Mais Noel por Cristina Buarque e Henrique Cazes

Depois de Sem Tostão... A Crise Não É Boato, de 1995, Cristina Buarque e Henrique Cazes prestigiam mais uma vez a obra de Noel Rosa com o disco Sem Tostão 2... A Crise Continua. Gravado esta semana de uma só vez, como se fosse um show (só que dentro do estúdio), o CD sai em dezembro, pela Kuarup, junto com as comemorações pelo 90º aniversário do Poeta da Vila. "Fazemos este show desde 98, com uma freqüência irregular, mas agora ensaiamos mais seriamente, por causa da gravação que fizemos no Paço Imperial (para uma coletânea do selo Biscoito Fino) e aproveitando o aniversário do Noel", diz Cristina. Com arranjos intimistas, só com voz e violão (e às vezes voz e cavaquinho ou viola caipira), o repertório traz de tudo: clássicos (O Orvalho Vem Caindo, Feitiço da Vila, Com que Roupa?, Não Tem Tradução, Feitio de Oração, Você Vai Se Quiser), músicas menos conhecidas (Seja Breve, Tarzan, o Filho do Alfaiate, Qual Foi o Mal Que Eu Te Fiz, De Qualquer Maneira, Provei, Pra Esquecer e outras) e os sambas surgidos da polêmica entre Noel e Wilson Batista, sambista que Cristina cantou em seu último disco, Ganha-se Pouco Mas É Divertido (Lenço no Pescoço, Rapaz Folgado, Mocinho da Vila, Conversa Fiada, Palpite Infeliz, Frankestein da Vila). Ainda segundo Cristina, Feitiço da Vila é muitas vezes erroneamente incluída entre as músicas feitas durante o "embate musical". Destacam-se ainda no novo disco as duas versões da última música da polêmica, Terra de Cego, de Wilson, de cuja melodia Noel gostou tanto que propôs uma nova letra, que ficou sendo Deixa de Ser Convencida. "No final eles viraram parceiros. Na verdade, não eram tão inimigos como as pessoas pensam", afirma a cantora.

Independentemente do disco, Cristina sobe ao palco do Teatro Rival (RJ) na próxima segunda e terça para comemorar antecipadamente seu 50º aniversário (na realidade apenas dia 23/12). No show, intitulado Adeus, Mocidade, é acompanhada pela cantora e compositora Teresa Cristina, pelos grupos Semente e Dobrando a Esquina, e por Ignez Perdigão ao cavaquinho.