Ivan Lins & Vitor Martins, 30 anos de parceria
O cantor festeja três décadas de camaradagem criativa com show especial que vai virar um DVD ao vivo
Mônica Loureiro
13/01/2004
Durante as três próximas semanas, o Teatro Rival BR (RJ) vai ser palco de uma comemoração especial. O cantor e compositor Ivan Lins apresenta o show Abre-alas, que marca os 30 anos de sua parceria com Vitor Martins. O nome do espetáculo remete à música número um da dupla, que somou, nesse tempo de amizade, mais de 300 composições. "Devo ter gravado umas 290, umas 20 foram gravadas por outros", contabiliza Ivan.
Do tempo em que se conheceram até hoje, a amizade permanece inabalada, apesar de uma interrupção na parceria no final dos anos 90, quando os dois desfizeram a sociedade na gravadora Velas. "Nossa amizade tem raízes profundas. Não estamos ligados apenas pela música, mas sim pela afetividade, pelo respeito e pelo companheirismo. Nos conhecemos num período brabo, de ditadura, quando éramos vistos como comunistas por nossas posições humanistas", lembra o cantor. Ele diz que a separação foi dolorosa, e encara hoje seu envolvimento com a gravadora como uma aventura, baseado em coisas materiais. "A profundidade da relação vai muito além disso. Essa retomada foi muito boa para nós dois, falar uma outra linguagem sem ser a dos negócios", explica.
Ivan elabora mais sobre a relação com o parceiro. "Vitor apareceu em um momento em que minha carreira parecia um barco sem comandante, eu não sabia pra onde eu ia com minhas músicas. Ele pôs ordem, deu um sentido filosófico. Eu estava em crise como cantor e busca de uma identidade literária. Melodia, sempre fiz bem, sempre tive o cuidado de fazer bonito", lembra ele sobre o início do relacionamento com Martins.
O show é, logicamente, composto exclusivamente por parcerias de Ivan e Vitor. Vitoriosa, Iluminados, Vieste, Ai Ai Ai Ai Ai Ai, Lembra de Mim, Lua Soberana, Começar de Novo, Desesperar Jamais e , Aos Nossos Filhos são algumas dentre as 30 selecionadas. "Eram 35 à princípio... Eu embarco nas coisas como se tivesse 30 anos! E eu vou fazer 60, em 2005... Não dá, né?", brinca. Quanto às novas parcerias, ele vai cantar Voar. "Vitor já está trabalhando em mais quatro músicas, mas ele normalmente demora....", avisa. "Algumas, como Cartomante, ele fez em 10 minutos. Mas normalmente é lento."
Como tantas outras composições da dupla, algumas das canções citadas tornaram-se sucessos nacionais com a ajudinha da TV Globo; a dupla Ivan/Vitor é uma das campeãs de participação nas trilhas sonoras das telenovelas da emissora. Ivan reconhece o débito. "(A Globo) sempre ajudou. É uma constante na minha carreira, aliás talvez eu, como compositor, tenha sido o que mais participou de trilhas no século passado (risos). Enquanto Boni era da Globo, eu e Tom Jobim fomos os que mais tinham músicas em novela. Devo até um agradecimento a ele, ele confiava muito no meu trabalho".
Ivan faz questão de dizer que gosta do Rival porque é popular e tem mais a ver com seu estilo. "Tem uma cara de anos 70, quando a gente se apresentava em teatrinhos apertados, em universidades, com o público bem próximo", compara. Abre-alas vai passar pelas principais capitais brasileiras depois da temporada no Rival e deve resultar também em um DVD. "Não dá para gravar no Rival porque não há muitas opções para as câmeras. Queria mesmo fazer no teatro da Uerj, que é um espaço maravilhoso e mal aproveitado. Eu gravei lá um programa para o Multishow, na época do A Cor do Pôr do Sol e ficou ótimo. Aliás, esse deve sair em DVD também", elogia.
Para 2004, Ivan não promete disco novo. Ainda mais se um projeto com a cantora Simone sair do papel. "Seria um disco com músicas minhas, mas ainda não está confirmado. A idéia é fazer tipo Tom e Elis, eu tocando para dar a minha cara às músicas, não deixando por conta dos arranjadores", pondera. E como Ivan analisa a crise do mercado fonográfico, ele que foi diretamente afetado (sua última gravadora, a Abril Music, faliu no começo do ano passado)? "O nível das músicas caiu de maneira em geral. Não por falta de quem esteja fazendo boas coisas, mas por causa das gravadoras, que acabaram bebendo do próprio veneno fazendo coisas de baixa qualidade."
No exterior, Ivan diz que há turnês previstas no Japão, Estados Unidos e Europa a partir de maio, mas nada ainda datado. O cantor festeja sua posição atual no mercado norte-americano. "Quando me apresento por lá, em casas como o Blue Note, todo ano, levo CDs para vender. Sempre vende tudo e nos últimos shows nem tem mais. As pessoas buscam principalmente os mais recentes, que ainda não foram lançados lá. Até as gravadoras independentes põem suas banquinhas e vendem...". Ainda assim, há a batalha para conseguir firmar-se tocando música brasileira sem "exotismos" e clichês. "Há uma certa 'música brasileira' divulgada nos EUA que é feita para americano gostar. Meus discos gravados no Brasil não vendem bem lá. Os que eu fiz lá têm resultado melhor. O mercado americano é muito forte, eles impõem e interferem em todo comportamento do planeta. Mas quando a gente faz ao vivo, não há adaptações, nada para agradar mais. São dois mercados distintos, o de espetáculos e o radiofônico", explica o cantor.
