Luiz Tatit volta ao disco com mais parceiros
Em O Meio, seu segundo álbum solo, o ex-integrante do grupo Rumo divide composições com Ná Ozzetti, José Miguel Wisnik e Ricardo Breim e aposta no apelo popular das canções
Carlos Calado
10/11/2000
Já virou clichê dizer que o segundo disco de um artista traz mais problemas para ser realizado do que o trabalho de estréia. Em tese, depois que o material produzido ao longo dos primeiros anos de carreira foi utilizado no disco inicial, dar o passo seguinte tornaria-se mais difícil. Não foi assim com o compositor, cantor e violonista paulista Luiz Tatit. Com aquele jeito calmo de sempre, três anos depois de lançar Felicidade, seu primeiro CD individual, o ex-integrante do grupo Rumo retorna com O Meio ,lançamento da gravadora Dabliú.
"Comecei a concebê-lo logo depois que terminei o outro disco. Já que eu tinha a canção Essa É Pra Acabar, fiz outra que falava sobre o começo e o meio. Como processo de composição, este trabalho dá continuidade ao anterior. Não há, propriamente, alguma virada de mesa. Só acho que este é mais estruturado", compara o compositor. "O disco anterior trazia canções que já estavam prontas após o final do grupo Rumo, e que eu amarrei em torno da canção Felicidade. Este já é um pouco mais conceitual", completa, observando que a nova versão da canção Trio de Efeitos (parceria com José Miguel Wisnik, que já tinha sido gravada no CD Rumo ao Vivo, em 1992), inserida estrategicamente no meio do disco, foi essencial para seu conceito.
Para os antigos fãs do Rumo, um dos grupos mais originais da geração musical revelada em São Paulo no final dos anos 70, conhecida como "vanguarda paulistana", o canto falado que caracteriza as 13 canções gravadas por Tatit, assim como a presença da cantora e compositora Ná Ozzetti, em três faixas do disco, vão soar bem familiares. "Principalmente quando componho canções com ela, eu já faço a letra pensando na voz da Ná", reconhece Tatit, exemplificando com dois produtos dessa parceria que entraram no disco: a inédita Batuqueiro e Atração Fatal, que já havia sido gravada antes pela cantora, em seu CD Ná (1994).
Essa é, por sinal, outra diferença de O Meio em relação ao primeiro disco de Tatit. Se no CD de estréia todas as canções eram assinadas exclusivamente por ele, agora ele tem a seu lado, além de Ná Ozzetti, os parceiros José Miguel Wisnik e Ricardo Breim, que também participaram das gravações. "Gosto muito de trazer para o disco as pessoas que estão, de fato, trabalhando comigo. Há muita proximidade entre nós, e eu também participei dos trabalhos deles. Não me agrada convidar um fulano qualquer só para puxar o disco. É muito bom quando o disco é gerado no mesmo forno, como aconteceu com a Ná, que fez o último disco dela fundado nas parcerias com o Zé Miguel, comigo e com o Itamar Assumpção. Isso faz com que o disco fique mais denso e consistente, sob o ponto de vista de repertório e de execução", avalia.
Excesso afetivo
Entre suas 10 composições inéditas incluídas no CD, Tatit acredita que pelo menos três delas terão um apelo mais direto com o público. "Inicialmente, meu irmão Paulo, que produziu o disco, achava que a letra de O Meio era um pouco conceitual demais, mas ela ficou com um arranjo legal, bem música popular. Amor e Rock, uma daquelas músicas mais narrativas que eu costumo fazer, tem uma levada gostosa, uma coisa mais pop. Mas a canção mais direta, talvez, seja As Sílabas, que tem uma letra bem curtinha", supõe. Já entre as várias canções do disco que tocam na temática amorosa, Tatit destaca uma parceria com o tecladista Breim: Tanto Amor. "Aproveitei o excesso afetivo que ele põs na canção. Achei que ele fez uma melodia linda, mas tão romântica que, na minha letra, o amor teria que transbordar", diverte-se.
Autor da canção Show (parceria com Fábio Tagliaferri), que rendeu a Ná Ozzetti o prêmio de melhor intérprete no polêmico Festival da Música Brasileira da Rede Globo, Tatit avalia que sua experiência foi positiva. "Foi uma possibilidade de nacionalização de nosso trabalho. Talvez só iremos sentir efeitos mais concretos ao longo do tempo, mas temos recebido e-mails de pessoas que querem conhecer mais a nossa música. Até a vendagem do último disco da Ná cresceu. O que a gente não entende é o critério que levou àquele desfecho. Deu impressão até que o júri se atrapalhou com as pontuações dos vencedores", ironiza.
