Jerry Espíndola aposta no impacto da polca-rock
O cantor e compositor, irmão de Tetê e Alzira Espíndola, pretende agitar o pop brasileiro com um novo movimento, calcado na fusão de ritmos regionais mato-grossenses com a energia do rock
Carlos Calado
31/03/2001
Caçula da família musical mais conhecida de Mato Grosso do Sul, o cantor e compositor Jerry Espíndola está articulando um inusitado movimento. Juntou sua experiência nas praias do rock e do pop (fez parte da alternativa banda paulistana Os Incontroláveis entre 1983 e 1990) com influências da música sertaneja de sua terra e chegou à polca-rock, fusão rítmica com a qual pretende lançar uma nova corrente no pop brasileiro. “O plano agora é conseguir uma gravadora para produzir o primeiro disco de nossa banda, a Brasil Central. Sabemos que, se formos ouvidos pelas pessoas certas, pode dar certo”, disse o músico mato-grossense a CliqueMusic, logo após a vigorosa apresentação que fez no Sesc Pompéia, em São Paulo, nesta semana.
No show, que voltará a ser apresentado dia 4 de abril, em Niterói (no bar Nó de Madeira) e dia 10, em São Paulo (no Blen Blen Club), Jerry e a banda Brasil Central exibem algumas polcas-rocks, como Colisão (parceria do cantor com Ciro Pinheiro), Seu Site (composição coletiva da banda) e Redial (parceria de Jerry com o tecladista Adriano Magoo), além de divertidos arranjos de Aquele Grandão (de Mário Manga, já gravada por Cássia Eller) e Condição, de Lulu Santos, que ainda não conhece a nova versão de sua canção, em ritmo mato-grossense. “Estamos loucos para que ele ouça esse arranjo”, diz Jerry. Já a canção Não Deixe o Mar Entre Nós Dois (parceria com Rodrigo Teixeira) é uma polca com harmonia semelhante à da bossa nova, que pretende inaugurar outra vertente do planejado movimento: a polca-bossa.
Para ouvidos de quem nasceu e cresceu no eixo Rio-São Paulo, a primeira reação à polca-rock é de estranhamento. A causa está no fato de a polca mato-grossense ser baseada num ritmo ternário, como é o caso da guarânia, diferentemente do samba, que é binário. “A polca é sempre o auge da festa em Mato Grosso do Sul. É uma música folclórica, de origem paraguaia, bem mais rápida que a guarânia”, define o compositor. “Eu e meus irmãos crescemos ouvindo serenatas, com trios paraguaios tocando nas janelas. Quando o Geraldo (Espíndola) começou a compor, naturalmente fez músicas com a influência paraguaia”, conta.
Jerry recorda que a fusão da polca mato-grossense com a música pop, que teve como pioneiros Geraldo Espíndola e Paulo Simões, também já estava presente no primeiro disco de membros de sua família: Tetê e o Lírio Selvagem, lançado em 1978, pela Philips. “Meus irmãos Tetê, Alzira, Geraldo e Celito já traziam a levada da polca. Quando o grupo se separou, Geraldo e Celito voltaram para Campo Grande e fizeram alguma coisa no sentido da polca-rock, mas com uma referência diferente”, diz Jerry, comparando sua pegada, bem mais roqueira e pesada, com a dos irmãos, mais ligados à tradição da MPB. Outro músico mato-grossense que também fez experiências recentes nesse gênero, mas com uma visão bem menos urbana, é Geraldo Roca.
A primeira composição de Jerry na linha da polca-rock é Colisão, que ele e Ciro Pinheiro, outro integrante dos Incontroláveis, fizeram em 1985. O mato-grossense, hoje com 36 anos, diz que tentou desenvolver essa experiência quando ainda vivia em São Paulo, na década de 80, mas encontrou dificuldades. “É muito difícil para um músico paulista, principalmente um ritmista, tocar a polca. Quando saí dos Incontroláveis, tentei colocar Colisão em shows, mas os bateristas não conseguiam pegar o ritmo”, diverte-se. Já morando novamente em Campo Grande (MS), depois de se apresentar alguns anos ao lado das irmãs Tetê e Alzira, Jerry iniciou em 1996 o trabalho que desembocou em seu primeiro CD solo, o independente Pop Pantanal, gravado no período 1998-1999 e lançado em julho de 2000. Entre várias canções pop, aparece finalmente a pioneira Colisão, única polca-rock do álbum.
Segundo Jerry, o que mais o incentivou a seguir nessa linha foi a reação do compositor carioca Paulinho Moska ao ouvir Colisão, no ano passado. “Ele ficou impressionado. Disse que esse é o nosso diferencial na praia pop, que tem mil bandas fazendo coisas parecidas. Isso abriu a minha cabeça”, admite. Jerry começou então a procurar outros músicos e antigos parceiros, decidido a deflagrar uma espécie de movimento. “Conversei com o Rodrigo (Teixeira), que mora no Rio. Depois disso, ele já gravou sete músicas nessa linha. Também liguei para o Caio (Inácio), que vive em São Paulo, e ele ficou animado. Não sei se outros compositores vão ter bala na agulha para fazer polca-rock, como já fazemos na Brasil Central, mas estamos decididos a instigar esse movimento”, avisa o cantor e compositor mato-grossense.
