Mais Gonzaguinha - agora por Emílio Santiago
Cantor regrava 16 canções do compositor de Explode Coração no álbum Um Sorriso nos Lábios
Marco Antonio Barbosa
20/11/2001
Falar em Gonzaguinha e nos intérpretes que consagraram suas canções é fazer uma automática associação com algumas das maiores cantoras brasileiras - Elis Regina, Simone, Gal Costa e Leila Pinheiro, todas estas e várias outras tornaram músicas de Luiz Gonzaga Jr. famosas. O que não parece tão óbvio é a ligação do cantor Emílio Santiago com a música e a própria pessoa de Gonzaguinha. Uma ligação explicitada no álbum Um Sorriso nos Lábios (Sony), que Emílio lança agora, dedicado apenas às canções do filho do Rei do Baião. É mais uma homenagem a Gonzaguinha, no ano em que se completa uma década exata de sua morte (no dia 30 de abril de 1991). E feita por um artista que - segundo ele próprio - conhece intimamente a obra do compositor.
"Gravo Gonzaguinha desde 1976, quando lancei No Balanço do Trem no meu disco Comigo É Assim. Conheci-o ainda nos anos 70, nós vivíamos nos esbarrando na estrada, em excursões. Tenho a honra de dizer que convivi com ele no auge de seu talento e pude acompanhar a criação de várias canções clássicas dele", relembra Emílio. "Portanto, fiquei muito à vontade para fazer este disco. Fui amigo dele, tive muito carinho por ele e pela obra dele também. Cantando essas músicas, relembro o tempo que passamos juntos."
Um Sorriso nos Lábios mostra Emílio Santiago recriando alguns dos grandes sucessos de Gonzaguinha, como Explode Coração, Espere por Mim, Morena, Sangrando, E Vamos à Luta, O Que É o Que É e Grito de Alerta. Mas também repassando músicas menos cotadas - Comportamento Geral e Palavras são exemplos. "Cantar só as músicas óbvias seria fácil demais", fala Emílio sobre a escolha do repertório. "Mais do que tudo, queria mostrar um Gonzaguinha em seus vários períodos. Tanto o criador de temas políticos e sociais, quanto a explosão romântica, passando por seus sambas. No final das contas, até eu me surpreendi com a variedade do álbum." O cantor elogia a perenidade das músicas de Gonzaguinha. "As letras políticas que ele escreveu valem ainda para os dias de hoje, é impressionante. Já os sambões são lembrados pelo povo sempre, todo mundo canta junto."
Emílio escolheu o tarimbado José Milton para produzir o disco e escolher, junto a ele, o repertório de 16 faixas. Ao lançar-se sobre composições que já podem ser consideradas clássicas, o cantor não se acanhou com o eventual peso de versões definitivas do passado. "Canto há 31 anos. Tenho de ter certeza do que estou cantando. Além do mais, o modo como este disco foi gravado - eu cantando no estúdio junto com os arranjos de base, tudo ao vivo - me deixou muito mais livre, tirou a 'carga' que as músicas poderiam ter. Todo mundo que ouve o álbum comenta como eu estou soando 'solto', leve. Não refiz nenhum vocal, e o resultado ficou muito mais 'quente', vivo", afirma Emílio. Ainda assim, houve um travo na hora das canções mais politizadas de Gonzaguinha. "São letras muito pessoais, e a interpretação que o próprio Gonzaguinha dava a elas é marcante demais. Aí sim eu senti um certo peso", narra Emílio.
Apesar da relação estreita entre o cantor e o falecido compositor, a idéia de registrar um tributo a Gonzaguinha não partiu de Emílio, e sim de sua gravadora. "A Sony me propôs fazer este disco e eu topei, mesmo porque eu venho de outro projeto bem-sucedido (o álbum Bossa Nova , do ano passado) que também foi sugestão deles", diz o cantor, que garante não ter problema algum com este método de trabalho. "Sou um 'especialista' em projetos como este", fala Emílio, recordando a bem-sucedida série Aquarela Brasileira - que rendeu sete álbuns entre 1988 e 94 e alcançou vendas acima de quatro milhões de cópias. Ele chega a orgulhar-se de sua posição: "Fui o primeiro cantor a desenvolver projetos fechados junto às gravadoras. Hoje em dia todo mundo faz."
Emílio também acredita que pode sair impávido do tiroteio entre os artistas consagrados que apelam a regravações e a crítica, que cobra mais ineditismo nos projetos. "Não acho que a nova música brasileira esteja com essa bola toda, para que fiquem cobrando trabalhos inéditos de mim ou de quem quer que seja", dispara o cantor. "Se houvesse no mercado músicas tão belas quanto essas do Gonzaguinha, eu as gravaria sem o menor problema. Mas eu não vejo isso acontecendo." Emílio também releva a questão da preservação do compositor. "É preciso trazer este repertório para o disco de novo, e sempre. As pessoas esquecem muito fácil de tudo, e de Gonzaguinha não se pode esquecer assim."
