Formato seguro, um dia você vai ter um

A bolha do Napster vai murchando. De forma lenta e gradual as canções mais comerciais estão sumindo, assim como o público. Só voltarão com o formato seguro e é bom você se acostumar com a idéia...

Vicente Tardin
16/03/2001
O Napster está murchando. Os filtros para o material protegido por direitos autorais já impedem mais de 60% do movimento normal. O serviço começa a perder usuários à medida que vai excluindo uma a uma das 135 mil canções indicadas pelas gravadoras.

Se há menos usuários, estes em média também estão fazendo muito menos downloads do que o normal. Segundo estimativas da Webnoize, empresa de pesquisas especializada em distribuição digital de músicas, até quarta-feira cada usuário em média mostrava 172 músicas para trocar. Hoje a média é de 71 músicas por usuário, ou seja, 59% a menos.

Gradativamente estão sumindo de vista as músicas mais conhecidas. Será que um dia estas músicas vão reaparecer no Napster?

Possivelmente, mas mediante certas condições. Só serão vistas por quem pagar uma assinatura e se as gravadoras donas destes fonogramas aceitarem a proposta da Bertelsmann de eleger o Napster uma plataforma aceitável, aprovando o formato seguro que está sendo desenvolvido.

Conseguirão chegar a um acordo? Digamos que cheguem – aí o público que ainda estiver lá estará pagando para ter o direito de fazer downloads. Mas não como antes - haverá restrições, pois será um arquivo em formato seguro. Não será possível mandar esta música pela internet para um amigo, por exemplo.

Resta saber se o público vai aceitar o formato seguro que está sendo desenvolvido ou se vai achar tudo muito chato.

Mais adiante saberemos. Por enquanto ainda não dá para afirmar se a posição da indústria do disco em defesa do formato seguro é a mais acertada. Sem este pilar não haverá controle, devem pensar estar empresas, a julgar pelo sentido de suas ações.

Já se gastou uma fortuna impressionante para impedir que outras iniciativas deslanchem tendo como base o conceito de que a música digital só pode existir em formato firmemente seguro.

Sim, existe o perigo de tudo se revelar mais tarde uma tremenda perda de tempo. Talvez seja impossível criar um formato seguro que seja usável, sem muitas restrições que incomodem. E quando existir, como ficará se for quebrado e os códigos para derrubá-lo começarem a vazar pelas comunidades?

Mas talvez as pessoas se acostumem, simplesmente. As gravadoras não aderiram plenamente à venda por download porque não confiam nos formatos seguros que estão ajudando a desenvolver. Acham que fazem pouco.

A tecnologia está sendo desenvolvida para garantir apenas a quem paga o direito de usufruir da informação, mesmo que para isso seja necessário restringir severamente o fair use do parte do consumidor. Mais do que isso, a tecnologia está sendo usada para estabelecer novos direitos para as empresas. A idéia é fazer chegar o dia em que haverá músicas que só poderão ser ouvidas por quem as comprou e livros que não poderão ser emprestados.


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