Espaço livre para o Brasil no Free Jazz

Diversas vertentes de nossa música estão no festival, que começa hoje no Rio e amanhã em São Paulo

Marco Antonio Barbosa
24/10/2001
Quem comprou, comprou; quem não comprou, só pela TV. A edição 2001 do Free Jazz, a mais ambiciosa e recheada de estrelas na história do evento, começa hoje, dia 25 (no Rio) com boa parte dos ingressos esgotados. Ainda que as atenções generalizadas se concentrem sobre as atrações pop internacionais (como os roqueiros escoceses do Belle And Sebastian e o DJ inglês Fatboy Slim), há um pouco de tudo em termos de música brasileira: de eletrônica à black music, passando até por - ora essa - jazz. Para quem não conseguiu ingressos nem para a etapa carioca (de hoje ao dia 27, no Museu de Arte Moderna) nem para a paulista (de amanhã até dia 28, no Jockey Club) há o consolo de assistir pela televisão. O canal por assinatura Multishow transmite ao vivo os shows do Rio, a partir das 21h30. Para comprar e ter mais informações sobre o evento, basta acessar o site oficial do evento (www.freejazz.com.br). O fone 0800-212223 também está disponível aos interessados.

E é o mais puro som instrumental legitmamente brasileiro que tem as honras de inaugurar o palco Club do evento, na etapa carioca. É a apresentação do maestro Moacir Santos, acompanhado dos músicos que o reverenciaram no álbum Ouro Negro ouvir 30s. Músicos do quilate de Cristóvão Bastos (teclados), Mário Adnet (violão), Vittor Santos (trombone), Nailor Proveta e Zé Nogueira e Jurim Moreira e Elias Ferreira (bateria e percussão) estarão reunidos, sob a batuta atenta de Santos. No repertório, as criações orquestrais que tornaram o maestro uma lenda de nossa música. O show começa às 21h e os ingressos já estão esgotados. Em São Paulo, Santos e seus músicos se apresentam amanhã (26), à mesma hora, também com entradas esgotadas. Numa praia completamente diferente vem o DJ Mau Mau, que abre o palco Cream (dedicado à música eletrônica). O paulistano vai fazer um set misturando techno e trance, e se apresenta em São Paulo amanhã - e as entradas para a noite já esgotaram. Para hoje no Rio, ainda há ingressos.

Amanhã (dia 26) no Rio - e dia 27 em São Paulo - haverá quatro artistas brasileiros, todos bem distintos entre si. O grupo Funk Como Le Gusta faz o primeiro show da noite, no palco New Directions. O empolgante som do grupo, que dá sotaque brasileiro à música negra americana, começa às 19h, e ainda há ingressos tanto no Rio quanto em São Paulo. No palco Club, o prodígio do violão Yamandú Costa reinterpreta a tradição da música gaúcha e apresenta as canções de seu disco solo (ainda em fase de produção). Os ingressos já esgotaram nas duas etapas do festival. O Main Stage abre às 22h com a apresentação do recifense Helder Aragão, mais conhecido como DJ Dolores. Considerado revelação da nova geração do pop pernambucano, ele vai mostrar sua fusão de eletrônica e ritmos regionais. Ainda há ingressos à venda para o show nas duas cidades. No palco Cream, o rei da house Felipe Venâncio é o astro brasileiro nas pick-ups. O público também pode comprar entradas tanto para o Rio quanto para São Paulo.

A presença brasileira na última noite do Free Jazz (dia 27 no Rio e dia 28 em São Paulo) mistura nordestinidade e beats sintetizados. O Cordel do Fogo Encantado toca no palco New Directions, às 19h, mostrando sua mesmerizante fusão de poesia popular e sons oriundos do sertão pernambucano e da tradição da música indígena. Os ingressos estão esgotados para os dois shows. O palco Club, cujas entradas no Rio já acabaram (mas ainda há para o show em São Paulo), traz o grupo Curupira. Apadrinhados por Hermeto Paschoal, eles usam flauta, violino, cavaquinho e percussão para destilar influências de maracatu, reisado e baião. A gandaia se completa na tenda eletrônica Cream, com a apresentação do fera do drum'n'bass Patife. Também não há mais ingresso à venda para a discotecagem do badalado paulistano.