Ed Motta e Trama: casamento anunciado
Cantor troca a major Universal pelo selo de João Marcello Bôscoli, em transação inédita na música brasileira
Marco Antonio Barbosa
11/11/2002
Não é de hoje que Ed Motta e a gravadora Trama vêm ensaiando um namoro inusual para o mercado fonográfico brasileiro. De uma certa maneira, pode-se dizer que artista e selo convergiram um de encontro ao outro. Enquanto Ed sofisticava seu trabalho e distanciava-se da música pop - incompatibilizando-se, por tabela, com uma gravadora multinacional como a Universal -, a Trama vinha notabilizando-se por dar voz a uma geração de artistas antenados estética e musicalmente com a carreira do sobrinho de Tim Maia. Deu no que deu: na semana passada, o selo de João Marcello Bôscoli anunciava orgulhosamente que Ed deixava a Universal Music e passava a ser membro de seu cast. O músico concedeu entrevista ao Cliquemusic para falar dessa nova fase de sua trajetória. Que pode, também, marcar uma nova fase no relacionamento entre selos grandes e pequenos no Brasil.
"É importante frisar que essa troca de gravadora é inédita no mercado brasileiro. É a primeira vez que um selo independente, brasileiro, compra o passe de um artista contratado de uma multinacional", fala Ed. O cantor não cita os números da transação, mas coloca a questão monetária em último plano. "Foi uma decisão tomada com base em critérios puramente artísticos, pensando no que seria melhor para a minha carreira.
A mudança de gravadora se dá num momento bem especial para Ed. Ao lançar o disco Dwitza , no começo do ano, o cantor havia anunciado uma guinada em sua carreira em rumo à música instrumental, fundamentada no jazz e distante do pop suingado dos tempos do Conexão Japeri. Teria havido alguma polêmica na Universal em relação à nova orientação de Ed? "De modo algum. A Trama teve de brigar para me contratar. Não houve entrevero nenhum entre mim a Universal - que queria que eu terminasse meu acordo inicial, que previa mais dois discos", afirma Ed. O cantor considera que saiu bem - em termos comerciais - da antiga gravadora, tendo vendido cerca de 20 mil CDs de Dwitza. "Para um trabalho como aquele, totalmente desconectado do que se chama de pop atualmente, achei um número muito bom", fala o músico.
O fato é que, na Trama (gravadora sempre elogiada por Ed por investir no novo e na ousadia), o cantor vai ter ainda mais liberdade para prosseguir em uma seara ainda mais pessoal. "Já disse isso: guardadas as proporções históricas, o trabalho da Trama é comparável ao da gravadora Elenco, nos anos 60 - que investiu na criação de toda uma geração de artistas que mudaram a cara de nossa música", acredita o músico. "Tudo aqui na Trama valoriza o artista, dá liberdade para a criação. Eles são extremamente preocupados com o detalhe, são perfeccionistas como eu. Se na Universal eu já tinha independência total, na Trama eu vou ter isso e ainda mais", conclui o músico.
O crescente investimento da Trama no mercado exterior também vem bem a calhar para Ed, que também estica cada vez mais o olho para os gringos. "É claro que levei isso (a estratégia da Trama no exterior) em conta", fala Ed, que acaba de retornar de uma mini-temporada de shows lotados na Inglaterra. "Trabalhar com um selo que pensa também na projeção de seus artistas lá fora, de maneira organizada e com um tratamento individual para cada um deles, é realmente muito bom".
Para o músico, mais importante que tudo nesse processo de troca de gravadora é a valorização do similar nacional. "Infelizmente aquela frase do Tom Jobim - 'Brasileiro tem raiva de quem faz sucesso' - cada vez ganha sentido. Aqui, neguinho acha mais legal abrir franquia de um negócio estrangeiro do que investir num lance nacional. Espero que as pessoas percebam a importância dessa transação, de se ver uma empresa 100% brasileira tomando um artista de outra major. E que isso abra o caminho para outras iniciativas iguais", discursa Ed.
"É importante frisar que essa troca de gravadora é inédita no mercado brasileiro. É a primeira vez que um selo independente, brasileiro, compra o passe de um artista contratado de uma multinacional", fala Ed. O cantor não cita os números da transação, mas coloca a questão monetária em último plano. "Foi uma decisão tomada com base em critérios puramente artísticos, pensando no que seria melhor para a minha carreira.
A mudança de gravadora se dá num momento bem especial para Ed. Ao lançar o disco Dwitza , no começo do ano, o cantor havia anunciado uma guinada em sua carreira em rumo à música instrumental, fundamentada no jazz e distante do pop suingado dos tempos do Conexão Japeri. Teria havido alguma polêmica na Universal em relação à nova orientação de Ed? "De modo algum. A Trama teve de brigar para me contratar. Não houve entrevero nenhum entre mim a Universal - que queria que eu terminasse meu acordo inicial, que previa mais dois discos", afirma Ed. O cantor considera que saiu bem - em termos comerciais - da antiga gravadora, tendo vendido cerca de 20 mil CDs de Dwitza. "Para um trabalho como aquele, totalmente desconectado do que se chama de pop atualmente, achei um número muito bom", fala o músico.
O fato é que, na Trama (gravadora sempre elogiada por Ed por investir no novo e na ousadia), o cantor vai ter ainda mais liberdade para prosseguir em uma seara ainda mais pessoal. "Já disse isso: guardadas as proporções históricas, o trabalho da Trama é comparável ao da gravadora Elenco, nos anos 60 - que investiu na criação de toda uma geração de artistas que mudaram a cara de nossa música", acredita o músico. "Tudo aqui na Trama valoriza o artista, dá liberdade para a criação. Eles são extremamente preocupados com o detalhe, são perfeccionistas como eu. Se na Universal eu já tinha independência total, na Trama eu vou ter isso e ainda mais", conclui o músico.
O crescente investimento da Trama no mercado exterior também vem bem a calhar para Ed, que também estica cada vez mais o olho para os gringos. "É claro que levei isso (a estratégia da Trama no exterior) em conta", fala Ed, que acaba de retornar de uma mini-temporada de shows lotados na Inglaterra. "Trabalhar com um selo que pensa também na projeção de seus artistas lá fora, de maneira organizada e com um tratamento individual para cada um deles, é realmente muito bom".
Para o músico, mais importante que tudo nesse processo de troca de gravadora é a valorização do similar nacional. "Infelizmente aquela frase do Tom Jobim - 'Brasileiro tem raiva de quem faz sucesso' - cada vez ganha sentido. Aqui, neguinho acha mais legal abrir franquia de um negócio estrangeiro do que investir num lance nacional. Espero que as pessoas percebam a importância dessa transação, de se ver uma empresa 100% brasileira tomando um artista de outra major. E que isso abra o caminho para outras iniciativas iguais", discursa Ed.