Elba Ramalho, a paraibana <i>workaholic</i>

Cantora lançará quatro discos em menos de cinco meses e diz que homenageará Chico Science no Rock in Rio 3

Tom Cardoso
30/11/2000
Elba Ramalho sobe hoje ao palco do Sesc Pompéia, em São Paulo (e lá fica até domingo), de olho em sua agenda, lotada de compromissos. Num espaço de cinco meses, de novembro a março, a cantora paraibana terá lançado quatro discos (um já está nas lojas, O Grande Encontro 3, com Geraldo Azevedo e o primo Zé Ramalho), feito uma turnê pelos EUA e brilhado ao lado de Zé na terceira edição do Rock in Rio. Muito trabalho? Elba diz que tira tudo de letra.

"Cumpro minha agenda com enorme tesão e disposição", diz ela, que hoje inaugura o projeto Elba 20 Anos - Ensaio Fotográfico, livro com 192 páginas com fotos tiradas por feras como Luiz Garrido e Mario Cravo Neto. Junto com a exposição, Elba fará um improvisado show com os melhores momentos de sua carreira. "É um espetáculo diferente, sem roteiro e repertório definidos. Vou contar aquilo que o público pedir e o que me der vontade na hora", conta Elba, sem esconder o desejo de interpretar algumas músicas de Dorival Caymmi, como O Dengo que a Nêga Tem .

Devota fervorosa de Nossa Senhora, Elba convocou amigos para gravar um disco em homenagem à Virgem Maria. O álbum, que contará com a participação de Chico Buarque, Gilberto Gil, Jerry Adriani, Zé Ramalho, Ney Matogrosso e Marinês, sairá pelo seu recém-inaugurado selo, Ramax, que é distribuído pela gravadora Som Livre. "O Gil colocou voz numa gravação de Gonzagão para Nossa Senhora Sertaneja. Caetano e Bethânia estão fantásticos em Nossa Senhora da Purificação e o Zé (Ramalho) deu um show cantando Nossa Senhora da Rua, do Raul Seixas", elogia Elba, que deve fazer uma prévia do disco num espetáculo em benefício ao Lar de Frei Luis, próximo dia 18, no ATL Hall (Rio), com participação de dezenas de artistas.

Rainha dos cassinos
Paralelamente a esse projeto, a paraibana vai terminando o seu próximo álbum de carreira. "Era para ser um disco só de forró, mas fui colocando alguns cocos, emboladas e baiões. Vou regravar Jackson do Pandeiro, Gonzagão e um monte de novos compositores nordestinos", adianta Elba, que está de malas prontas para Las Vegas, onde vai fazer uma série de shows em cassinos locais (em breve sai nos EUA o seu disco em parceria com Geraldo Azevedo). "Meus amigos me disseram que se eu tocar lá eles não me deixam mais sair. É a minha ascensão ao estrelato norte-americano", brinca a cantora.

Quando sobra tempo na apertada agenda, Elba vai trocando idéias e ensaiando sua participação no Rock in Rio 3, que será ao lado de Zé Ramalho. "Tenho um lado roqueiro muito forte, desde que tocava bateria. Já estou pensando em incluir no repertório algumas músicas do Led Zeppelin", empolga-se. Certa mesmo é uma homenagem no fim do espetáculo a Chico Science, com direito a um bloco de percussão pernambucano.