Leny Andrade troca a bossa por Altay Veloso

Recuperando-se de três hérnias de disco, cantora estréia quarta-feira no Teatro Rival (RJ) o show Estrela Luminosa, que antecipa o repertório de seu novo CD, apenas com músicas do autor de O Porteiro

Rodrigo Faour
07/08/2000
"Estou com três hérnias na coluna cervical. E o médico disse para mim que elas formam um saco. Engraçado, eu não sabia que tinha saco!", comenta Leny Andrade às gargalhadas, passando por cima das terríveis dores que vem sofrendo nas últimas semanas – por orientação médica, ela vem andando até com uma pescoceira.

A cantora chegou há alguns dias ao Brasil depois de ter se apresentando com enorme sucesso nos festivais de Jazz de Punta Del Leste, de Santiago do Chile e de Funchal, em Portugal, no último dia 14. Mesmo trazendo na bagagem as dores no corpo e a notícia desagradável da morte de seu irmão, ela sobe ao palco do Teatro Rival (RJ) na quarta-feira, às 19h30, para dar início à temporada que vai até dia 26. No show Estrela Luminosa, ela antecipa o repertório de seu novo CD (que sai mês que vem pela gravadora Paradoxx), no qual canta apenas músicas do compositor popular Altay Velloso.

Na vida pessoal, além das hérnias, a cantora vem amargando uma péssima fase de perdas de entes queridos. "No dia da missa de um ano da morte da minha mãe foi também a de sétimo dia do meu irmão. E não pude ir por causa das dores. Não estou nem podendo mexer o pescoço", diz ela, que em um ano perdeu quatro parentes próximos, incluindo o irmão Dudu, saxofonista da Orquestra Tabajara, que a iniciou nos bailes da vida aos 14 anos de idade. Ela recebeu a notícia após um recital na Ilha da Madeira, e as dores que já vinha sentindo dobraram por causa do baque emocional.

Leny garante que, apesar de tudo, conseguirá estrear na quarta-feira. "Se eu consegui fazer um show no ano passado logo depois do velório da minha mãe, acho que posso fazer qualquer coisa! E, meu querido, meu novo disco é f...", diz, com sua inseparável ironia. "Tem um tipo de pagode que você ainda não ouviu!"

O CD e o show de Leny trazem músicas já gravadas por grupos de pagode como Exaltasamba e Só Pra Contrariar, além de Emílio Santiago, Alcione, entre outros. A cantora ainda não sabe como o seu público cativo, acostumado ao seu samba-jazz, vai receber o novo repertório. "É bem possível que o público estranhe. Mas acho importante que eu diga mais uma vez que meu assunto é a qualidade. Gravei há 27 anos um samba de Edson e Aloísio, Quero Ver Todo Mundo Sambar, que eu cantava na Catedral do Samba, em São Paulo, e depois a dupla estourou com o Não Deixe o Samba Morrer. Mais tarde, gravei o Enredo do Meu Samba", enumera a cantora que já gravou vários sambas mais tradicionais no decorrer de sua carreira e pelo menos um álbum inteiramente dedicado ao gênero, em 1975, pela Odeon.

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