Elba e Zé Ramalho lavam a alma da MPB no Rock in Rio
Dupla de primos incendeia a platéia do festival, com repertório basicamente de MPB, com direito a baiões, toadas e frevos
Rodrigo Faour
20/01/2001
CIDADE DO ROCK - 20h30 - Quando os primeiros versos do sucesso de Raul Seixas, Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás, ecoaram no Palco Mundo do Rock in Rio neste sábado, não houve dúvida: os primos Zé e Elba Ramalho já estavam com a platéia no bolso. Depois de um show bastante morno dos Engenheiros do Hawaii, o público pôde recuperar suas energias num espetáculo impecável, enérgico, suingado que lavou a alma da chamada MPB no festival. A música brasileira não pode se queixar de sua popularidade frente à platéia do Rock in Rio. Fora o hit de Raul, todo o resto do repertório da dupla foi formado por clássicos da canção nordestina. De Luiz Gonzaga a Lenine, passando por diversas músicas do próprio Zé Ramalho - aquelas de sempre, é verdade, mas que o público sabia de cor e vibrou, cantando-as de fio a pavio.
Tudo funcionou. As vozes dos dois cantores se casaram bem, o repertório com ênfase em sucessos da dupla foi apropriado, a luz estava profissional e as filmagens e figuras projetadas nos telões deram um show à parte de bom gosto. A apresentação começou às 19h e foi até às 20h15, ou seja, exatamente no momento do anoitecer de sábado. E não houve quem não se emocionasse justamente no momento exato do crepúsculo do sol, com Elba entoando a brejeira De Volta pro Aconchego (Dominguinhos/ Nando Cordel), com direito a isqueiros acesos e todo mundo cantando junto. Ou quando Zé & Elba entoaram a enigmática Avôhai, com direito a telões muito bem sacados, com imagens psicodélicas. Ainda de autoria de Zé, as manjadas Vila do Sossego, Chão de Giz e Admirável Gado Novo, compostas nos anos 70, pareciam novas - de fato, são músicas ótimas, de inesgotável apelo popular - e foram cantadas em uníssono pelo público.
Mas, em grande parte, o show foi excelente por causa da presença e do carisma sempre marcantes e contagiantes de Elba Ramalho que esbanjou voz, sensualidade e ritmo para comandar a multidão. Apesar de ter cantado em duo com o primo Zé todos os números do show - à exceção da citada De Volta pro Aconchego - foi ela a responsável por puxar a turba em alguns momentos cruciais do show. No quarto número, convocou todos para um arrasta-pé de baioque (mistura de baião com rock) num medley incendiário com os dois marcos iniciais do gênero, Baião e Asa Branca (ambas de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira). Mais para o final, Elba se fantasiou com uma roupa típica do carnaval de Recife para entoar o recente frevo Leão do Norte (Lenine/ Bráulio Tavares), precedida de uma vinheta de citação ao grupo Nação Zumbi, e emendou em mais dois frevos: o indefectível Banho de Cheiro e o hit de Amelinha (de autoria de seu ex-marido, Zé Ramalho), Frevo Mulher. Àquela altura, o público queria mais. Implorou por um bis que não pôde vir pois os horários do Rock in Rio são rígidos. Um show consagrador para a dupla e para a MPB.
Tudo funcionou. As vozes dos dois cantores se casaram bem, o repertório com ênfase em sucessos da dupla foi apropriado, a luz estava profissional e as filmagens e figuras projetadas nos telões deram um show à parte de bom gosto. A apresentação começou às 19h e foi até às 20h15, ou seja, exatamente no momento do anoitecer de sábado. E não houve quem não se emocionasse justamente no momento exato do crepúsculo do sol, com Elba entoando a brejeira De Volta pro Aconchego (Dominguinhos/ Nando Cordel), com direito a isqueiros acesos e todo mundo cantando junto. Ou quando Zé & Elba entoaram a enigmática Avôhai, com direito a telões muito bem sacados, com imagens psicodélicas. Ainda de autoria de Zé, as manjadas Vila do Sossego, Chão de Giz e Admirável Gado Novo, compostas nos anos 70, pareciam novas - de fato, são músicas ótimas, de inesgotável apelo popular - e foram cantadas em uníssono pelo público.
Mas, em grande parte, o show foi excelente por causa da presença e do carisma sempre marcantes e contagiantes de Elba Ramalho que esbanjou voz, sensualidade e ritmo para comandar a multidão. Apesar de ter cantado em duo com o primo Zé todos os números do show - à exceção da citada De Volta pro Aconchego - foi ela a responsável por puxar a turba em alguns momentos cruciais do show. No quarto número, convocou todos para um arrasta-pé de baioque (mistura de baião com rock) num medley incendiário com os dois marcos iniciais do gênero, Baião e Asa Branca (ambas de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira). Mais para o final, Elba se fantasiou com uma roupa típica do carnaval de Recife para entoar o recente frevo Leão do Norte (Lenine/ Bráulio Tavares), precedida de uma vinheta de citação ao grupo Nação Zumbi, e emendou em mais dois frevos: o indefectível Banho de Cheiro e o hit de Amelinha (de autoria de seu ex-marido, Zé Ramalho), Frevo Mulher. Àquela altura, o público queria mais. Implorou por um bis que não pôde vir pois os horários do Rock in Rio são rígidos. Um show consagrador para a dupla e para a MPB.