Lô Borges relê seu passado em novo CD
Cantor nega crise criativa, diz que regravou seus sucessos por opção e já planeja novo disco de inéditas, ainda sem gravadora
Rodrigo Faour
08/02/2001
Depois de Beto Guedes, Flávio Venturini e 14 Bis, agora chegou a vez de Lô Borges gravar um CD de revisão de carreira em estúdio. Feira Moderna (Sony Music - leia crítica) traz 15 grandes clássicos de seu repertório, incluindo três músicas que ele nunca havia gravado: a faixa-título (parceria dele com Beto e Fernando Brant e duas de outros autores), A Página do Relâmpago Elétrico (Beto e Ronaldo Bastos) e a eterna Fé Cega, Faca Amolada (Milton Nascimento/ Ronaldo Bastos). As outras são aquelas de sempre: Trem Azul, Vento de Maio, Paisagem da Janela, Sonho Real e outras. Preguiça de lançar coisas novas? Ele nega.
Lô recusa o rótulo de preguiçoso e diz que fez o disco devido à repercussão de um show que realizou ao lado do conterrâneo Samuel Rosa (do Skank). "Foi um show em que trocamos nossas afinidades musicais, por mais díspares que possam ser. Deixou-me surpreso o fato de o público cantar tanto as músicas dele quanto as minhas. É outra geração que canta as minhas músicas. Quis então colocar disponível para todos esse meu material, pois até mesmo meu público tradicional já vinha me cobrando o fato de não achar meus discos em catálogo", justifica-se.
É justamente a veia de compositor a que pulsa com mais força no coração de Lô Borges. Ele afirma que a atividade que ele mais pratica em seu cotidiano é a composição. "Não tenho dificuldade de criar. É a parte de minha carreira que mais me interessa. O problema é que se já estou com dificuldade de me manter no mercado com as músicas antigas, quanto mais com as novas. Meu interesse é que esse álbum possa abrir uma perspectiva para um próximo de inéditas. Assim que terminar os shows e a divulgação desse disco, pretendo trabalhar nesse outro", explica ele, que não quis misturar novidades com seus clássicos, como fez seu colega Beto Guedes em Dias de Paz (1999), pela mesma Sony.
"Achei melhor assim. Porque suponhamos que eu quisesse criar uma linha diferente de composição da que vinha fazendo... Talvez essas músicas novas não combinassem com as antigas. Poderia prejudicar o conceito da obra inédita", explica Lô, que decidiu regravar sucessos por decisão pessoal e assinou com a Sony por ter sido quem lhe ofereceu melhor contrato. O prometido álbum de inéditas, entretanto, ainda não tem gravadora certa.
À margem dos holofotes
Além do lado de compositor, o que ele mais curte é trocar figurinhas com outros colegas. "Embora fique muito tempo sem gravar e apareça pouco na mídia, meu tesão maior em música é, além de continuar compondo, interagir com outros artistas, criando novas parcerias. Isso é algo que faço, muitas vezes, à margem dos holofotes. Tenho cruzado com pessoas, entrado em palcos diferentes, com Skank, Tiastácia, Milton, Flávio... Música é inter-relação", ensina.
Não alterar os climas originais das canções foi uma preocupação de Lô nessa coletânea de sucessos. "Não quis descaracterizar as músicas. Convidei inclusive vários dos mesmos músicos que gravaram as versões originais dessas músicas há 20 anos", explica. Ele diz que os recursos tecnológicos modernos e as canjas dos amigos músicos, como Edgar Scandurra (guitarrista do Ira!), Samuel Rosa, Henrique Portugal (ambos do Skank), Toninho Horta e Oficina Instrumental Uakti apenas somaram. "Se tirar guitarra do Edgar do Um Girassol da Cor do Seu Cabelo você vai escutar a base super fiel dos anos 70. As pessoas contribuem com seu sotaque pessoal, mas fui até meio conservador para não mudar o espírito das minhas canções."
E as canções de Lô Borges são o retrato de uma geração. As melodias eram climáticas, cinematográficas, muitas vezes. E as letras versavam sobre companheirismo, fé e a luta por um mundo melhor. Entretanto, em seu novo trabalho, ele acredita que haverá algumas mudanças. "Havia um bom mocismo, uma utopia lisérgica que eram sinceros realmente. A gente vivia aquilo. Hoje, sou uma pessoa diferente, apesar de nos aspectos de moral e caráter eu continuar o mesmo. Mas a música mudou. Hoje, elas falam mais de cotidianos específicos. Acho bacana algumas pessoas, como o Nando Reis, que narram um acontecimento que ocorreu num determinado momento, como aquela do cara que subiu no elevador apertou o 12 que é o andar dela... (a música é All Star, do mais novo disco solo do titã, Para Quando o Arco Íris Encontrar o Pote de Ouro ) Identifico-me com essas linguagem de falar de coisas mais corriqueiras, aparantemente sem se aprofundar muito nos fatos", compara.
