Jota Quest: muitos convidados e expectativas

"Vamos vender mais de dois milhões de cópias", diz a banda mineira sobre Oxigênio, álbum com as participações de Zé Ramalho, Milton Nascimento e Ed Motta, que chega às lojas na sexta-feira

Tom Cardoso
11/07/2000
Numa entrevista coletiva concedida segunda-feira à tarde num flat em São Paulo, os mineiros do Jota Quest anunciaram o lançamento de Oxigênio, terceiro disco da banda, que chega às lojas na próxima sexta-feira com 400 mil cópias já compradas pelos lojistas. Atual menina dos olhos da Sony Music (há tempo ele superou os conterrâneos do Skank na preferência da gravadora), o grupo prepara uma grandiosa turnê pelo país, que deve estrear ainda este mês no interior de São Paulo.

"Somos o Robin Hood do rock nacional. Roubamos dos ricos para dar aos pobres", brincou o baixista PJ, referindo-se a parceria da banda com patrocinadores de peso, entre eles um portal de Internet e uma empresa multinacional de refrigerantes. "Com esse respaldo financeiro podemos montar a mesma estrutura tanto numa grande capital como numa pequena cidade do interior do país. As duplas sertanejas já fazem isso há um bom tempo. No rock nacional, somos os pioneiros", completa PJ.

Convidados de todos os estilos é que não faltam no novo disco do grupo. Zé Ramalho surge dividindo os vocais com Rogério Flausino em Oxigênio. Milton Nascimento dá uma canja em Voz em Desses Tantos Modos. Há ainda a discreta participação de Ed Motta, assinando os arranjos para metais, junto com o trompetista Jessé Sadoc, na faixa Um Raio Laser, aquela mesmo, que fez sucesso na voz de Baby e Pepeu há mais de uma década.

Até Carlinhos Brown entrou na roda do Jota Quest. Ele cedeu parte da letra de Uma Breve História, que foi completada por Rogério Flausino e pelo guitarrista Marco Túlio. Já Nando Reis, agora curtindo férias dos Titãs, presenteou a banda com A Minha Gratidão É Uma Pessoa. "Ele cantou essa música na nossa secretária eletrônica, achava que era a nossa cara. E, de fato, é", conta Marco Túlio.

Irmão Coruja
Muita gente estranhou a falta no disco de Wilson Sideral, autor, ao lado de seu irmão, Rogério Flausino, de Fácil, até hoje o maior hit da banda. "O Sideral tá milionário..", brincou PJ. Flausino, sério, explicou os motivos da ausência: "Ele tem dezenas de canções prontas, mas a gente queria, para o bem dele, desvincular seu trabalho do nosso. Ele é um cantor extraordinário, um exímio guitarrista, está preparando um disco sensacional", diz Flausino, enchendo de elogios o irmão caçula.

Rogério Flausino e companhia não têm receio de serem rotulados como uma banda pop. "A gente surgiu como um grupo de black music. Éramos até ridicularizados por isso. Diziam: mineiros brancos tocando música de preto! Isso não vai dar certo", lembra o vocalista. "Hoje a nossa influência de black music ainda existe, mas é mais sutil. Crescemos ouvindo de tudo e isso reflete diretamente no nosso trabalho. Adoramos ser pop, por isso fazemos sucesso", diz Flausino. "Vamos vender mais de 2 milhões de discos", garante PJ.