Dudu Nobre lança primeiro álbum ao vivo

Quarto disco do sambista foi gravado no Canecão (RJ) e traz uma série de participações muito especiais

Mônica Loureiro
16/05/2004
Ele disse que ia botar seu nome na macumba. E não é que a mandinga deu certo? Dudu Nobre está aí, consagradíssimo no mundo do samba, nove anos depois que o "padrinho" e parceiro Zeca Pagodinho gravou pela primeira vez uma música sua - Vou Botar seu Nome na Macumba (no disco Samba pras Moças, de 1995). Dudu está lançando seu quarto CD e primeiro DVD Dudu Nobre Ao Vivo, parceria entre a gravadora BMG e o canal Multishow. Dudu não nega que, desde os tempos de cavaquinista da banda de Zeca, sempre sonhou com carreira-solo. "Sempre tivemos esse pensamento, mas tudo foi bem legal, foi acontecendo sem forçar nada", diz Dudu. Quanto às comparações com o estilo do "mentor", garante que hoje já tem identidade própria e que trabalha com uma temática diferente da de Zeca.

Aos 29 anos, Dudu já coleciona 150 composições, das quais 100 já estão devidamente registradas por nomes como Beth Carvalho, Fundo de Quintal, Martinho da Vila, e até MPB4. "Depois de Vou Botar seu Nome na Macumba, as pessoas começaram a gravar minhas músicas. Para mim, compor não é problema nenhum, ainda mais se tiver alguma prestação para pagar!", brinca o sambista.

O CD foi gravado em dezembro de 2003 no Canecão. "Há tempos eu tinha vontade de gravar um disco ao vivo. A gravadora sugeriu algumas parcerias e a do Multishow foi a que mais agradou. O resultado ficou como a gente queria", garante Dudu. E deixa transparecer que o "MTV ao vivo" teria sido um dos vetados. "Não gosto dos moldes da MTV porque acho que uma gravação dessas tem que ter público. A concepção deles não ajuda o samba. Meu DVD está cheio de momentos em que a participação do público cantando e dançando foi fundamental", defende.

Editoras x DVD Apesar de dizer que a parceria com o Multishow foi perfeita, Dudu ressalta um impasse que está começando a criar problemas nas gravações de DVD. "Gosto de levar para os meus shows tudo o que faço. Infelizmente, por causa de editoras, não pude fazer tudo o que queria nessa gravação. Como o DVD é uma tecnologia relativamente nova, as tributações não têm tido acordo. Ou seja, algumas editoras pedem um valor muito alto para liberar as músicas, o que acaba inviabilizando as gravações", reclama. Em seu disco, por exemplo, ficou de fora Aquarela do Brasil. "Cantei com a Velha Guarda do Império e não rolou", lamenta. Dudu diz que Sandra de Sá, Ivete Sangalo e o próprio Zeca Pagodinho tiveram problemas similares.

Das 20 músicas do CD, 14 são de autoria de Dudu, sozinho e com parceiros. Os sucessos Goiabada Cascão, No Mexe Mexe, no Bole Bole, Quebro Não Envergo e A Grande Família são alguns incluídos no repertório. "Escolhemos músicas que têm importância dentro de minha carreira. E também fiz quatro novas especialmente para esse disco", diz. Dudu se refere a Nossa Oração (parceria com Luisinho SP), Menina, Dona do meu Amor (com Roque Ferreira), A Família Aumentou (com Arlindo Cruz) e Louco pra Te Dar um Beijo.

De inéditas ainda tem Favo de Mel, parceria com Moisés Santiago que, segundo Dudu, já estava pronta há algum tempo. "Essa eu cantei com o Péricles do grupo Exaltasamba", destaca. Falando em convidados, Dudu Nobre ao Vivo teve vários. Zeca, que já era de se esperar, cantou (é lógico) Vou Botar seu Nome na Macumba , enquanto Xande, do grupo Revelação, dividiu Levada desse Tantã, anteriormente gravada pelo Fundo de Quintal.

Os "estranhos no ninho" foram Lenine (Xodó de Mãe), Gabriel O Pensador (Posso Até Me Apaixonar) e MV Bill (Singelo Menestrel). "Quando teve aquele problema com o clipe Soldado do Morro, fui com o Djavan e Caetano Veloso fazer um show na Cidade de Deus para dar uma força ao Bill. Desde então nossa ligação ficou mais próxima", lembra Dudu. Dudu diz que vai voltar ao palco do Canecão para fazer o lançamento do CD, mas ainda não há data confirmada. "Em julho faço uma temporada no Teatro João Caetano, numa série que acho que se chama `Fim de tarde', com ingressos a R$ 1", antecipa.