Festival com cara de Globo de Ouro
Evento promovido e organizado pela Rede Globo abriu sua primeira eliminatória ontem no Credicard Hall, em São Paulo. Três canções foram escolhidas pelos jurados, numa noite de pouca ousadia
Tom Cardoso
20/08/2000
Saiu tudo conforme o script na abertura das eliminatórias do Festival da Música Brasileira, ontem à noite, no Credicard Hall, em São Paulo. Não houve vaias, reclamações, discursos contra a platéia e muito menos violões quebrados. As três canções mais aplaudidas ganharam os votos dos jurados e se classificaram para a final (no dia 16 de setembro) do evento organizado pela Rede Globo – Tubaína, de Fernando Chuí, Estrela da Manhã, de Beto Furquim, e Xi, de Pirituba a Santo André, de Rafael Altério.
Foram poucos os momentos de empolgação do público durante toda a noite. Na verdade, a platéia só vibrou de fato quando Caetano Veloso, acompanhado de Virgínia Rodrigues, entrou no palco para cantar algumas canções enquanto os jurados escolhiam os vencedores. Até então, as manifestações a favor dos concorrentes eram apenas isoladas, promovidas por parentes e amigos, que gritavam histericamente, levantando faixas com o nome das músicas.
O único a não levar pai, mãe, tio, primo e os amigos de bar foi Walter Franco. O veterano compositor, que nos festivais dos anos 70 incendiou a platéia com suas interpretações de Cabeça (em 1972) e Canalha (em 1979), ganhou uma torcida mais espontânea, formada por 15 universitários que passaram a noite se comportando como uma torcida uniformizada de futebol, aos gritos de “Waltãooooooooo, Waltãoooooooooo...” Mas de nada adiantou a força dos estudantes. Walter, com sua interpretação de Zen, com direito até a uma cítara, tocada por Alberto Marsicano, foi o menos aplaudido pelo público. Não chegou a ser vaiado como nos festivais anteriores, mas talvez preferisse a vaia ao silêncio indiferente da platéia.
Madonna cover
A cantora carioca Renata Holly, autora e intérprete do Rap da Real, tentou de tudo para conquistar o público, mas acabou arrancando aplausos tímidos. Rebolou, fez gestos sensuais, dançou como Fernandinha Abreu (será que o coreógrafo é o mesmo?), cantou como Cindy Lauper. Ficou mais para uma Madonna cover. Jorge Vercilo (Amanheceu), Ricardo Moreno e Rubinho Ribeiro (Afrika), Vicente Barreto (Cisma), Simone Guimarães (Primeiro Olhar), Sérgio Santos (Vazante) e Rodrigo Lessa (Patifaria) não decepcionaram, mas passaram praticamente em branco diante da sonolenta platéia. Veterana dos palcos paulistanos, Virgínia Rosa segurou bem a interpretação de Vão, de Dante Ozzetti. Aplaudida, não conseguiu agradar os 11 jurados e não se classificou.
Intérprete e autor de Tubaína, Fernando Chuí mostrou personalidade ao sair-se bem das falhas de produção da organização do evento. Primeiro, como todos os candidatos que se apresentavam depois dos intervalos da Rede Globo (o evento foi transmitido ao vivo pela emissora), Fernando teve de esperar em cima do palco os intermináveis três minutos de comerciais. Sem poder falar no microfone, o candidato foi obrigado a encarar o silêncio constrangedor do público. O pior ainda estava por vir. Ao ser autorizado, enfim, pela produção, Fernando cantou as primeiras estrofes de Tubaína com o microfone desligado. Parecia um show de mímica. Falha consertada, o cantor não se acanhou e acabou fazendo a melhor apresentação da noite.