Em seu trabalho futuro, Lô pretende buscar um equilíbrio entre tudo o que fez e as novidades que o cercam, inclusive sonoras. "Acho que a tecnologia ajuda a gente a botar para fora o que mais nos inquieta. Espero ter o equilíbrio suficiente tanto do ponto de vista da música quanto da letra para criar algo interessante", planeja.
Lô recusa o rótulo de preguiçoso e diz que fez o disco devido à repercussão de um show que realizou ao lado do conterrâneo Samuel Rosa (do Skank). "Foi um show em que trocamos nossas afinidades musicais, por mais díspares que possam ser. Deixou-me surpreso o fato de o público cantar tanto as músicas dele quanto as minhas. É outra geração que canta as minhas músicas. Quis então colocar disponível para todos esse meu material, pois até mesmo meu público tradicional já vinha me cobrando o fato de não achar meus discos em catálogo", justifica-se.
É justamente a veia de compositor a que pulsa com mais força no coração de Lô Borges. Ele afirma que a atividade que ele mais pratica em seu cotidiano é a composição. "Não tenho dificuldade de criar. É a parte de minha carreira que mais me interessa. O problema é que se já estou com dificuldade de me manter no mercado com as músicas antigas, quanto mais com as novas. Meu interesse é que esse álbum possa abrir uma perspectiva para um próximo de inéditas. Assim que terminar os shows e a divulgação desse disco, pretendo trabalhar nesse outro", explica ele, que não quis misturar novidades com seus clássicos, como fez seu colega Beto Guedes em Dias de Paz (1999), pela mesma Sony.
"Achei melhor assim. Porque suponhamos que eu quisesse criar uma linha diferente de composição da que vinha fazendo... Talvez essas músicas novas não combinassem com as antigas. Poderia prejudicar o conceito da obra inédita", explica Lô, que decidiu regravar sucessos por decisão pessoal e assinou com a Sony por ter sido quem lhe ofereceu melhor contrato. O prometido álbum de inéditas, entretanto, ainda não tem gravadora certa.
À margem dos holofotes
Além do lado de compositor, o que ele mais curte é trocar figurinhas com outros colegas. "Embora fique muito tempo sem gravar e apareça pouco na mídia, meu tesão maior em música é, além de continuar compondo, interagir com outros artistas, criando novas parcerias. Isso é algo que faço, muitas vezes, à margem dos holofotes. Tenho cruzado com pessoas, entrado em palcos diferentes, com Skank, Tiastácia, Milton, Flávio... Música é inter-relação", ensina.
Não alterar os climas originais das canções foi uma preocupação de Lô nessa coletânea de sucessos. "Não quis descaracterizar as músicas. Convidei inclusive vários dos mesmos músicos que gravaram as versões originais dessas músicas há 20 anos", explica. Ele diz que os recursos tecnológicos modernos e as canjas dos amigos músicos, como Edgar Scandurra (guitarrista do Ira!), Samuel Rosa, Henrique Portugal (ambos do Skank), Toninho Horta e Oficina Instrumental Uakti apenas somaram. "Se tirar guitarra do Edgar do Um Girassol da Cor do Seu Cabelo você vai escutar a base super fiel dos anos 70. As pessoas contribuem com seu sotaque pessoal, mas fui até meio conservador para não mudar o espírito das minhas canções."
E as canções de Lô Borges são o retrato de uma geração. As melodias eram climáticas, cinematográficas, muitas vezes. E as letras versavam sobre companheirismo, fé e a luta por um mundo melhor. Entretanto, em seu novo trabalho, ele acredita que haverá algumas mudanças. "Havia um bom mocismo, uma utopia lisérgica que eram sinceros realmente. A gente vivia aquilo. Hoje, sou uma pessoa diferente, apesar de nos aspectos de moral e caráter eu continuar o mesmo. Mas a música mudou. Hoje, elas falam mais de cotidianos específicos. Acho bacana algumas pessoas, como o Nando Reis, que narram um acontecimento que ocorreu num determinado momento, como aquela do cara que subiu no elevador apertou o 12 que é o andar dela... (a música é All Star, do mais novo disco solo do titã, Para Quando o Arco Íris Encontrar o Pote de Ouro ) Identifico-me com essas linguagem de falar de coisas mais corriqueiras, aparantemente sem se aprofundar muito nos fatos", compara.
Em seu trabalho futuro, Lô pretende buscar um equilíbrio entre tudo o que fez e as novidades que o cercam, inclusive sonoras. "Acho que a tecnologia ajuda a gente a botar para fora o que mais nos inquieta. Espero ter o equilíbrio suficiente tanto do ponto de vista da música quanto da letra para criar algo interessante", planeja.