Jota Quest: o sucesso num feixe de raio laser

Banda mineira estréia sexta-feira no ATL Hall (Rio) o show com o qual promete causar impacto visual inédito em termos de pop brasileiro

Silvio Essinger
27/09/2000
É a hora da verdade para o Jota Quest. Na próxima sexta-feira, dia 29, a banda mineira estréia no Rio, com abertura da banda baiana Penélope, a versão completa do show de seu novo disco, Oxigênio, lançado dois meses atrás. Graças a um investimento de 300 mil dólares – dinheiro que vem em boa parte de patrocínios do refrigerante Fanta e do provedor de Internet Super11.Net – o Jota cai na estrada com uma estrutura de grandiosidade ainda não vista em termos de pop nacional (esqueça RPM e o Rádio Pirata). Um palco com iluminação importada da Dinamarca (incluindo 50 moving lights), uma enorme estrutura metálica (a mesma do clipe da música Oxigênio), projetores de vídeo e até uma inacreditável luva de raio laser que o vocalista Rogério Flausino usará durante a música Um Raio Laser, sucesso de Pepeu Gomes e Baby Consuelo, regravado pela banda no novo disco. "Eu usava também umas baquetas de raio laser, mas tivemos problemas – elas quebram", conta por telefone o baterista Paulinho Fonseca, desconsolado, à beira da piscina do Club Med, em Itaparica (Bahia), onde os músicos recarregam as baterias para continuar a turnê.

"A gente testou bastante o formato do show", diz Paulinho (a banda já passou pelo Sul e pelo interior de São Paulo com o espetáculo de Oxigênio). "Agora, o repertório está formatado. Levaremos para o Rio também as projeções de vídeo e o restante da iluminação (que é de Deni Nolan, o mesmo que cuida da luz do mais novo show de Marisa Monte)." Até o show de São Paulo, no Olympia (na segunda quinzena de novembro), acrescenta o baterista, eles devem poder contar com uma máquina que emite raio laser de várias cores. Quanto à música, o Jota Quest deve fazer sua habitual uma hora e meia de show (não contando o bis), reunindo oito músicas de seu novo disco e sucessos como Encontrar Alguém, As Dores do Mundo, Fácil, Sempre Assim, entre outros. É neles que a banda deve se escorar, já que as músicas de Oxigênio ainda estão tendo dificuldades em freqüentar os primeiros lugares das paradas, hoje ocupados pelo grupo teen KLB, Marisa Monte e o velho Skank, com sua Balada do Amor Inabalável.

Os planos do Jota Quest são de fazer, até 2002, cerca de 290 shows de Oxigênio. Na turnê do disco anterior, De Volta ao Planeta eles fizeram nada menos que 256, acabando por ganhar a fama de workaholics do pop nacional. Com tanta parafernália pra carregar de lá para cá, hoje eles contam com uma produção com 28 pessoas (mais as que eles recrutam em cada lugar). O equipamento vai sempre numa carreta, já que é muito pesado para seguir de avião. A banda vai num ônibus, exceto quando tem que estar antes nos lugares para fazer divulgação – aí vai mesmo de avião. Para Paulinho, o esforço, que se prolongará por mais dois anos, vale a pena: "O showbiz brasileiro precisava disso. Nenhuma banda pop ainda tinha investido em um espetáculo grandioso."

O baterista conta que a relação do Jota Quest com a marca de refrigerantes que o patrocina é "tranqüila": "Ela não interfere em nada na parte artística. E o palco da banda é da banda. Não iríamos entrar nele com garrafas de Fanta." Dependendo da produção local, alguns cartazes de propaganda do refrigerante são pregados nos locais dos shows. "A gente só toma cuidado para não ser uma coisa agressiva", diz. Os mineiros retribuem o patrocínio participando de campanhas publicitárias, gravando jingles e fazendo o Papo Fanta, projeto que consiste em visitas a colégios de cada capital em que se apresentam. "A gente faz um acústico e troca uma idéia com os estudantes – fala sobre drogas, sobre como é o showbiz etc.", explica Paulinho.