Kiko Zambianchi nos trilhos mais uma vez - sozinho
Depois de reaparecer com o Capital Inicial, roqueiro dos anos 80 volta com disco novo, chamado... Disco Novo
Marco Antonio Barbosa
21/02/2002
No final dos anos 80 ele desapareceu do cenário da música pop nacional. Uma década depois, Kiko Zambianchi ressurge na crista de um sucesso inesperado e nunca antes alcançado - uma re-escalada que começou com sua participação no CD Acústico MTV , do Capital Inicial, e na subseqüente turnê. Agora, o cantor e compositor paulistano que, na verdade, nunca se afastou do mundo da música, está de volta com seu primeiro CD solo em cinco anos, ironicamente intitulado Disco Novo (Abril Music). Kiko diz estar mais maduro e certo do tipo de trabalho que pretende fazer daqui para a frente.
O disco é Novo, o discurso de Kiko também. O roqueiro de Ribeirão Preto (SP) volta humilde. "Não tenho o menor problema em admitir que estou de volta à mídia por causa do meu trabalho com o Capital", fala Kiko. "Não vejo nenhum demérito nisso. As coisas aconteceram naturalmente. Eles estavam precisando de alguém para tocar violão e eu fazia na época uns showzinhos acústicos em bares. Foi só juntar as duas coisas, até porque o grupo já iria mesmo gravar Primeiros Erros. Dali surgiu uma amizade e foi muito bom pra mim. No próximo disco eles devem até gravar uma inédita minha", adianta.
Disco Novo foi produzido por Rafael Ramos (que já trabalhou com João Donato e Los Hermanos) e só tem canções inéditas - ou pelo menos, inéditas na voz de Kiko. O previsível esquema de gravar os velhos sucessos, como Choque ou Rolam as Pedras foi descartado. Uma peculiaridade foi a inclusão de músicas compostas por Kiko, mas nunca gravadas por ele, como Manchas no Escuro (registrada por Erasmo Carlos), Logo de Cara (com o Ira!) e Tudo É Possível (que chegou a ser sucesso com o grupo O Surto). Upgrade, parceria com Marcelo Rubens Paiva, Desculpe Baby (de Arnaldo Baptista, gravada pelos Mutantes) e Norte e Sul, o primeiro single, também se destacam. Kiko tenta resumir o clima do álbum: "Tive bastante tempo para trabalhar neste disco e acho que isso fez com que o resultado final me agradasse muito. Assumi para a gravadora que queria fazer um disco pop, para tocar no rádio. Não tenho medo de fazer sucesso."
Antes que alguém o rotule de vendido ou coisa que o valha, Kiko emenda: "Voltei a fazer o rock'n'roll que eu fazia. Nunca me interessei em fazer jogo de gravadora, ou cair nessa de regravar meus próprios sucessos. Recebi propostas de algumas gravadoras para reler os hits antigos, ou então fazer um tipo de música bem mais popular. Mas eu não consigo. Meu trabalho já é pop o suficiente para que eu ainda tenha que fazer coisas desse tipo." Impossível não comparar com outro momento na carreira do cantor - quando ele estourou nas rádios, no fim dos anos 80, com uma versão em português para Hey Jude, dos Beatles. "Foi uma paulada", lembra Kiko. "Não estava preparado para toda aquela exposição, e, por outro lado, todo mundo me criticou."
A volta ao circuito da mídia foi paulatina. Após o estouro com Hey Jude, Kiko foi se afastando do mercado. Ou o mercado foi se afastando dele. "Cheguei a bater à porta de algumas gravadoras no começo dos anos 90, mas não consegui nada. Depois que o (ex-presidente Fernando) Collor subiu a rampa do Palácio do Planalto com uma dupla sertaneja, não havia mais espaço para ninguém", diz o compositor. Ele credita à ascenção de gêneros popularescos de música sua decadência. "Aqui no Brasil ainda há este problema: parece que os estilos não podem conviver no mercado. Uma coisa sempre acaba substituindo outra e isso restringe demais as opções. Primeiro veio o sertanejo, depois o axé, depois o pagode..." Tempos de dureza se seguiram. "Às vezes precisamos por comida dentro de casa e não temos de onde tirar o dinheiro", fala Kiko, dramático.
Uma primeira tentativa de retorno foi feita em 1997, com o álbum KZ - cujo resultado desagradou o cantor. "Tinha remixes e regravações de coisas antigas. Nem considero este CD dentro de minha discografia oficial", afirma Kiko. O contato com a música não se perdeu: o roqueiro seguiu compondo música para peças teatrais. "Tive meu trabalho como compositor reconhecido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, que chegou a indicar algumas das minhas trilhas para teatro para premiação", lembra com orgulho. O inesperado sucesso da regravação que Simony fez de Primeiros Erros, em 1998, voltou a jogar luz sobre a obra de Kiko. Tudo culminou no convite do Capital Inicial para que o compositor se juntasse a eles.
