Mario Adnet faz leitura popular de Villa-Lobos

Nana Vaz de Castro
23/09/2000
Tem lançamento previsto para novembro o disco Villa-Lobos — Coração Popular, do compositor, arranjador, cantor e instrumentista Mario Adnet. São 14 canções (com letras de vários poetas), das quais apenas duas não são de Villa, mas foram usadas por ele em seu método de canto orfeônico. “Procurei traduzir Villa-Lobos, que tem uma essência muito popular — mas teve que ser erudito, em sua época —, para uma instrumentação contemporânea”, diz Adnet. Assim, sai o canto lírico acompanhado ao piano e entram a banda formada por Zeca Assumpção (baixo), Marcos Suzano (percussão), Paulo Sérgio Santos (clarineta), Marcos Nimrichter (piano) e Hugo Pilger (violoncelo) e as participações de Guinga em Realejo e Estrela É Lua Nova, Zé Renato e Cláudio Nucci em Desejo e Cabocla de Caxangá, e da cantora Muísa Adnet (irmã de Mario) em Manhã na Praia, Modinha, Canção de Amor, Evocação, Tristorosa (que tem letra de Cacaso) e Abril. Nesta última, Adnet explicita a proximidade que vê entre Villa-Lobos e Tom Jobim. “Tom foi muito influenciado por Villa, e nessa música existe um verso que foi citado em Chovendo na Roseira, uma homenagem do Tom a um compositor que ele tanto admirava”, explica o músico. “Procurei fazer o caminho inverso neste disco: trouxe um pouco do Tom para o universo villalobiano”. Ainda usando Tom Jobim como inspiração e matéria-prima, Adnet pretende lançar no início de 2001 o segundo volume de seu Para Gershwin e Jobim: “A riqueza musical desses compositores é impressionante. O Paulo Moura fez um disco [recém-lançado] sobre os mesmo dois compositores, e o resultado é totalmente diferente”, admira-se.