Além de Jerry Espíndola (nos vocais e guitarra), a banda Brasil Central é formada por Adriano Magoo (teclados e vocais), Luciano de Sá (baixo elétrico), Toninho Porto (percussão e guitarra) e Sandro Moreno (bateria e vocais). O show em São Paulo, no dia 10, vai incluir também participações do cantor Carlos Navas e da cantora Iara Rennó.
No show, que voltará a ser apresentado dia 4 de abril, em Niterói (no bar Nó de Madeira) e dia 10, em São Paulo (no Blen Blen Club), Jerry e a banda Brasil Central exibem algumas polcas-rocks, como Colisão (parceria do cantor com Ciro Pinheiro), Seu Site (composição coletiva da banda) e Redial (parceria de Jerry com o tecladista Adriano Magoo), além de divertidos arranjos de Aquele Grandão (de Mário Manga, já gravada por Cássia Eller) e Condição, de Lulu Santos, que ainda não conhece a nova versão de sua canção, em ritmo mato-grossense. “Estamos loucos para que ele ouça esse arranjo”, diz Jerry. Já a canção Não Deixe o Mar Entre Nós Dois (parceria com Rodrigo Teixeira) é uma polca com harmonia semelhante à da bossa nova, que pretende inaugurar outra vertente do planejado movimento: a polca-bossa.
Para ouvidos de quem nasceu e cresceu no eixo Rio-São Paulo, a primeira reação à polca-rock é de estranhamento. A causa está no fato de a polca mato-grossense ser baseada num ritmo ternário, como é o caso da guarânia, diferentemente do samba, que é binário. “A polca é sempre o auge da festa em Mato Grosso do Sul. É uma música folclórica, de origem paraguaia, bem mais rápida que a guarânia”, define o compositor. “Eu e meus irmãos crescemos ouvindo serenatas, com trios paraguaios tocando nas janelas. Quando o Geraldo (Espíndola) começou a compor, naturalmente fez músicas com a influência paraguaia”, conta.
Jerry recorda que a fusão da polca mato-grossense com a música pop, que teve como pioneiros Geraldo Espíndola e Paulo Simões, também já estava presente no primeiro disco de membros de sua família: Tetê e o Lírio Selvagem, lançado em 1978, pela Philips. “Meus irmãos Tetê, Alzira, Geraldo e Celito já traziam a levada da polca. Quando o grupo se separou, Geraldo e Celito voltaram para Campo Grande e fizeram alguma coisa no sentido da polca-rock, mas com uma referência diferente”, diz Jerry, comparando sua pegada, bem mais roqueira e pesada, com a dos irmãos, mais ligados à tradição da MPB. Outro músico mato-grossense que também fez experiências recentes nesse gênero, mas com uma visão bem menos urbana, é Geraldo Roca.
A primeira composição de Jerry na linha da polca-rock é Colisão, que ele e Ciro Pinheiro, outro integrante dos Incontroláveis, fizeram em 1985. O mato-grossense, hoje com 36 anos, diz que tentou desenvolver essa experiência quando ainda vivia em São Paulo, na década de 80, mas encontrou dificuldades. “É muito difícil para um músico paulista, principalmente um ritmista, tocar a polca. Quando saí dos Incontroláveis, tentei colocar Colisão em shows, mas os bateristas não conseguiam pegar o ritmo”, diverte-se. Já morando novamente em Campo Grande (MS), depois de se apresentar alguns anos ao lado das irmãs Tetê e Alzira, Jerry iniciou em 1996 o trabalho que desembocou em seu primeiro CD solo, o independente Pop Pantanal, gravado no período 1998-1999 e lançado em julho de 2000. Entre várias canções pop, aparece finalmente a pioneira Colisão, única polca-rock do álbum.
Segundo Jerry, o que mais o incentivou a seguir nessa linha foi a reação do compositor carioca Paulinho Moska ao ouvir Colisão, no ano passado. “Ele ficou impressionado. Disse que esse é o nosso diferencial na praia pop, que tem mil bandas fazendo coisas parecidas. Isso abriu a minha cabeça”, admite. Jerry começou então a procurar outros músicos e antigos parceiros, decidido a deflagrar uma espécie de movimento. “Conversei com o Rodrigo (Teixeira), que mora no Rio. Depois disso, ele já gravou sete músicas nessa linha. Também liguei para o Caio (Inácio), que vive em São Paulo, e ele ficou animado. Não sei se outros compositores vão ter bala na agulha para fazer polca-rock, como já fazemos na Brasil Central, mas estamos decididos a instigar esse movimento”, avisa o cantor e compositor mato-grossense.
Além de Jerry Espíndola (nos vocais e guitarra), a banda Brasil Central é formada por Adriano Magoo (teclados e vocais), Luciano de Sá (baixo elétrico), Toninho Porto (percussão e guitarra) e Sandro Moreno (bateria e vocais). O show em São Paulo, no dia 10, vai incluir também participações do cantor Carlos Navas e da cantora Iara Rennó.