Enquanto o sistema seguro não vem

Vai demorar meses para ficar pronto o sistema e o modelo de negócio que está sendo desenvolvido pela Bertelsmann - enquanto isso gravadoras e Napster sofrem com custos de processos e prejuízos.

Vicente Tardin
23/02/2001
Para quem gosta de acompanhar o caso de perto: de novo o Napster e as gravadoras vão se enfrentar no tribunal, em audiência marcada para o dia 2 de março.

Estamos no seguinte ponto: o serviço ia ser interrompido, mas houve apelação e assim pôde continuar em funcionamento, até que se crie um lei mais específica que o obrigue a impedir a troca de arquivos de música sob copyright.

Prossegue o processo legal, com interessante desempenho de advogados. Mas os juízes já advertiram ao Napster que há possibilidades de indenizações de valor bem alto. Assim, antes da audiência, para embolar o meio de campo, o Napster propôs pagar um US$ 1 bilhão em cinco anos para poder manter o serviço em funcionamento.

As gravadoras disseram que a proposta é ridícula. O EMI Group, que negocia fusão com a Bertelsmann, disse que aceitaria, desde que exista um modelo de negócios convincente.

Por parte do Napster a resistência em interromper o serviço é uma estratégia para ganhar tempo, enquanto não fica pronto o sistema seguro que a Bertelsmann está construindo.

O novo sistema, por assinatura, permite fazer downloads com recolhimento de pagamento e remuneração de gravadoras e artistas.

Tal sistema estaria pronto "no meio do ano". Se aprovado, as gravadoras poderão aderir e, junto com a Bertelsmann, terão diante de si a chance incrível de construir o principal destino de compra de música digital do mundo.

Bem, isto ainda é meta e para chegar até lá presume-se que o serviço não vai mudar abruptamente – não se deve espantar o público! Junto com o serviço pago, de mais qualidade, o novo Napster poderá manter um gratuito, gerando interesse com promoções temporárias e tendo como acervo apenas músicas cujos donos concordam que sejam disponibilizadas, o que pode ser também uma base interessante.

Mas até o meio do ano é muito tempo, pois os custos são altos para todos. E é pouco tempo para o grande desafio de construir um modelo de negócio que se sustente e montar um sistema baseado em tecnologia que funcione – sendo simples para o público, fácil de usar, mesmo recolhendo devidamente os direitos dos fonogramas.

A indústria do disco está cansada do julgamento que se estica demais e consome dinheiro e energia. "Eles não estão falando em parar com o serviço ilegal, estão nos roubando e pedem que acreditemos neles", era o tom de declarações de executivos de gravadoras envolvidos no julgamento. Toda esta briga é inútil até que se apresente o novo produto, o Napster pago 2001. Vamos acompanhando.

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