Do Kiko Zambianchi de opiniões fortes e polêmicas do passado, não sobrou muito. Quem garante isso é o próprio cantor, que acha que teve a carreira prejudicada por "falar demais". Ele conta: "Eu me metia em coisas que não devia. Falava sobre gravadoras, produtores, assuntos que era para o meu empresário tratar." Agora, ele diz que não vai abaixar a cabeça, mas também não vai buscar confusão de graça. "Aprendi muita coisa nesse tempo e uma delas é que não devo colocar o carro na frente dos bois. Quero dar um passo de cada vez e, para isso, é preciso tranqüilidade e confiança no meu próprio trabalho", conclui.
O disco é Novo, o discurso de Kiko também. O roqueiro de Ribeirão Preto (SP) volta humilde. "Não tenho o menor problema em admitir que estou de volta à mídia por causa do meu trabalho com o Capital", fala Kiko. "Não vejo nenhum demérito nisso. As coisas aconteceram naturalmente. Eles estavam precisando de alguém para tocar violão e eu fazia na época uns showzinhos acústicos em bares. Foi só juntar as duas coisas, até porque o grupo já iria mesmo gravar Primeiros Erros. Dali surgiu uma amizade e foi muito bom pra mim. No próximo disco eles devem até gravar uma inédita minha", adianta.
Disco Novo foi produzido por Rafael Ramos (que já trabalhou com João Donato e Los Hermanos) e só tem canções inéditas - ou pelo menos, inéditas na voz de Kiko. O previsível esquema de gravar os velhos sucessos, como Choque ou Rolam as Pedras foi descartado. Uma peculiaridade foi a inclusão de músicas compostas por Kiko, mas nunca gravadas por ele, como Manchas no Escuro (registrada por Erasmo Carlos), Logo de Cara (com o Ira!) e Tudo É Possível (que chegou a ser sucesso com o grupo O Surto). Upgrade, parceria com Marcelo Rubens Paiva, Desculpe Baby (de Arnaldo Baptista, gravada pelos Mutantes) e Norte e Sul, o primeiro single, também se destacam. Kiko tenta resumir o clima do álbum: "Tive bastante tempo para trabalhar neste disco e acho que isso fez com que o resultado final me agradasse muito. Assumi para a gravadora que queria fazer um disco pop, para tocar no rádio. Não tenho medo de fazer sucesso."
Antes que alguém o rotule de vendido ou coisa que o valha, Kiko emenda: "Voltei a fazer o rock'n'roll que eu fazia. Nunca me interessei em fazer jogo de gravadora, ou cair nessa de regravar meus próprios sucessos. Recebi propostas de algumas gravadoras para reler os hits antigos, ou então fazer um tipo de música bem mais popular. Mas eu não consigo. Meu trabalho já é pop o suficiente para que eu ainda tenha que fazer coisas desse tipo." Impossível não comparar com outro momento na carreira do cantor - quando ele estourou nas rádios, no fim dos anos 80, com uma versão em português para Hey Jude, dos Beatles. "Foi uma paulada", lembra Kiko. "Não estava preparado para toda aquela exposição, e, por outro lado, todo mundo me criticou."
A volta ao circuito da mídia foi paulatina. Após o estouro com Hey Jude, Kiko foi se afastando do mercado. Ou o mercado foi se afastando dele. "Cheguei a bater à porta de algumas gravadoras no começo dos anos 90, mas não consegui nada. Depois que o (ex-presidente Fernando) Collor subiu a rampa do Palácio do Planalto com uma dupla sertaneja, não havia mais espaço para ninguém", diz o compositor. Ele credita à ascenção de gêneros popularescos de música sua decadência. "Aqui no Brasil ainda há este problema: parece que os estilos não podem conviver no mercado. Uma coisa sempre acaba substituindo outra e isso restringe demais as opções. Primeiro veio o sertanejo, depois o axé, depois o pagode..." Tempos de dureza se seguiram. "Às vezes precisamos por comida dentro de casa e não temos de onde tirar o dinheiro", fala Kiko, dramático.
Uma primeira tentativa de retorno foi feita em 1997, com o álbum KZ - cujo resultado desagradou o cantor. "Tinha remixes e regravações de coisas antigas. Nem considero este CD dentro de minha discografia oficial", afirma Kiko. O contato com a música não se perdeu: o roqueiro seguiu compondo música para peças teatrais. "Tive meu trabalho como compositor reconhecido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, que chegou a indicar algumas das minhas trilhas para teatro para premiação", lembra com orgulho. O inesperado sucesso da regravação que Simony fez de Primeiros Erros, em 1998, voltou a jogar luz sobre a obra de Kiko. Tudo culminou no convite do Capital Inicial para que o compositor se juntasse a eles.
Do Kiko Zambianchi de opiniões fortes e polêmicas do passado, não sobrou muito. Quem garante isso é o próprio cantor, que acha que teve a carreira prejudicada por "falar demais". Ele conta: "Eu me metia em coisas que não devia. Falava sobre gravadoras, produtores, assuntos que era para o meu empresário tratar." Agora, ele diz que não vai abaixar a cabeça, mas também não vai buscar confusão de graça. "Aprendi muita coisa nesse tempo e uma delas é que não devo colocar o carro na frente dos bois. Quero dar um passo de cada vez e, para isso, é preciso tranqüilidade e confiança no meu próprio trabalho", conclui.