O cantor acredita que Um Sorriso nos Lábios não vai ficar perdido entre os tributos a Gonzaguinha que já sairam este ano (como o disco Um Banquinho Um Violão , do próprio filho do compositor, Daniel Gonzaga, e a coletânea Simples Saudade ). "Fui o único a gravar 16 canções de Gonzaguinha num disco só. É um caso inédito", fala Emílio. "Além do mais, acho que consegui deixar minha marca nessas canções. É um trabalho para durar."
"Gravo Gonzaguinha desde 1976, quando lancei No Balanço do Trem no meu disco Comigo É Assim. Conheci-o ainda nos anos 70, nós vivíamos nos esbarrando na estrada, em excursões. Tenho a honra de dizer que convivi com ele no auge de seu talento e pude acompanhar a criação de várias canções clássicas dele", relembra Emílio. "Portanto, fiquei muito à vontade para fazer este disco. Fui amigo dele, tive muito carinho por ele e pela obra dele também. Cantando essas músicas, relembro o tempo que passamos juntos."
Um Sorriso nos Lábios mostra Emílio Santiago recriando alguns dos grandes sucessos de Gonzaguinha, como Explode Coração, Espere por Mim, Morena, Sangrando, E Vamos à Luta, O Que É o Que É e Grito de Alerta. Mas também repassando músicas menos cotadas - Comportamento Geral e Palavras são exemplos. "Cantar só as músicas óbvias seria fácil demais", fala Emílio sobre a escolha do repertório. "Mais do que tudo, queria mostrar um Gonzaguinha em seus vários períodos. Tanto o criador de temas políticos e sociais, quanto a explosão romântica, passando por seus sambas. No final das contas, até eu me surpreendi com a variedade do álbum." O cantor elogia a perenidade das músicas de Gonzaguinha. "As letras políticas que ele escreveu valem ainda para os dias de hoje, é impressionante. Já os sambões são lembrados pelo povo sempre, todo mundo canta junto."
Emílio escolheu o tarimbado José Milton para produzir o disco e escolher, junto a ele, o repertório de 16 faixas. Ao lançar-se sobre composições que já podem ser consideradas clássicas, o cantor não se acanhou com o eventual peso de versões definitivas do passado. "Canto há 31 anos. Tenho de ter certeza do que estou cantando. Além do mais, o modo como este disco foi gravado - eu cantando no estúdio junto com os arranjos de base, tudo ao vivo - me deixou muito mais livre, tirou a 'carga' que as músicas poderiam ter. Todo mundo que ouve o álbum comenta como eu estou soando 'solto', leve. Não refiz nenhum vocal, e o resultado ficou muito mais 'quente', vivo", afirma Emílio. Ainda assim, houve um travo na hora das canções mais politizadas de Gonzaguinha. "São letras muito pessoais, e a interpretação que o próprio Gonzaguinha dava a elas é marcante demais. Aí sim eu senti um certo peso", narra Emílio.
Apesar da relação estreita entre o cantor e o falecido compositor, a idéia de registrar um tributo a Gonzaguinha não partiu de Emílio, e sim de sua gravadora. "A Sony me propôs fazer este disco e eu topei, mesmo porque eu venho de outro projeto bem-sucedido (o álbum Bossa Nova , do ano passado) que também foi sugestão deles", diz o cantor, que garante não ter problema algum com este método de trabalho. "Sou um 'especialista' em projetos como este", fala Emílio, recordando a bem-sucedida série Aquarela Brasileira - que rendeu sete álbuns entre 1988 e 94 e alcançou vendas acima de quatro milhões de cópias. Ele chega a orgulhar-se de sua posição: "Fui o primeiro cantor a desenvolver projetos fechados junto às gravadoras. Hoje em dia todo mundo faz."
Emílio também acredita que pode sair impávido do tiroteio entre os artistas consagrados que apelam a regravações e a crítica, que cobra mais ineditismo nos projetos. "Não acho que a nova música brasileira esteja com essa bola toda, para que fiquem cobrando trabalhos inéditos de mim ou de quem quer que seja", dispara o cantor. "Se houvesse no mercado músicas tão belas quanto essas do Gonzaguinha, eu as gravaria sem o menor problema. Mas eu não vejo isso acontecendo." Emílio também releva a questão da preservação do compositor. "É preciso trazer este repertório para o disco de novo, e sempre. As pessoas esquecem muito fácil de tudo, e de Gonzaguinha não se pode esquecer assim."
O cantor acredita que Um Sorriso nos Lábios não vai ficar perdido entre os tributos a Gonzaguinha que já sairam este ano (como o disco Um Banquinho Um Violão , do próprio filho do compositor, Daniel Gonzaga, e a coletânea Simples Saudade ). "Fui o único a gravar 16 canções de Gonzaguinha num disco só. É um caso inédito", fala Emílio. "Além do mais, acho que consegui deixar minha marca nessas canções. É um trabalho para durar."