Gravadora Eldorado também lança sua série 2 em 1
Cartola, Vadico, Noel Rosa, Elton Medeiros, Leny Andrade, Sá & Guarabyra, Zé Geraldo, Thaíde & DJ Hum, Blues Etílicos e André Christovam estão entre os artistas relançados pela gravadora, na coleção Sucessos em Dobro
Carlos Calado
20/01/2001
Depois que grandes gravadoras, como a EMI, a Warner e a BMG, engordaram seus caixas graças às populares séries de CDs no formato 2 em 1, agora é a Eldorado que decide reembalar seu respeitável catálogo. Com preços médios de R$ 10 (cada CD, nos magazines) e R$ 11 (nas lojas), a série Sucessos em Dobro chega ao mercado com 26 títulos - cada um trazendo dois álbuns (originalmente LPs, em alguns casos; CDs em outros). O pacote também inclui artistas internacionais de peso, como Frank Sinatra, Jimi Hendrix, Little Richard e Chuck Berry, mas a ênfase dessa série está mesmo nos títulos de música popular brasileira.
Nem todos os volumes trazem álbuns do mesmo artista, embora tenha havido o cuidado de manter um mesmo gênero musical quando dois deles dividem um CD. Esse é o caso de seis preciosos álbuns de mestres do samba, agrupados em três volumes. Noel Rosa - Inédito e Desconhecido (de 1983), que reunia composições até então pouco conhecidas do poeta da Vila Isabel, em gravações de Caola e Conjunto Coisas Nossas, reaparece ao lado de Vadico (79), que traz belos arranjos instrumentais de Théo de Barros e Edson Alves para composições do parceiro paulista de Noel.
Cartola - Documento Inédito (79), que exibe o bamba da Mangueira interpretando e comentando oito de suas obras-primas (entre elas, Acontece e Autonomia), divide o mesmo CD com Monarco, que tem a companhia de seus parceiros da Velha Guarda da Portela, em gravações de 1980. Finalmente, Sonho de Um Sambista (79), do mangueirense Nelson Sargento, faz dobradinha com Elton Medeiros (80), que apresenta parcerias do veterano portelense com Cartola (Peito Vazio) e Paulinho da Viola (Sentimento Perdido e Vida), entre outras.
Faltam encartes originais
Para quem se importa mais com o bolso, ter acesso a seis álbuns tão preciosos por cerca de R$ 30 é sem dúvida uma bagatela. Mas os fãs mais detalhistas vão sentir falta dos encartes originais, que chegaram a ser reproduzidos na primeira edição em CD desses álbuns, em 1995. Na nova edição, literalmente econômica, os encartes originais foram reduzidos a fichas técnicas bastante sumárias, que chegam a omitir até as datas de gravação. Com isso, o consumidor perde fotos e textos informativos de autoridades no assunto, como João Máximo (no caso do álbum dedicado a Noel), Arley Pereira (Nelson Sargento) e Moacyr Andrade (Elton Medeiros).
Outro problema considerável é o das faixas que ficaram de fora, quando a duração dos dois álbuns ultrapassou 74 minutos - capacidade máxima de um CD. Isso não aconteceu no caso de LPs (como os seis citados acima), mas pode ser notado em vários volumes formados por álbuns que já nasceram no formato CD. Esse é o caso do disco do artista multimídia pernambucano Antonio Nóbrega, que reúne Na Pancada do Ganzá (96) e Madeira que Cupim Não Rói (98). Das 34 faixas que compunham esses dois álbuns, só entraram 21, o que torna esse disco uma mera compilação.
Problema semelhante acontece no volume da violeira mato-grossense Helena Meirelles, composto pelos álbuns Helena Meirelles (94) e Raiz Pantaneira (97), que perderam quatro faixas no total. Ou ainda no CD integrado por Zanzando no Chorinho (94), da pianista paulista Rosária Gatti, e Inéditos de Jacob do Bandolim, com gravações do bandolinista carioca Déo Rian e Conjunto Noites Cariocas, que ficaram sem seis faixas. Na verdade, os nomes das faixas suprimidas até são relacionados nos encartes, mas não seria mais correto avisar o consumidor logo na capa dos CDs?
