Instrumental brasileiro em alta

Três bons lançamentos agitam o mercado

Antônio Carlos Miguel
29/05/2001
João Donato resolveu competir com ele mesmo e vai lançar nos próximos meses cinco discos novos para diferentes selos. Pelo que mostra no primeiro deles, Remando Na Raia (Lumiar), quem ganha com isso é a música brasileira. Bem acompanhado, o pianista e compositor recria sucessos seus e de outros mestres — de Aquarela do Brasil (Ary Barroso) a Você e Eu (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes) — e prova continuar afiado nas novas composições. O destaque entre as inéditas é o tema, cheio de balanço, que dá título ao disco, parceria com o veterano baterista Eloir de Moraes, que também participa desta e da outra faixa que divide com Donato, Gambrild.

A boa safra de discos instrumentais brasileiros é confirmada pelo CD do trompetista Barrosinho e seu grupo Maracatamba, O Sopro do Espírito (Kalimba Music). Músico que passou pelo grupo Abolição, de Dom Salvador, e depois foi um dos fundadores da Banda Black Rio, Barrosinho adiciona um sotaque carioca ao jazz. O repertório alterna temas próprios — Unção e Rio de Jauleira — standards como Something’s Gotta Give (Mercer), Caravan (Juan Tizol e Duke Ellington) e Feitio de Oração (Noel Rosa) e até Debussy, Rêverie.

Além de Donato e Barrosinho, também chega à praça o de dos irmãos violonistas Wilson Lopes (um dos vencedores do recente Prêmio PDMG-Instrumental, em Belo Horizonte) e Beto Lopes, com o CD independente Nossas Mãos- com 12 composições em tributo a Milton Nascimento. Com arranjos imaginativos, o duo dá novas conotações a Cravo e Canela, Maria Maria, Viola Violar, O Cio da Terra, Milagre dos Peixes, Cais e outras.