Marcos Valle e Victor Biglione ao vivo em CD
Dupla lança Live in Montreal, registro de show realizado em 2000 no Canadá, para celebrar sua longa amizade
Filipe Quintans e Marco Antonio Barbosa
07/02/2003
Foi justamente no Canadá - aquele país aparentemente frio e sem graça - que um dos mais oportunos e inesperados encontros da história recente da música brasileira se deu, em 2000. A parceria entre Victor Biglione e Marcos Valle ganha afinal um lançamento em forma de CD, no disco Live in Montreal, posto nas lojas pela gravadora carioca Rob Digital e que está sendo promovido pela dupla com uma série de shows pelo país.
A reunião entre o guitarrista de jazz e o bossanovista histórico se deu em abril de 2000, no Théatre Corona, dentro da programação do festival anual de jazz promovido na cidade. O show (e o CD resultante) englobava grandes releituras tanto da obra de Valle quanto de clássicos instrumentais brasileiros. A primeira iniciativa da empreitada, orquestrada por Biglione, era mostrar os dois lados da música brasileira que ao mesmo tempo possui grandes compositores, cultuados em todo o mundo e instrumentistas excepcionais, igualmente idolatrados.
Some-se a isso o fato de que Marcos nunca havia tocado no Canadá e os dois sempre dividiam, informalmente, palcos por aqui. "Como vou ao Canadá há pelo menos 10 anos e por lá já toquei quatro vezes, fiz o convite ao Marcos", conta Victor. "Queria mostrar a versatilidade do músico no Brasil, que é pode ser um compositor de grande talento e ao mesmo tempo um excelente instrumentista", explica. A amizade dos dois, iniciada extra-oficialmente num "racha" de futebol entre Victor e seu pai e Marcos e o irmão Paulo Sérgio, em 1969, também foi fator determinante para a reunião. "Meu primo, Claudio Slon, falecido há pouco tempo, foi baterista do Marcos, o que também nos aproximou", relata o guitarrista, nascido na Argentina.
Show feito (e gravado), hora de ouvir o material entre os compromissos de cada um. Marcos lançou o elogiadíssimo Escape e colheu frutos importantes da descoberta de seus discos pregressos. Victor lançou Strings of Desire, parceria com o ex-guitarrista do Police, Andy Summers, entre outros trabalhos. O resultado final do show-disco, registrado primeiramente no sistema ADAT (fita gravada em modo digital), foi sendo perseguido com calma. A dupla ressalta que o show em Montreal - feito para comemorar os 500 anos do Descobrimento do Brasil - não foi gravado com a intenção de ser transformado em CD. A iniciativa de lançar foi de Biglione, afinal. "Entre as viagens, um e nós ia nas fitas e ouvia, mexia um pouco e ia embora. E assim foi ficando pronto", diz o guitarrista.
O repertório reunido em Live in Montreal transita entre o melhor de dois mundos. Com arranjos feitos pela dupla, clássicos da carreira de Marcos como Samba de Verão, Preciso Aprender a Ser Só, Mustang Cor de Sangue, Gente e Batucada Surgiu caminham sob a linha jazz-bossa nova do compositor somada ao virtuosismo de Biglione, que aparece interpretando com a devida (e conhecida) competência composições de Egberto Gismonti (Frevo) e Milton Nascimento (Fé Cega, Faca Amolada). Marcos Valle ressalta: "Foi bom poder regravar esse repertório mais antigo, o qual tenho tido vontade de revisitar, mas acabo não concretizando a idéia; ultimamente, tenho tocado basicamente músicas novas."
O tom geral do disco mostra uma agradável confluência do talento já consagrado do Marcos Valle bossanovístico, imbuído do espírito suingado que sua música vem ganhando com sua projeção no exterior. "Gosto de estar aberto às novidades", diz o compositor, que afirma não ter "medo" de mexer nos arranjos consagrados das versões originais. "Resgatar esses standards é uma maneira importante de mostrar para os novos ouvintes a história da dupla Marcos e Paulo Sérgio Valle", fala Biglione.