A série da Eldorado é bastante eclética. Abrange desde a bossa da excelente cantora carioca Leny Andrade (nos álbuns Luz Neon e Bossa Nova, que perderam duas faixas) ao rap da dupla paulista Thaíde e DJ Hum (em O Começo 87/91 e Preste Atenção, que ficaram sem 12 faixas), passando pelo hard rock da banda paulistana Golpe de Estado (Nem Polícia, Nem Bandido, de 89, e Quarto Golpe, de 91).
Para quem prefere ritmos um pouco mais brasileiros, pode-se escolher também entre as canções e rocks rurais da dupla Sá & Guarabyra (em Vamos Por Aí e Sá & Guarabyra) ou do mineiro Zé Geraldo (em Viagens & Versos e Ninho de Sonhos). Ou ainda o pagode de Biro do Cavaco (em Essência e Minha Paz).
Há também dois volumes dedicados à série instrumental Um Piano ao Cair da Tarde. O CD que reúne as compilações Nacional Vol. II e Nacional Vol. III destaca pianistas de categoria, como Dick Farney, Amilton Godoy e Mozart Terra, entre outros, interpretando clássicos da MPB. Mais jazzístico, o CD integrado pelos álbuns Internacional Vol. 1 e Internacional Vol. 2 reúne Eliane Elias, Laércio de Freitas e Roberto Bomilcar, além de Godoy e Farney, recriando standards da canção norte-americana.
Blueseiros brasileiros
Em termos de elenco nacional, a série econômica da Eldorado oferece ainda nomes de destaque na área do blues “made in Brazil”, como a banda carioca Blues Etílicos (nos álbuns Água Mineral, de 89, e Blues Etílicos, de 91) e o guitarrista paulistano André Christovam (em A Touch of Glass e The 2120 Sessions). Já um outro volume reúne o gaitista carioca Flávio Guimarães (do Blues Etílicos, em Little Blues, de 94) com o guitarrista angolano - radicado no Brasil - Nuno Mindelis (em Texas Bound, de 95).
Enfim, a série peca por cortar faixas, encartes e fichas técnicas, mas não deixa de ser uma boa oportunidade de se levar música de qualidade para casa, gastando bem menos.
Nem todos os volumes trazem álbuns do mesmo artista, embora tenha havido o cuidado de manter um mesmo gênero musical quando dois deles dividem um CD. Esse é o caso de seis preciosos álbuns de mestres do samba, agrupados em três volumes. Noel Rosa - Inédito e Desconhecido (de 1983), que reunia composições até então pouco conhecidas do poeta da Vila Isabel, em gravações de Caola e Conjunto Coisas Nossas, reaparece ao lado de Vadico (79), que traz belos arranjos instrumentais de Théo de Barros e Edson Alves para composições do parceiro paulista de Noel.
Cartola - Documento Inédito (79), que exibe o bamba da Mangueira interpretando e comentando oito de suas obras-primas (entre elas, Acontece e Autonomia), divide o mesmo CD com Monarco, que tem a companhia de seus parceiros da Velha Guarda da Portela, em gravações de 1980. Finalmente, Sonho de Um Sambista (79), do mangueirense Nelson Sargento, faz dobradinha com Elton Medeiros (80), que apresenta parcerias do veterano portelense com Cartola (Peito Vazio) e Paulinho da Viola (Sentimento Perdido e Vida), entre outras.
