EMI e Time Warner desistem de fusão

Seguindo leis antitruste, Comissão Européia forçaria a venda de propriedades como a gravadora Virgin Records e a editora Warner Chappel

Vicente Tardin
05/10/2000
A Comissão Européia informou hoje que a Warner e a EMI desistiram de efetuar a fusão que planejavam. O porta-voz da entidade anunciou à imprensa que “as empresas desistiram do acordo".

A Comissão Européia, representante dos países da Europa, teria até o dia 18 de outubro para decidir se aprovaria ou não a fusão entre o Warner Brothers Music Group, da Time Warner, e o EMI Group.

Para obter a aprovação para o negócio – que reduziria para quatro o número de grandes gravadoras, teoricamente permitindo que elas dominassem coletivamente o mercado – cogitou-se até na venda da gravadora Virgin Records, da EMI, e da editora Chappell Music, da Warner.

No decorrer do processo de fusão, a Comissão Européia deu indícios de que poderia bloquear a aliança, sob a alegação de que estaria sob ameaça a competitividade na indústria fonográfica na Europa.

Esta semana as empresas tiveram um longo encontro com a Comissão na tentativa de salvar a joint venture. Um ponto importante é que está sendo acertada outra maior ainda, entre o provedor de acesso America Online e a Time Warner, que resultaria em uma empresa avaliada em US$ 135 bilhões de dólares.

Para obter o aval da Comissão sobre a joint venture, a EMI e a Warner Music chegaram a se prontificar a vender bens, reduzindo assim um pouco de suas forças.

A intenção de realizar a fusão foi anunciada em janeiro. Seria um negócio quase perfeito no mundo da música, pois reuniria uma poderosa empresa americana de mídia com o fortíssimo grupo britânico de penetração mundial.

A força da EMI em vários países é fator importante para a Warner, quando o público fora dos Estados Unidos tende a se interessar cada vez mais por artistas locais, como é o caso em países como o Brasil e o Japão.

A EMI, sendo basicamente uma gravadora, por sua vez se beneficiaria das empresas do grupo Time Warner, fortes na produção de filmes, programas de televisão e, se tudo der certo, com o poder da America Online, uma das maiores empresas de internet.

De certa forma, a fusão proposta entre EMI e Time Warner lembra o que aconteceu em 1998, quando a Seagram assumiu a Polygram. O negócio reuniu os selos MCA, Geffen e Polygram, formando uma fortíssima gravadora e resultando em milhares de demissões – e também na economia de milhões de dólares através da consolidação de operações.

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