Encontros inéditos a preços populares
Maria Bethânia canta ao lado de Alcione, Vânia Abreu, Belô Velloso e Jussara Silveira, semana que vem, no Canecão, na abertura de projeto popular de shows com grandes nomes da MPB
Rodrigo Faour
19/10/2000
Encontros inusitados e inéditos de MPB de primeira e a preços populares. Pode haver idéia melhor? Pois os cariocas poderão se deleitar com o projeto Concertos MPBr – idealizado pela produtora Conexão, com patrocínio da Petrobrás – que acontece em horário alternativo, às 19h30, no Canecão, entre os dias 24 de outubro e 14 de novembro, sempre pelo preço convidativo de R$ 10. A madrinha do projeto é Maria Bethânia, que faz os dois primeiros shows da série (nas próximas terça e quarta-feira), atuando ao lado de Alcione e três novas cantoras baianas de fora do axé music – sua sobrinha Belô Velloso, Vânia Abreu (que é irmã de Daniela Mercury) e Jussara Silveira. Outros encontros já confirmados são: Carlinhos Lyra, Miúcha, Georgiana de Moraes, Philipe e Marcel Baden Powell (no show Vivendo Vinicius, dia 26), Paralamas do Sucesso & Gilberto Gil (dia 30), Nana Caymmi, Elba Ramalho e Noeme Bastos (31), Margareth Menezes, Sandra de Sá, Cássia Eller e Daúde (1º de novembro), Toni Platão, Dado Villa-Lobos e Zero (7/11) e Paulinho Moska, Verônica Sabino e Marcos Suzano (8/11).
Animadíssimas por abrirem tal projeto – repetindo o show que realizaram recentemente em Salvador e São Paulo – Bethânia, Alcione, Vânia, Jussara e Belô falaram à imprensa no Estúdio Floresta, no Cosme Velho (RJ). "Tudo que eu possa fazer a preços populares já fico alegre, me dá uma energia nova para trabalhar", revelou a Abelha Rainha. Ela explica que esse show especificamente nasceu em outro projeto, Caixa Acústica, em Salvador. "Para fazê-lo na Bahia, quis cantar com três vozes com que eu tivesse intimidade, que conhecia através do disco e que estão no Brasil fazendo seu trabalho fora do axé music, na ala da MPB (propriamente dita). Aproveitei e convidei também Alcione, de minha geração, uma pessoa que tenho vários elos. Somos nordestinas, cantoras, mangueirenses e canta em discos meus desde 78", enumera Bethânia, referindo-se ao bolero O Meu Amor (Chico Buarque) que elas cantam juntas no LP Alibi e agora bisam nesse show. Elas também fazem dueto em Ai Ioiô (gravada no CD Celebração da Marrom, do ano retrasado) e a toada Bela Mocidade. "O primeiro disco de ouro da Alcione fui eu quem entregou", acrescenta Bethânia que também ajudou na idealização do novo CD da amiga, Nos Bares da Vida.
Felicidade sem axé
Com um sorriso largo, Bethânia explicou que convidou Belô, Vânia e Jussara porque cada uma tem um estilo "próprio, escolhido, determinado, seguro e firme". "Elas realizam o trabalho delas serenamente, com muito vigor, com um tratamento digno. Acho seus discos apurados. E tem uma felicidade na realização do serviço. Acho que o sucesso importa para qualquer pessoa que suba num palco, mas creio que muito mais importante é ter prazer em se expressar – e que isso seja feito com rigor. E acho que isso elas fazem", justifica. Sobre o fato de ter escolhido cantoras fora da axé music e de as três terem dito que respeitam a axé music, Bethânia com seu bom humor habitual rompe as cortinas do politicamente correto e brinca: "Ninguém aqui vai falar mal de axé music! Só eu", ri.
Jussara diz que Bethânia fez um belo roteiro para receber as colegas. "Isso é lindo! Ela convidou e deu o banquete", joga confete. A anfitriã explica que abrirá o show cantando cinco canções "fortes" de seu repertório, como Gita, Fera Ferida e A Bahia te Espera. "São canções que me apresentam. Acho que para eu poder apresentar as pessoas, preciso lembrar quem eu sou", enfatiza. Em seguida, ela convida Alcione, cantam juntas, depois a Marrom ataca dois números solo, acompanhada apenas por violão. Logo após, Bethânia canta mais três canções, e cada uma das três novas cantoras dá seu recado. Ao final, elas defendem canções emblemáticas de seus respectivos repertórios. Belô ataca de Toda Sexta-Feira, Vânia de Mais de Mim, e Jussara de A Dama do Cassino. Ao final, no melhor estilo Carlos Machado, todas voltam ao palco para grand finale.
Todas as cantoras sentiram-se honradas com o convite de Bethânia. "Esse momento é muito importante. A gente está fazendo o que gosta e está sendo reconhecido por isso. Se ela nos convidou para dividir o palco é porque a gente está no caminho certo", diz Belô. "O que mais me deixa feliz é ser reconhecida artisticamente por uma artista tão importante para mim e para a MPB que é Maria Bethânia e também de estar ao lado de Alcione, de quem babo o ovo mesmo. Acho que fazer MPB é sempre mais difícil e também mais fácil do que a gente imagina. Na verdade, é difícil fazer qualquer coisa no Brasil frente às desigualdades sociais que existem aqui", discursa Vânia. Já Jussara resume a emoção do trio: "É uma sorte." Ela não crê que os modismos da indústria possam derrubar trabalhos como o seu. "Para mim, a MPB sempre esteve em alta porque sempre segui minha trilha."