Para os shows da turnê brasileira (que começa este fim de semana no Bar do Tom, no Rio de Janeiro), Victor e Marcos contam com Ivan "Mamão" Conti (bateria), Mazinho Ventura (baixo) e Renato Franco (sopros). A participação especial da cantora Patrícia Alvi se soma à dupla, cantando em Terra de Ninguém e Viola Enluarada. A extensão da turnê vai depender da agenda de Valle, que está às voltas com a divulgação de Escape (lançado por aqui no final de 2002, pela Trama).
A reunião entre o guitarrista de jazz e o bossanovista histórico se deu em abril de 2000, no Théatre Corona, dentro da programação do festival anual de jazz promovido na cidade. O show (e o CD resultante) englobava grandes releituras tanto da obra de Valle quanto de clássicos instrumentais brasileiros. A primeira iniciativa da empreitada, orquestrada por Biglione, era mostrar os dois lados da música brasileira que ao mesmo tempo possui grandes compositores, cultuados em todo o mundo e instrumentistas excepcionais, igualmente idolatrados.
Some-se a isso o fato de que Marcos nunca havia tocado no Canadá e os dois sempre dividiam, informalmente, palcos por aqui. "Como vou ao Canadá há pelo menos 10 anos e por lá já toquei quatro vezes, fiz o convite ao Marcos", conta Victor. "Queria mostrar a versatilidade do músico no Brasil, que é pode ser um compositor de grande talento e ao mesmo tempo um excelente instrumentista", explica. A amizade dos dois, iniciada extra-oficialmente num "racha" de futebol entre Victor e seu pai e Marcos e o irmão Paulo Sérgio, em 1969, também foi fator determinante para a reunião. "Meu primo, Claudio Slon, falecido há pouco tempo, foi baterista do Marcos, o que também nos aproximou", relata o guitarrista, nascido na Argentina.
Show feito (e gravado), hora de ouvir o material entre os compromissos de cada um. Marcos lançou o elogiadíssimo Escape e colheu frutos importantes da descoberta de seus discos pregressos. Victor lançou Strings of Desire, parceria com o ex-guitarrista do Police, Andy Summers, entre outros trabalhos. O resultado final do show-disco, registrado primeiramente no sistema ADAT (fita gravada em modo digital), foi sendo perseguido com calma. A dupla ressalta que o show em Montreal - feito para comemorar os 500 anos do Descobrimento do Brasil - não foi gravado com a intenção de ser transformado em CD. A iniciativa de lançar foi de Biglione, afinal. "Entre as viagens, um e nós ia nas fitas e ouvia, mexia um pouco e ia embora. E assim foi ficando pronto", diz o guitarrista.
O repertório reunido em Live in Montreal transita entre o melhor de dois mundos. Com arranjos feitos pela dupla, clássicos da carreira de Marcos como Samba de Verão, Preciso Aprender a Ser Só, Mustang Cor de Sangue, Gente e Batucada Surgiu caminham sob a linha jazz-bossa nova do compositor somada ao virtuosismo de Biglione, que aparece interpretando com a devida (e conhecida) competência composições de Egberto Gismonti (Frevo) e Milton Nascimento (Fé Cega, Faca Amolada). Marcos Valle ressalta: "Foi bom poder regravar esse repertório mais antigo, o qual tenho tido vontade de revisitar, mas acabo não concretizando a idéia; ultimamente, tenho tocado basicamente músicas novas."
O tom geral do disco mostra uma agradável confluência do talento já consagrado do Marcos Valle bossanovístico, imbuído do espírito suingado que sua música vem ganhando com sua projeção no exterior. "Gosto de estar aberto às novidades", diz o compositor, que afirma não ter "medo" de mexer nos arranjos consagrados das versões originais. "Resgatar esses standards é uma maneira importante de mostrar para os novos ouvintes a história da dupla Marcos e Paulo Sérgio Valle", fala Biglione.
Para os shows da turnê brasileira (que começa este fim de semana no Bar do Tom, no Rio de Janeiro), Victor e Marcos contam com Ivan "Mamão" Conti (bateria), Mazinho Ventura (baixo) e Renato Franco (sopros). A participação especial da cantora Patrícia Alvi se soma à dupla, cantando em Terra de Ninguém e Viola Enluarada. A extensão da turnê vai depender da agenda de Valle, que está às voltas com a divulgação de Escape (lançado por aqui no final de 2002, pela Trama).