Lulu Santos assume alegria de viver aos 50
O hitmaker lança o pop e dançante Bugalu, marcando a volta da vitoriosa parceria com o produtor Memê
Carla Leite
16/07/2003
O tempo é relativo. Não apenas segundo as leis da física, mas também no universo pop
de Lulu Santos. Cinquentão (o meio século de vida foi completado em maio passado), o
cantor esbanja energia adolescente em seu novo disco, Bugalu (BMG Brasil).
Como que para espantar a atmosfera rarefeita e meio fria de seu último trabalho,
Programa , Lulu reatou a parceria com o produtor e DJ Memê (responsável pelos
álbums Assim Caminha a Humanidade e Eu e Memê, Memê e Eu , dois
dos maiores hits da carreira do cantor). E esbanjou alegria, vitalidade e ecletismo na
safra de 12 canções inéditas que compôem o novo disco.
"O Programa foi fruto de uma fase meio introspectiva, ensimesmada. A revisão de carreira que fiz a partir do Acústico MTV me obrigou a isso - a um isolamento. Daí a melancolia", afirmou Lulu, comparando o CD anterior ao mais recente: "Bugalu é festa, é alegria. É a realização do meu desejo de fazer com que minha música voltasse a soar ensolarada." O reatamento da parceria com o produtor Marcelo Mansur - mais conhecido como Memê - também reflete essa nova orientação. A dançante faixa de trabalho Já É sumariza tanto a disposição quanto o reencontro entre Lulu e Memê. "Fiz essa música para celebrar nosso relacionamento. Não nos falávamos direito há mais de dois anos", conta o cantor.
A ponte entre o hitmaker e o DJ começou a ser refeita por iniciativa de Memê. "No fim do ano passado ele me procurou, pedindo uma música nova para o disco solo do Buchecha (ex-parceiro do falecido Claudinho), que ele iria produzir. Mandei As Escolhas - que por sinal acabou entrando no meu disco, e não no dele", relembrou Lulu, que acabou pedindo a canção "de volta"; em Bugalu, a música foi gravada com participação de Pedro Mariano. O formato musical que Lulu queria explorar no novo disco só poderia se concretizar de forma perfeita com a colaboração de Memê. "É minha visão da música negra, da black music, mas levando em consideração meus interesses pela eletrônica. Quero fazer um soul moderno à moda brasileira", falou Lulu.
Não que a dobradinha em estúdio tenha sido 100% harmoniosa. Na verdade, Lulu realmente buscava (também) o conflito ao reintegrar-se a Memê. "Somos elétricos demais, espaçosos demais. Por isso demos esse tempo, nos afastamos. Mas eu quero o conflito. Quero um produtor que traga a idéia pessoal que ele tenha sobre meu trabalho", afirmou o cantor. Mesmo tendo brigado três vezes no processo de gravação do disco, e chegado ao ponto de registrarem sete versões diferentes para uma mesma canção (Leite e Mel), Lulu se diz mais do que satisfeito com o reencontro. "Evoluímos juntos, estamos os dois melhores do que há dez anos atrás. No resultado final, sempre concordamos - mesmo indo por métodos diferentes", narrou Lulu.
Com influências retiradas do extenso imaginário musical do cantor (pop-rock clássico, soul/funk/r'n'b americanóides, techno, quebradas samba-rock), Bugalu resultou num disco no qual faixa após faixa já chega com cara de hit. A fórmula atinge paroxismos nas altamente dançantes Jahu, nas já citadas Leite e Mel e Já É, no groove cheio de soul de Melô do Amor ( música lançada originalmente em 1980) e até no funk-farofa de Raiô. Assim como a Melô, o r'n'b de Sem Pressa foi resgatada do baú do cantor: ambas são parcerias com o baixista da Blitz, Antonio Pedro Fortuna. Lulu também se move aos extremos. Se faz um baladão em As Escolhas, enriquecida pela bela canja de Pedro Mariano, radicaliza na eletrônica em Chega de Dogma (com levada trance e letra quase concretista).