Para encerrar, Alcione, que nesse ano gravou um CD de clássicos da MPB e agora participa de um show diferente dos que costuma fazer, diz estar satisfeita com sua fase atual. "Recebo muitos e-mails de pessoas que me descobriram agora. Esse disco foi uma porta aberta para mim. Gosto do que eu faço mas vou continuar sendo a Alcione de sempre", avisa.
Animadíssimas por abrirem tal projeto – repetindo o show que realizaram recentemente em Salvador e São Paulo – Bethânia, Alcione, Vânia, Jussara e Belô falaram à imprensa no Estúdio Floresta, no Cosme Velho (RJ). "Tudo que eu possa fazer a preços populares já fico alegre, me dá uma energia nova para trabalhar", revelou a Abelha Rainha. Ela explica que esse show especificamente nasceu em outro projeto, Caixa Acústica, em Salvador. "Para fazê-lo na Bahia, quis cantar com três vozes com que eu tivesse intimidade, que conhecia através do disco e que estão no Brasil fazendo seu trabalho fora do axé music, na ala da MPB (propriamente dita). Aproveitei e convidei também Alcione, de minha geração, uma pessoa que tenho vários elos. Somos nordestinas, cantoras, mangueirenses e canta em discos meus desde 78", enumera Bethânia, referindo-se ao bolero O Meu Amor (Chico Buarque) que elas cantam juntas no LP Alibi e agora bisam nesse show. Elas também fazem dueto em Ai Ioiô (gravada no CD Celebração da Marrom, do ano retrasado) e a toada Bela Mocidade. "O primeiro disco de ouro da Alcione fui eu quem entregou", acrescenta Bethânia que também ajudou na idealização do novo CD da amiga, Nos Bares da Vida.
Felicidade sem axé
Com um sorriso largo, Bethânia explicou que convidou Belô, Vânia e Jussara porque cada uma tem um estilo "próprio, escolhido, determinado, seguro e firme". "Elas realizam o trabalho delas serenamente, com muito vigor, com um tratamento digno. Acho seus discos apurados. E tem uma felicidade na realização do serviço. Acho que o sucesso importa para qualquer pessoa que suba num palco, mas creio que muito mais importante é ter prazer em se expressar – e que isso seja feito com rigor. E acho que isso elas fazem", justifica. Sobre o fato de ter escolhido cantoras fora da axé music e de as três terem dito que respeitam a axé music, Bethânia com seu bom humor habitual rompe as cortinas do politicamente correto e brinca: "Ninguém aqui vai falar mal de axé music! Só eu", ri.
Jussara diz que Bethânia fez um belo roteiro para receber as colegas. "Isso é lindo! Ela convidou e deu o banquete", joga confete. A anfitriã explica que abrirá o show cantando cinco canções "fortes" de seu repertório, como Gita, Fera Ferida e A Bahia te Espera. "São canções que me apresentam. Acho que para eu poder apresentar as pessoas, preciso lembrar quem eu sou", enfatiza. Em seguida, ela convida Alcione, cantam juntas, depois a Marrom ataca dois números solo, acompanhada apenas por violão. Logo após, Bethânia canta mais três canções, e cada uma das três novas cantoras dá seu recado. Ao final, elas defendem canções emblemáticas de seus respectivos repertórios. Belô ataca de Toda Sexta-Feira, Vânia de Mais de Mim, e Jussara de A Dama do Cassino. Ao final, no melhor estilo Carlos Machado, todas voltam ao palco para grand finale.
Todas as cantoras sentiram-se honradas com o convite de Bethânia. "Esse momento é muito importante. A gente está fazendo o que gosta e está sendo reconhecido por isso. Se ela nos convidou para dividir o palco é porque a gente está no caminho certo", diz Belô. "O que mais me deixa feliz é ser reconhecida artisticamente por uma artista tão importante para mim e para a MPB que é Maria Bethânia e também de estar ao lado de Alcione, de quem babo o ovo mesmo. Acho que fazer MPB é sempre mais difícil e também mais fácil do que a gente imagina. Na verdade, é difícil fazer qualquer coisa no Brasil frente às desigualdades sociais que existem aqui", discursa Vânia. Já Jussara resume a emoção do trio: "É uma sorte." Ela não crê que os modismos da indústria possam derrubar trabalhos como o seu. "Para mim, a MPB sempre esteve em alta porque sempre segui minha trilha."
Para encerrar, Alcione, que nesse ano gravou um CD de clássicos da MPB e agora participa de um show diferente dos que costuma fazer, diz estar satisfeita com sua fase atual. "Recebo muitos e-mails de pessoas que me descobriram agora. Esse disco foi uma porta aberta para mim. Gosto do que eu faço mas vou continuar sendo a Alcione de sempre", avisa.