Para marcar o lançamento de O Meio, no dia 3 de dezembro, com entrada franca, na Choperia do Sesc Pompéia, em São Paulo, Tatit vai interpretar algumas canções do novo disco, numa canja informal que acontecerá em meio a essa noite de autógrafos. Os shows de verdade, avisa o compositor, só vão acontecer no próximo ano.
"Comecei a concebê-lo logo depois que terminei o outro disco. Já que eu tinha a canção Essa É Pra Acabar, fiz outra que falava sobre o começo e o meio. Como processo de composição, este trabalho dá continuidade ao anterior. Não há, propriamente, alguma virada de mesa. Só acho que este é mais estruturado", compara o compositor. "O disco anterior trazia canções que já estavam prontas após o final do grupo Rumo, e que eu amarrei em torno da canção Felicidade. Este já é um pouco mais conceitual", completa, observando que a nova versão da canção Trio de Efeitos (parceria com José Miguel Wisnik, que já tinha sido gravada no CD Rumo ao Vivo, em 1992), inserida estrategicamente no meio do disco, foi essencial para seu conceito.
Para os antigos fãs do Rumo, um dos grupos mais originais da geração musical revelada em São Paulo no final dos anos 70, conhecida como "vanguarda paulistana", o canto falado que caracteriza as 13 canções gravadas por Tatit, assim como a presença da cantora e compositora Ná Ozzetti, em três faixas do disco, vão soar bem familiares. "Principalmente quando componho canções com ela, eu já faço a letra pensando na voz da Ná", reconhece Tatit, exemplificando com dois produtos dessa parceria que entraram no disco: a inédita Batuqueiro e Atração Fatal, que já havia sido gravada antes pela cantora, em seu CD Ná (1994).
Essa é, por sinal, outra diferença de O Meio em relação ao primeiro disco de Tatit. Se no CD de estréia todas as canções eram assinadas exclusivamente por ele, agora ele tem a seu lado, além de Ná Ozzetti, os parceiros José Miguel Wisnik e Ricardo Breim, que também participaram das gravações. "Gosto muito de trazer para o disco as pessoas que estão, de fato, trabalhando comigo. Há muita proximidade entre nós, e eu também participei dos trabalhos deles. Não me agrada convidar um fulano qualquer só para puxar o disco. É muito bom quando o disco é gerado no mesmo forno, como aconteceu com a Ná, que fez o último disco dela fundado nas parcerias com o Zé Miguel, comigo e com o Itamar Assumpção. Isso faz com que o disco fique mais denso e consistente, sob o ponto de vista de repertório e de execução", avalia.
Excesso afetivo
Entre suas 10 composições inéditas incluídas no CD, Tatit acredita que pelo menos três delas terão um apelo mais direto com o público. "Inicialmente, meu irmão Paulo, que produziu o disco, achava que a letra de O Meio era um pouco conceitual demais, mas ela ficou com um arranjo legal, bem música popular. Amor e Rock, uma daquelas músicas mais narrativas que eu costumo fazer, tem uma levada gostosa, uma coisa mais pop. Mas a canção mais direta, talvez, seja As Sílabas, que tem uma letra bem curtinha", supõe. Já entre as várias canções do disco que tocam na temática amorosa, Tatit destaca uma parceria com o tecladista Breim: Tanto Amor. "Aproveitei o excesso afetivo que ele põs na canção. Achei que ele fez uma melodia linda, mas tão romântica que, na minha letra, o amor teria que transbordar", diverte-se.
Autor da canção Show (parceria com Fábio Tagliaferri), que rendeu a Ná Ozzetti o prêmio de melhor intérprete no polêmico Festival da Música Brasileira da Rede Globo, Tatit avalia que sua experiência foi positiva. "Foi uma possibilidade de nacionalização de nosso trabalho. Talvez só iremos sentir efeitos mais concretos ao longo do tempo, mas temos recebido e-mails de pessoas que querem conhecer mais a nossa música. Até a vendagem do último disco da Ná cresceu. O que a gente não entende é o critério que levou àquele desfecho. Deu impressão até que o júri se atrapalhou com as pontuações dos vencedores", ironiza.
Para marcar o lançamento de O Meio, no dia 3 de dezembro, com entrada franca, na Choperia do Sesc Pompéia, em São Paulo, Tatit vai interpretar algumas canções do novo disco, numa canja informal que acontecerá em meio a essa noite de autógrafos. Os shows de verdade, avisa o compositor, só vão acontecer no próximo ano.