O álbum também abriga a parceria inaugural de Lulu e Marcos Valle, na balançante Lingua Presa. "Essa música meio que define a 'alma' de Bugalu. Achei que chegamos a um ponto muito interessante, longe do rock e da MPB", revelou o cantor. A conjunção de sonoridades da música encapsula a trajetória de Lulu através dos anos 90, década na qual ele foi se entregando progressivamente às possibilidades da música eletrônica - para renegar tudo no megasucesso despojado do Acústico. "A eletrônica me interessa mais do que o rock porque é mais gregária, é música de coletividade, de congraçamento. É Carnaval", resume.
"O Programa foi fruto de uma fase meio introspectiva, ensimesmada. A revisão de carreira que fiz a partir do Acústico MTV me obrigou a isso - a um isolamento. Daí a melancolia", afirmou Lulu, comparando o CD anterior ao mais recente: "Bugalu é festa, é alegria. É a realização do meu desejo de fazer com que minha música voltasse a soar ensolarada." O reatamento da parceria com o produtor Marcelo Mansur - mais conhecido como Memê - também reflete essa nova orientação. A dançante faixa de trabalho Já É sumariza tanto a disposição quanto o reencontro entre Lulu e Memê. "Fiz essa música para celebrar nosso relacionamento. Não nos falávamos direito há mais de dois anos", conta o cantor.
A ponte entre o hitmaker e o DJ começou a ser refeita por iniciativa de Memê. "No fim do ano passado ele me procurou, pedindo uma música nova para o disco solo do Buchecha (ex-parceiro do falecido Claudinho), que ele iria produzir. Mandei As Escolhas - que por sinal acabou entrando no meu disco, e não no dele", relembrou Lulu, que acabou pedindo a canção "de volta"; em Bugalu, a música foi gravada com participação de Pedro Mariano. O formato musical que Lulu queria explorar no novo disco só poderia se concretizar de forma perfeita com a colaboração de Memê. "É minha visão da música negra, da black music, mas levando em consideração meus interesses pela eletrônica. Quero fazer um soul moderno à moda brasileira", falou Lulu.
Não que a dobradinha em estúdio tenha sido 100% harmoniosa. Na verdade, Lulu realmente buscava (também) o conflito ao reintegrar-se a Memê. "Somos elétricos demais, espaçosos demais. Por isso demos esse tempo, nos afastamos. Mas eu quero o conflito. Quero um produtor que traga a idéia pessoal que ele tenha sobre meu trabalho", afirmou o cantor. Mesmo tendo brigado três vezes no processo de gravação do disco, e chegado ao ponto de registrarem sete versões diferentes para uma mesma canção (Leite e Mel), Lulu se diz mais do que satisfeito com o reencontro. "Evoluímos juntos, estamos os dois melhores do que há dez anos atrás. No resultado final, sempre concordamos - mesmo indo por métodos diferentes", narrou Lulu.
Com influências retiradas do extenso imaginário musical do cantor (pop-rock clássico, soul/funk/r'n'b americanóides, techno, quebradas samba-rock), Bugalu resultou num disco no qual faixa após faixa já chega com cara de hit. A fórmula atinge paroxismos nas altamente dançantes Jahu, nas já citadas Leite e Mel e Já É, no groove cheio de soul de Melô do Amor ( música lançada originalmente em 1980) e até no funk-farofa de Raiô. Assim como a Melô, o r'n'b de Sem Pressa foi resgatada do baú do cantor: ambas são parcerias com o baixista da Blitz, Antonio Pedro Fortuna. Lulu também se move aos extremos. Se faz um baladão em As Escolhas, enriquecida pela bela canja de Pedro Mariano, radicaliza na eletrônica em Chega de Dogma (com levada trance e letra quase concretista).
O álbum também abriga a parceria inaugural de Lulu e Marcos Valle, na balançante Lingua Presa. "Essa música meio que define a 'alma' de Bugalu. Achei que chegamos a um ponto muito interessante, longe do rock e da MPB", revelou o cantor. A conjunção de sonoridades da música encapsula a trajetória de Lulu através dos anos 90, década na qual ele foi se entregando progressivamente às possibilidades da música eletrônica - para renegar tudo no megasucesso despojado do Acústico. "A eletrônica me interessa mais do que o rock porque é mais gregária, é música de coletividade, de congraçamento. É Carnaval", resume.