Do tempo em que se conheceram até hoje, a amizade permanece inabalada, apesar de uma interrupção na parceria no final dos anos 90, quando os dois desfizeram a sociedade na gravadora Velas. "Nossa amizade tem raízes profundas. Não estamos ligados apenas pela música, mas sim pela afetividade, pelo respeito e pelo companheirismo. Nos conhecemos num período brabo, de ditadura, quando éramos vistos como comunistas por nossas posições humanistas", lembra o cantor. Ele diz que a separação foi dolorosa, e encara hoje seu envolvimento com a gravadora como uma aventura, baseado em coisas materiais. "A profundidade da relação vai muito além disso. Essa retomada foi muito boa para nós dois, falar uma outra linguagem sem ser a dos negócios", explica.
Ivan elabora mais sobre a relação com o parceiro. "Vitor apareceu em um momento em que minha carreira parecia um barco sem comandante, eu não sabia pra onde eu ia com minhas músicas. Ele pôs ordem, deu um sentido filosófico. Eu estava em crise como cantor e busca de uma identidade literária. Melodia, sempre fiz bem, sempre tive o cuidado de fazer bonito", lembra ele sobre o início do relacionamento com Martins.
O show é, logicamente, composto exclusivamente por parcerias de Ivan e Vitor. Vitoriosa, Iluminados, Vieste, Ai Ai Ai Ai Ai Ai, Lembra de Mim, Lua Soberana, Começar de Novo, Desesperar Jamais e , Aos Nossos Filhos são algumas dentre as 30 selecionadas. "Eram 35 à princípio... Eu embarco nas coisas como se tivesse 30 anos! E eu vou fazer 60, em 2005... Não dá, né?", brinca. Quanto às novas parcerias, ele vai cantar Voar. "Vitor já está trabalhando em mais quatro músicas, mas ele normalmente demora....", avisa. "Algumas, como Cartomante, ele fez em 10 minutos. Mas normalmente é lento."
Como tantas outras composições da dupla, algumas das canções citadas tornaram-se sucessos nacionais com a ajudinha da TV Globo; a dupla Ivan/Vitor é uma das campeãs de participação nas trilhas sonoras das telenovelas da emissora. Ivan reconhece o débito. "(A Globo) sempre ajudou. É uma constante na minha carreira, aliás talvez eu, como compositor, tenha sido o que mais participou de trilhas no século passado (risos). Enquanto Boni era da Globo, eu e Tom Jobim fomos os que mais tinham músicas em novela. Devo até um agradecimento a ele, ele confiava muito no meu trabalho".
Ivan faz questão de dizer que gosta do Rival porque é popular e tem mais a ver com seu estilo. "Tem uma cara de anos 70, quando a gente se apresentava em teatrinhos apertados, em universidades, com o público bem próximo", compara. Abre-alas vai passar pelas principais capitais brasileiras depois da temporada no Rival e deve resultar também em um DVD. "Não dá para gravar no Rival porque não há muitas opções para as câmeras. Queria mesmo fazer no teatro da Uerj, que é um espaço maravilhoso e mal aproveitado. Eu gravei lá um programa para o Multishow, na época do A Cor do Pôr do Sol e ficou ótimo. Aliás, esse deve sair em DVD também", elogia.
Para 2004, Ivan não promete disco novo. Ainda mais se um projeto com a cantora Simone sair do papel. "Seria um disco com músicas minhas, mas ainda não está confirmado. A idéia é fazer tipo Tom e Elis, eu tocando para dar a minha cara às músicas, não deixando por conta dos arranjadores", pondera. E como Ivan analisa a crise do mercado fonográfico, ele que foi diretamente afetado (sua última gravadora, a Abril Music, faliu no começo do ano passado)? "O nível das músicas caiu de maneira em geral. Não por falta de quem esteja fazendo boas coisas, mas por causa das gravadoras, que acabaram bebendo do próprio veneno fazendo coisas de baixa qualidade."
No exterior, Ivan diz que há turnês previstas no Japão, Estados Unidos e Europa a partir de maio, mas nada ainda datado. O cantor festeja sua posição atual no mercado norte-americano. "Quando me apresento por lá, em casas como o Blue Note, todo ano, levo CDs para vender. Sempre vende tudo e nos últimos shows nem tem mais. As pessoas buscam principalmente os mais recentes, que ainda não foram lançados lá. Até as gravadoras independentes põem suas banquinhas e vendem...". Ainda assim, há a batalha para conseguir firmar-se tocando música brasileira sem "exotismos" e clichês. "Há uma certa 'música brasileira' divulgada nos EUA que é feita para americano gostar. Meus discos gravados no Brasil não vendem bem lá. Os que eu fiz lá têm resultado melhor. O mercado americano é muito forte, eles impõem e interferem em todo comportamento do planeta. Mas quando a gente faz ao vivo, não há adaptações, nada para agradar mais. São dois mercados distintos, o de espetáculos e o radiofônico", explica o cantor.