Já Mônica Salmaso, intérprete de Estrela da Manhã (de Beto Furquim) entrou no palco com o show ganho. Vencedora do Prêmio Visa de MPB deste ano e espécie de menina dos olhos da crítica musical paulistana, a cantora fez uma apresentação perfeita, garantindo o seu lugar na grande final. Fechando a primeira eliminatória, a dupla Kleber Albuquerque e Rafael Altério acabou classificando a canção Xi, de Pirituba a Santo André no grito. Mais de 30 pessoas ficaram de frente ao palco, com faixas e gritos de “Xi! Xi! Xi! Xi!”, deixando os seguranças da Globo enlouquecidos. Talvez o único momento de ousadia de uma festival ainda com cara de Globo de Ouro.
Foram poucos os momentos de empolgação do público durante toda a noite. Na verdade, a platéia só vibrou de fato quando Caetano Veloso, acompanhado de Virgínia Rodrigues, entrou no palco para cantar algumas canções enquanto os jurados escolhiam os vencedores. Até então, as manifestações a favor dos concorrentes eram apenas isoladas, promovidas por parentes e amigos, que gritavam histericamente, levantando faixas com o nome das músicas.
O único a não levar pai, mãe, tio, primo e os amigos de bar foi Walter Franco. O veterano compositor, que nos festivais dos anos 70 incendiou a platéia com suas interpretações de Cabeça (em 1972) e Canalha (em 1979), ganhou uma torcida mais espontânea, formada por 15 universitários que passaram a noite se comportando como uma torcida uniformizada de futebol, aos gritos de “Waltãooooooooo, Waltãoooooooooo...” Mas de nada adiantou a força dos estudantes. Walter, com sua interpretação de Zen, com direito até a uma cítara, tocada por Alberto Marsicano, foi o menos aplaudido pelo público. Não chegou a ser vaiado como nos festivais anteriores, mas talvez preferisse a vaia ao silêncio indiferente da platéia.
Madonna cover
A cantora carioca Renata Holly, autora e intérprete do Rap da Real, tentou de tudo para conquistar o público, mas acabou arrancando aplausos tímidos. Rebolou, fez gestos sensuais, dançou como Fernandinha Abreu (será que o coreógrafo é o mesmo?), cantou como Cindy Lauper. Ficou mais para uma Madonna cover. Jorge Vercilo (Amanheceu), Ricardo Moreno e Rubinho Ribeiro (Afrika), Vicente Barreto (Cisma), Simone Guimarães (Primeiro Olhar), Sérgio Santos (Vazante) e Rodrigo Lessa (Patifaria) não decepcionaram, mas passaram praticamente em branco diante da sonolenta platéia. Veterana dos palcos paulistanos, Virgínia Rosa segurou bem a interpretação de Vão, de Dante Ozzetti. Aplaudida, não conseguiu agradar os 11 jurados e não se classificou.
Intérprete e autor de Tubaína, Fernando Chuí mostrou personalidade ao sair-se bem das falhas de produção da organização do evento. Primeiro, como todos os candidatos que se apresentavam depois dos intervalos da Rede Globo (o evento foi transmitido ao vivo pela emissora), Fernando teve de esperar em cima do palco os intermináveis três minutos de comerciais. Sem poder falar no microfone, o candidato foi obrigado a encarar o silêncio constrangedor do público. O pior ainda estava por vir. Ao ser autorizado, enfim, pela produção, Fernando cantou as primeiras estrofes de Tubaína com o microfone desligado. Parecia um show de mímica. Falha consertada, o cantor não se acanhou e acabou fazendo a melhor apresentação da noite.
Já Mônica Salmaso, intérprete de Estrela da Manhã (de Beto Furquim) entrou no palco com o show ganho. Vencedora do Prêmio Visa de MPB deste ano e espécie de menina dos olhos da crítica musical paulistana, a cantora fez uma apresentação perfeita, garantindo o seu lugar na grande final. Fechando a primeira eliminatória, a dupla Kleber Albuquerque e Rafael Altério acabou classificando a canção Xi, de Pirituba a Santo André no grito. Mais de 30 pessoas ficaram de frente ao palco, com faixas e gritos de “Xi! Xi! Xi! Xi!”, deixando os seguranças da Globo enlouquecidos. Talvez o único momento de ousadia de uma festival ainda com cara de Globo de Ouro.