Katia B apresenta o seu pop mântrico e eletrônico

Em show no Rio, cantora que participou do espetáculo Básico Instinto, de Fausto Fawcett, aproveita para divulgar o lançamento, pela Net Records, de seu primeiro disco solo

Silvio Essinger
15/03/2001
É um relançamento com gosto de lançamento. Katia B amostras de 30s, primeiro disco solo da cantora carioca Katia Bronstein, já tinha sido posto no mercado no ano passado, de forma independente, pela Vulkana Music. Agora, ele ganha uma nova edição, pela Net Records, que se encarregou de fazer o trabalho de distribuição que faltou na primeira prensagem. O disquinho da Net vem com duas faixas extras: a versão de A Rã (João Donato/Caetano Veloso) e o Na Lagoa Dub, feito pelo DJ Lúcio K. No entanto, acabou ficando de fora, por uma questão de alto custo de direitos autorais, a leitura eletrônica de Tuareg (Jorge Ben Jor), que tinha saído na primeira edição.

Mas não há de ser nada: essa música, junto com as do CD e outras como Segredos (que Katia cantou em São Paulo Confesssions amostras de 30s, disco do falecido produtor Suba, que mixou Katia B), Je Dance (sucesso de Brigitte Bardot) e And I Love Her (Beatles) estarão no show que ela apresenta sexta e sábado, às 21h30, no projeto Café MPB, do Teatro Café Pequeno (RJ). O número de abertura será feito pela cantora e compositora niteroiense Kali C.

No espetáculo, Katia conta com alguns dos músicos que participaram do disco, gravado entre janeiro e novembro de 1998: o tecladista Marcos Cunha e o baixista Plínio Gomes (que a ajudaram a produzir o CD), o guitarrista Gustavo Corsi (que veio dos Picassos Falsos e hoje está também na banda de Marina Lima) e o baterista David Cole (que também dispara os samples). Com um pop repleto de sonoridades eletrônicas, organizadas em camadas, e melodias mântricas, Katia B foi feito em parte no estúdio caseiro da cantora.

Algumas músicas, como Diva, ela mesma compôs. Outras foram escritas em parceria, como Beijos de Beco (com Fausto Fawcett e Laufer), Risos e Chá (com Marcos Cunha e Suely Mesquita), Pólos (com Matilda Kóvak) e Nem Aí (com Arícia Mess). Tem também as que foram pedidas a amigos, como Framboesas (de Alvin L) e as que ganhou de presente, como a bela Noites de Sol, Dias de Lua, de Herbert Vianna.

Em seu trabalho de produtora, Katia diz procurar, mais do que tudo, as texturas sonoras - ela chama a atenção no disco para o climático trabalho de teclados de Marcos Cunha (que, originalmente, é baixista). Mixado no estúdio de Roberto Frejat, líder do Barão Vermelho, Katia B não teve nenhum grande sucesso em sua primeira prensagem. O que deu mais um tempo à cantora para preparar novas faixas, como A Rã, que acabou sendo mixada no estúdio Nas Nuvens, do produtor Liminha, e incluída na nova edição. "Queria uma música brasileira com uma sensação mântrica", conta Katia, justificando a escolha. A faixa foi escolhida para sonorizar o primeiro clipe do disco, dirigido por Giovana Hallack, Mônica Almeida e Zoy Anastassakis, com antigas imagens da família de Katia, filmadas em super-oito.

Casal Unibanco
A música começou cedo para a cantora. Sua mãe cantava com Egberto Gismonti e pôs a filha, ainda criança, no coro regido por Jaques Morelenbaum. Mais tarde, Katia enveredou pelo teatro e, no começo dos anos 80, fazia parte da turma que não saía do Circo Voador, quando ele ainda estava sediado no Arpoador. Seus maiores amigos nessa época eram Cazuza e Bebel Gilberto. "Bebel é a minha grande inspiração para cantar, aprendi com ela a ter suavidade", conta. Depois, Katia integrou o elenco de A Chorus Line, em São Paulo, e os de diversos outros musicais. "A música sempre foi o que me moveu", revela. Ela ainda fez com a atriz Stella Miranda a dupla musical Xicotinho & Salto Alto, e, com o falecido ator Felipe Pinheiro, gravou os primeiros filmes publicitários do casal Unibanco.

Em meados dos anos 90, Katia esbarrou em Fausto Fawcett, que montava o show Básico Instinto, com um misto de meninas sensuais e músicos de bandas famosas. Eram eles João Barone (baterista dos Paralamas, que acabaria se tornando marido da cantora), Dé (ex-baixista do Barão Vermelho) e Dado Villa-Lobos (guitarrista da Legião). "Foi quando eu entrei mais no mundo do rock'n'roll", conta. Do grupo de meninas (do qual fazia parte a inesquecível Regininha Poltergeist), Katia era aquela que cantava. No CD Básico Instinto, sua voz pode ser ouvida nas faixas Katia Talismã e Numa Boate Qualquer.

Depois que deixou o espetáculo de Fausto, Katia montou um estúdio em sua casa. "Resolvi cair de cabeça na composição, vi que tinha algo a falar", diz. Fez um primeiro show que considerou "muito cabeça" e foi se aprimorando, experimentando - até que gravou o disco. Para promover o lançamento, ela fez apresentações em todo o circuito carioca, levou o disco a Porto Alegre e participou do festival Abril Pro Rock (Recife) e do Porão do Rock (Brasília), ao lado da banda carioca Vulgue Tostoi. Agora, na Net Records, Katia espera reforçar sua penetração na mídia e intensificar seus contatos no exterior - depois que a amiga Bebel Gilberto fez bonito nos Estados Unidos com Tanto Tempo amostras de 30s (produzido por Suba), quem sabe ela também não consegue algo com a bossa eletrônica de uma , por exemplo.