Fãs vibram na homenagem a Itamar Assumpção
Tributo recheado de participações ilustres em São Paulo traz de volta aos palcos o compositor, que se recupera de problemas de saúde
Carlos Calado
21/12/2000
Os ingressos esgotados na véspera já indicavam o grau de expectativa do público. Que fã perderia um tributo musical a Itamar Assumpção, com anunciadas participações de Cássia Eller, Zélia Duncan, Ná Ozzetti, Chico César, Tetê Espíndola, Arrigo Barnabé, Alzira Espíndola e banda Isca de Polícia? Era de se prever que seria um show muito especial, mas dificilmente alguém na platéia ou no palco do teatro do Sesc Pompéia, ontem à noite, imaginou que a animação seria tanta.
"Estou até desconfiado que morri na mesa de operação. Quando acordar, vou ver se estou na Terra ainda", brincou Itamar, aplaudido de pé pela platéia, que até a aparição do homenageado não tinha certeza se ele estaria presente. Afinal, o compositor e cantor paulista - visivelmente mais magro - ainda se recupera de três recentes cirurgias para extrair um tumor do intestino. Não foi à toa que, para o suposto encerramento da noite, ele escolheu sua canção Dor Elegante, cujos versos ganharam um sentido ainda mais dramático: "não me toquem nessa dor/ ela é tudo que me sobra/ sofrer vai ser a minha última obra". Pretobrás, que veio em seguida, completou o recado do autor em forma de canção: "compondo, sobrevivi/ cantar estancou meu sangue".
Antes de ouvi-lo, a platéia já tinha se deliciado com os diversos participantes da homenagem. Todos revisitaram canções de Itamar pinçadas de vários de seus álbuns, especialmente de Beleléu, Leléu, Eu, o primeiro, lançado 20 anos atrás. Sentado em uma mesa, no papel de locutor de um antigo programa policial de rádio, Arrigo Barnabé introduzia cada atração com narrações sensacionalistas, bem ao estilo de seu clássico Clara Crocodilo. Gigante Brasil, baterista da Isca de Polícia, não só cantou o funk Luzia, como ofereceu um show especial de percussão nas próprias bochechas. Ninguém melhor do que Tetê Espíndola, com seus agudos que lembram pássaros, para interpretar Adeus Pantanal. Serena, Alzira Espíndola cantou a belíssima Milágrimas (parceria de Itamar com Alice Ruiz). Ná Ozzetti aproveitou a letra de Sutil para acarinhar o parceiro: "você me seduziu desde o início, Itamar". Recebida aos gritos, Cássia Eller vociferou Fico Louco, encarando a platéia. Foi seguida por Zélia Duncan, com uma sensual versão de Beijo na Boca.
Quando tudo parecia indicar que o show estava terminando, depois de tentar escolher com os parceiros qual seria o bis, Itamar revelou à platéia a boa surpresa: "Já que vocês não vão querer sair daqui tão cedo, todos vão cantar de novo". Foi o sinal de partida para um novo show com mais de 40 minutos, que teve como clímax uma deliciosa "jam": Itamar, Ná, Zélia e Cássia, improvisando Sutil, com muita liberdade. Sem falar na aparição do esbaforido Chico César, que ainda chegou a tempo de cantar Dúvida Cruel, sua sacolejante parceria com Itamar. O homenageado fechou a noite com a esperada Nego Dito, de novo aplaudido de pé. Nem por isso perdeu a chance de uma alfinetada final: "Espero que eu não tenha que encarar outra mesa de operação para que vocês voltem aos meus shows." Não faltaram sorrisos amarelos.
"Estou até desconfiado que morri na mesa de operação. Quando acordar, vou ver se estou na Terra ainda", brincou Itamar, aplaudido de pé pela platéia, que até a aparição do homenageado não tinha certeza se ele estaria presente. Afinal, o compositor e cantor paulista - visivelmente mais magro - ainda se recupera de três recentes cirurgias para extrair um tumor do intestino. Não foi à toa que, para o suposto encerramento da noite, ele escolheu sua canção Dor Elegante, cujos versos ganharam um sentido ainda mais dramático: "não me toquem nessa dor/ ela é tudo que me sobra/ sofrer vai ser a minha última obra". Pretobrás, que veio em seguida, completou o recado do autor em forma de canção: "compondo, sobrevivi/ cantar estancou meu sangue".
Antes de ouvi-lo, a platéia já tinha se deliciado com os diversos participantes da homenagem. Todos revisitaram canções de Itamar pinçadas de vários de seus álbuns, especialmente de Beleléu, Leléu, Eu, o primeiro, lançado 20 anos atrás. Sentado em uma mesa, no papel de locutor de um antigo programa policial de rádio, Arrigo Barnabé introduzia cada atração com narrações sensacionalistas, bem ao estilo de seu clássico Clara Crocodilo. Gigante Brasil, baterista da Isca de Polícia, não só cantou o funk Luzia, como ofereceu um show especial de percussão nas próprias bochechas. Ninguém melhor do que Tetê Espíndola, com seus agudos que lembram pássaros, para interpretar Adeus Pantanal. Serena, Alzira Espíndola cantou a belíssima Milágrimas (parceria de Itamar com Alice Ruiz). Ná Ozzetti aproveitou a letra de Sutil para acarinhar o parceiro: "você me seduziu desde o início, Itamar". Recebida aos gritos, Cássia Eller vociferou Fico Louco, encarando a platéia. Foi seguida por Zélia Duncan, com uma sensual versão de Beijo na Boca.
Quando tudo parecia indicar que o show estava terminando, depois de tentar escolher com os parceiros qual seria o bis, Itamar revelou à platéia a boa surpresa: "Já que vocês não vão querer sair daqui tão cedo, todos vão cantar de novo". Foi o sinal de partida para um novo show com mais de 40 minutos, que teve como clímax uma deliciosa "jam": Itamar, Ná, Zélia e Cássia, improvisando Sutil, com muita liberdade. Sem falar na aparição do esbaforido Chico César, que ainda chegou a tempo de cantar Dúvida Cruel, sua sacolejante parceria com Itamar. O homenageado fechou a noite com a esperada Nego Dito, de novo aplaudido de pé. Nem por isso perdeu a chance de uma alfinetada final: "Espero que eu não tenha que encarar outra mesa de operação para que vocês voltem aos meus shows." Não faltaram sorrisos amarelos.