anhembi, mesclando os importados Dizzy Gillespie, Stan Getz, Al Jarreau e John McLaughlin com os nacionais Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Luis Eça e Raul de Souza. Em 1980, no mesmo local, o bluesman B.B.King e o herói do reggae Peter Tosh (à bordo de um charuto de 30 centímetros) sacudiram a massa, junto com o elenco nativo.

Em junho passado, a parceria com Montreux foi restabelecida com a vinda ao Brasil dos jazzistas T.S.Monk (filho do grande pianista Thelonious) e da cantora Nnenna Freelon. A contrapartida brasileira, muito mais robusta e eclética já levou ao palco suíço de Maria Bethânia a É o Tchan, de Tom Jobim a Carlinhos Brown, Fernanda Abreu, Antulio Madureira, Marisa Monte e os Novos Baianos. O sotaque franco suiço de Claude Nobs, sempre o apresentador dos shows, prefaciou discos marcantes para a MPB como o encontro de Elis Regina e Hermeto Pascoal (1979), o álbum duplo de João Gilberto (1985) e discos solos de Gilberto Gil e A Cor do Som (1978), Pepeu Gomes (1980), Alceu Valença (1982) e dos Paralamas do Sucesso (D ,1987) entre outros.

Na edição deste ano, duas noites trazem música importada do Brasil – a transmissão ao vivo e a cobertura, você acompanha em CliqueMusic-MSN Brasil a partir das 16h30 do Brasil. Sábado, na Brasil Africa Cofee Night, os Paralamas voltam ao cenário seguidos pelo samba plural de Martinho da Vila trazendo como convidada a imperiana (por todos os títulos) D. Ivone Lara, compositora e sambista de nobre estirpe. Fecha o espetáculo , o nigeriano Femi Kuti, atual hype da música afro, filho do lendário Fela Anikulapo Kuti que abriu os caminhos para a eletrificação do conceito.

Domingo, sob o título Pernambuco em Canto: Carnaval de Olinda baixam no festival a Banda Eva, seguida por uma Orquestra de Frevos repleta de convivas especiais. Do astro pernambucano André Rio a Lula Queiroga (parceiro de Lenine) e mais Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Moraes Moreira e o percussionista Naná Vasconcelos de longa estrada internacional. Alceu Valença comanda a banda que encerra a noite fervilhante. Ou frevante.

Siga os links abaixo para assistir os shows:

   Banda Eva

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