Faltam encartes originais
Para quem se importa mais com o bolso, ter acesso a seis álbuns tão preciosos por cerca de R$ 30 é sem dúvida uma bagatela. Mas os fãs mais detalhistas vão sentir falta dos encartes originais, que chegaram a ser reproduzidos na primeira edição em CD desses álbuns, em 1995. Na nova edição, literalmente econômica, os encartes originais foram reduzidos a fichas técnicas bastante sumárias, que chegam a omitir até as datas de gravação. Com isso, o consumidor perde fotos e textos informativos de autoridades no assunto, como João Máximo (no caso do álbum dedicado a Noel), Arley Pereira (Nelson Sargento) e Moacyr Andrade (Elton Medeiros).
Outro problema considerável é o das faixas que ficaram de fora, quando a duração dos dois álbuns ultrapassou 74 minutos - capacidade máxima de um CD. Isso não aconteceu no caso de LPs (como os seis citados acima), mas pode ser notado em vários volumes formados por álbuns que já nasceram no formato CD. Esse é o caso do disco do artista multimídia pernambucano Antonio Nóbrega, que reúne Na Pancada do Ganzá (96) e Madeira que Cupim Não Rói (98). Das 34 faixas que compunham esses dois álbuns, só entraram 21, o que torna esse disco uma mera compilação.
Problema semelhante acontece no volume da violeira mato-grossense Helena Meirelles, composto pelos álbuns Helena Meirelles (94) e Raiz Pantaneira (97), que perderam quatro faixas no total. Ou ainda no CD integrado por Zanzando no Chorinho (94), da pianista paulista Rosária Gatti, e Inéditos de Jacob do Bandolim, com gravações do bandolinista carioca Déo Rian e Conjunto Noites Cariocas, que ficaram sem seis faixas. Na verdade, os nomes das faixas suprimidas até são relacionados nos encartes, mas não seria mais correto avisar o consumidor logo na capa dos CDs?
A série da Eldorado é bastante eclética. Abrange desde a bossa da excelente cantora carioca Leny Andrade (nos álbuns Luz Neon e Bossa Nova, que perderam duas faixas) ao rap da dupla paulista Thaíde e DJ Hum (em O Começo 87/91 e Preste Atenção, que ficaram sem 12 faixas), passando pelo hard rock da banda paulistana Golpe de Estado (Nem Polícia, Nem Bandido, de 89, e Quarto Golpe, de 91).
Para quem prefere ritmos um pouco mais brasileiros, pode-se escolher também entre as canções e rocks rurais da dupla Sá & Guarabyra (em Vamos Por Aí e Sá & Guarabyra) ou do mineiro Zé Geraldo (em Viagens & Versos e Ninho de Sonhos). Ou ainda o pagode de Biro do Cavaco (em Essência e Minha Paz).
Há também dois volumes dedicados à série instrumental Um Piano ao Cair da Tarde. O CD que reúne as compilações Nacional Vol. II e Nacional Vol. III destaca pianistas de categoria, como Dick Farney, Amilton Godoy e Mozart Terra, entre outros, interpretando clássicos da MPB. Mais jazzístico, o CD integrado pelos álbuns Internacional Vol. 1 e Internacional Vol. 2 reúne Eliane Elias, Laércio de Freitas e Roberto Bomilcar, além de Godoy e Farney, recriando standards da canção norte-americana.
Blueseiros brasileiros
Em termos de elenco nacional, a série econômica da Eldorado oferece ainda nomes de destaque na área do blues “made in Brazil”, como a banda carioca Blues Etílicos (nos álbuns Água Mineral, de 89, e Blues Etílicos, de 91) e o guitarrista paulistano André Christovam (em A Touch of Glass e The 2120 Sessions). Já um outro volume reúne o gaitista carioca Flávio Guimarães (do Blues Etílicos, em Little Blues, de 94) com o guitarrista angolano - radicado no Brasil - Nuno Mindelis (em Texas Bound, de 95).
Enfim, a série peca por cortar faixas, encartes e fichas técnicas, mas não deixa de ser uma boa oportunidade de se levar música de qualidade para casa, gastando bem menos.