Festival de Montreux na terra da axé music
Diretor do mais importante evento de jazz do mundo quer promover uma edição em Salvador
Deborah Berlinck
16/07/2001
O Festival de Jazz de Montreux possivelmente vai para Salvador no ano que vem ou em 2003. O projeto foi confirmado oficialmente pelos organizadores e depende ainda de acertos para patrocínio. Mas já conta com o apoio entusiasta de Gilberto Gil: "Montreux é importante para levar a música brasileira ao mundo" disse Gil, que este ano completou sua oitava participação no festival, como sempre, esgotando ingressos e lotando o auditório.
A idéia surgiu do próprio diretor do festival, Claude Nobs. Se der certo, essa vai ser a primeira vez que um dos mais importantes festivais da Europa vai ao Brasil ou a um país em desenvolvimento. Montreux foi exportado pela primeira vez em 1996, para Atlanta, nos Estados Unidos, por causa das Olimpíadas. Desde então, o festival vai a Atlanta todos os anos, e já foi duas vezes para Tóquio, em 1999 e 2000.
Para Gil, trazer Montreux para o Brasil tem um significado especial. O festival, segundo ele, não apenas criou uma categoria especial para a música brasileira - a programação se divide em jazz, pop, funk e "Brasil" - como marcou sua carreira. Gil conta que quando gravou um disco ao vivo em Montreux, em 1978, ele estava vivendo "um momento complicado, cheio de dúvidas". Ele escreveu uma carta para Caetano Veloso se queixando do seu trabalho. Caetano, em resposta, o aconselhou a ouvir o disco que acabara de gravar. "Esse disco foi fundamental para minha confiança com o público. Por isso, Montreux tem uma importância fundamental na minha vida", conta.
O Brasil é parte importante da história do festival. A primeira vez em que músicos brasileiros se apresentaram em Montreux foi em 1973, na quinta edição do festival. Desde então, o sucesso das noites brasileiras não pára. Jorge Ben Jor é o recordista, com 12 apresentações. "A música brasileira em Montreux é um enorme sucesso. É uma música que fica marcada para sempre e atrai muita gente" comenta Ana Grob, uma assessora do festival.
Esse ano, o 35o. do festival, que teve nomes como Beck, Paco de Lucia, B.B. King e Van Morrison, Claude Nobs acertou novamente na fórmula trazendo para Montreux desde os grandes nomes da MPB - como João Gilberto, Gilberto Gil e Milton Nascimento e Jorge Ben Jor - até os músicos mais novos, como Bebel Gilberto, Carlinhos Brown e o grupo Skank. Resultado: três dias de auditório lotado, com ingressos esgotados dias antes e cambista na porta vendendo no negro.
João Gilberto, com um bom humor extraordinário, abriu na quinta-feira a seqüência brasileira encantando a platéia com sucessos como Doralice, Chega de Saudade, Samba de Uma Nota Só. Fez até piadinha, anunciando que ia "tomar um banho" quando pegou uma toalha para enxugar o rosto. Quase ninguém riu, e João Gilberto insistiu: "Pois é, quis fazer piada, mas ninguém entendeu".
No dia seguinte, Gilberto Gil e Milton Nascimento fizeram o público dançar cantando não só as músicas do disco que gravaram juntos, como os antigos sucessos de cada um. No sábado, um novo público, desta vez pronto para um carnaval, lotou o auditório com shortinhos minúsculos, bandeiras do Brasil e camisas do Flamengo para dançar ao som de Carlinhos Brown, Skank e Jorge Ben Jor.
Samuel, vocalista do Skank, que se apresentou em Montreux pela primeira vez este ano, não escondeu a emoção: "Há dez anos, o Claude Nobs (diretor do festival) me disse no Brasil: 'See you in Montreux' ("te vejo em Montreux"). Só que ele esqueceu de me avisar que eu ia esperar dez anos", disse. Jorge Ben Jor fechou a noite, como sempre, em grande estilo: com o show adentrando a madrugada, com platéia invadindo o palco, e Carlinhos Brown e músicos do Skank se divertindo junto.
A idéia surgiu do próprio diretor do festival, Claude Nobs. Se der certo, essa vai ser a primeira vez que um dos mais importantes festivais da Europa vai ao Brasil ou a um país em desenvolvimento. Montreux foi exportado pela primeira vez em 1996, para Atlanta, nos Estados Unidos, por causa das Olimpíadas. Desde então, o festival vai a Atlanta todos os anos, e já foi duas vezes para Tóquio, em 1999 e 2000.
Para Gil, trazer Montreux para o Brasil tem um significado especial. O festival, segundo ele, não apenas criou uma categoria especial para a música brasileira - a programação se divide em jazz, pop, funk e "Brasil" - como marcou sua carreira. Gil conta que quando gravou um disco ao vivo em Montreux, em 1978, ele estava vivendo "um momento complicado, cheio de dúvidas". Ele escreveu uma carta para Caetano Veloso se queixando do seu trabalho. Caetano, em resposta, o aconselhou a ouvir o disco que acabara de gravar. "Esse disco foi fundamental para minha confiança com o público. Por isso, Montreux tem uma importância fundamental na minha vida", conta.
O Brasil é parte importante da história do festival. A primeira vez em que músicos brasileiros se apresentaram em Montreux foi em 1973, na quinta edição do festival. Desde então, o sucesso das noites brasileiras não pára. Jorge Ben Jor é o recordista, com 12 apresentações. "A música brasileira em Montreux é um enorme sucesso. É uma música que fica marcada para sempre e atrai muita gente" comenta Ana Grob, uma assessora do festival.
Esse ano, o 35o. do festival, que teve nomes como Beck, Paco de Lucia, B.B. King e Van Morrison, Claude Nobs acertou novamente na fórmula trazendo para Montreux desde os grandes nomes da MPB - como João Gilberto, Gilberto Gil e Milton Nascimento e Jorge Ben Jor - até os músicos mais novos, como Bebel Gilberto, Carlinhos Brown e o grupo Skank. Resultado: três dias de auditório lotado, com ingressos esgotados dias antes e cambista na porta vendendo no negro.
João Gilberto, com um bom humor extraordinário, abriu na quinta-feira a seqüência brasileira encantando a platéia com sucessos como Doralice, Chega de Saudade, Samba de Uma Nota Só. Fez até piadinha, anunciando que ia "tomar um banho" quando pegou uma toalha para enxugar o rosto. Quase ninguém riu, e João Gilberto insistiu: "Pois é, quis fazer piada, mas ninguém entendeu".
No dia seguinte, Gilberto Gil e Milton Nascimento fizeram o público dançar cantando não só as músicas do disco que gravaram juntos, como os antigos sucessos de cada um. No sábado, um novo público, desta vez pronto para um carnaval, lotou o auditório com shortinhos minúsculos, bandeiras do Brasil e camisas do Flamengo para dançar ao som de Carlinhos Brown, Skank e Jorge Ben Jor.
Samuel, vocalista do Skank, que se apresentou em Montreux pela primeira vez este ano, não escondeu a emoção: "Há dez anos, o Claude Nobs (diretor do festival) me disse no Brasil: 'See you in Montreux' ("te vejo em Montreux"). Só que ele esqueceu de me avisar que eu ia esperar dez anos", disse. Jorge Ben Jor fechou a noite, como sempre, em grande estilo: com o show adentrando a madrugada, com platéia invadindo o palco, e Carlinhos Brown e músicos do Skank se divertindo junto.