Marina Lima estréia <i>Sissi na Sua</i> em Minas

Cantora capricha em sua estréia com espetáculo moderno, incluindo vários recursos teatrais. A voz está um pouco melhor mas público só estranha mesmo a falta de hits.

Rodrigo Faour
28/07/2000
Depois de seis anos de ausência dos palcos por problemas confessos de depressão, Marina Lima estreou novo espetáculo na última quinta-feira no belo Cine Theatro Central, de Juiz de Fora, inaugurado em 1929 e recém restaurado. "Espero fazer um show tão bonito quanto este teatro", disse ela, quando deu "boa noite" ao público após cantar a quarta canção de Sissi na Sua – referência à gíria "sissi", que significa "se sentindo". O espetáculo contou com uma grande parafernália: simpático cenário, projeção de vídeos, inserção de sons diversos em playback, uma fantástica iluminação, diversas marcações de cena e recursos teatrais monitorados pelo diretor Enrique Diaz. Se o teatro mineiro era o mais clássico possível, seu show é sinônimo de ano 2000, antenado com o que há de melhor no pop internacional.

A grande expectativa era quanto à voz da cantora. Afinal, Marina está cantando como antes ou não? Bem, como há dez, 15 anos não. Mas conseguiu dar conta do recado. Está bem mais solta no palco e, quando não insiste em recitar mais do que cantar as letras das músicas, como em Pessoa (Dalto e Cláudio Rabello) – um dos pontos altos do show –, ela convence e bem.

Mas como Marina é mais que uma intérprete – é compositora e instrumentista – sabe muito bem o valor de arranjos e de um som de peso. Logicamente, para coroar essa sua volta, nada mais natural que ela se cercasse de uma banda fenomenal, com direito a seu velho companheiro William Magalhães nos teclados, mais Gustavo Corsi (guitarra), Edu Martins (baixo, teclados e programações), Giovanni Bizotto (violão e vocais) e Cuca Teixeira (bateria). Às vezes, aparecem também bases eletrônicas pré-gravadas, muito bem sacadas. Todo esse requinte sonoro não chega a ser uma surpresa, já que seus dois últimos CDs – Registros à Meia-Voz (96) e Pierrot do Brasil (98), que são a base do show – eram fenomenais nesse aspecto, embora a voz já deixasse um pouco a desejar.

Sissi na Sua
soou na estréia um show interessante, mas principalmente para quem tem, ouviu e gostou dos dois últimos CDs da cantora. Como foram discos não muito trabalhados na mídia e sem grandes sucessos em rádio, o público mineiro estranhou um bocado o repertório escolhido pela cantora. Afinal de contas, eram dez músicas destes discos que soaram novas para o público, além das três realmente inéditas que ela cantou – Mel da Lenda, Estou Assim e Sissi. Artisticamente, é bom que ela se arrisque por outros caminhos, mas seus fãs, que não a viam há tempos, esperavam ouvir mais sucessos.

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