Morre no Rio de Janeiro a cantora Nora Ney
Ícone da era de ouro da Rádio Nacional, de sucessos como Ninguém me Ama, estava internada há três meses
Marco Antonio Barbosa
27/10/2003
Encerrou-se mais um capítulo da era de ouro do rádio brasileiro, na madrugada desta
terça (dia 28), com a morte da cantora Nora Ney. Aos 81 anos de idade, a carioca
Iracema de Souza Ferreira morreu de falência múltipla dos órgãos (em decorrência de um
enfisema pulmonar), no Hospital Samaritano, no mesmo Rio de Janeiro onde nasceu em
1922. Mesmo tendo tido sua grande fase de sucesso nos anos 50, Nora Ney ainda
ocupava não apenas na memória dos fãs, mas também na história da música brasileira,
um lugar de destaque. Casada com o cantor Jorge Goulart - seu parceiro e companheiro
desde o começo da década de 1950 - Nora deixou dois filhos e três netos. O
sepultamento da cantora aconteceu na tarde de hoje, no Cemitério Jardim da Saudade,
na zona Oeste do Rio de Janeiro.
A cantora estava internada há cerca de três meses, tentando se recuperar de mais uma crise acarretada pelo enfisema - que a assolava desde 1992, ano em que também sofreu um derrame. Segundo Jorge Goulart, Nora estava muito triste com seu precário estado de saúde. "Ela estava inconformada. Acho mesmo que a morte foi um alívio", afirmou o cantor sobre o falecimento. O derrame também encerrou a carreira da cantora, que teve as cordas vocais afetadas.
A contadora profissional Iracema adotou o nome artístico Nora Ney ao lançar-se na carreira artística, no fim dos anos 40. Ao longo dos anos 50, sua voz grave e dicção empostada (famosa por carregar nos erres) alcançou o sucesso cantando sambas-canção em casas noturnas e através da Rádio Nacional, da qual passou a fazer parte do elenco em 1952. Clássicos do período como Ninguém me Ama, Menino Grande (ambas de Antonio Maria), Só Louco (Dorival Caymmi) e Preconceito (Maria/Fernando Lobo) foram alguns de seus êxitos. Curiosamente, foi também uma das primeiras (ou mesmo a primeira, segundo alguns pesquisadores) a gravar um rock no Brasil, cantando Rock Around the Clock, de Bill Haley.
O sucesso foi rareando conforme o samba-canção cedia lugar à bossa nova e à MPB, e a Rádio Nacional perdia a importância. Entretanto, sempre ao lado de Jorge Goulart, Nora seguiu carreira sólida, que incluiu várias excursões ao exterior (inclusive em países onde a música brasileira era desconhecida até então, como Rodésia e China) e alguns revivals ao lado de cantoras como Rosita Gonzales e Ellen de Lima (no show As Cantoras do Rádio, em 1989).
Apesar de ter feito muito sucesso, tornando-se inclusive a primeira cantora a receber um disco de ouro no país, com o sucesso de Ninguém me Ama, Nora não tinha uma vida abastada. Ela e Jorge moravam numa vizinhança de classe média baixa, no bairro do Grajaú (zona Norte do Rio), e contava com a pequena pensão de aposentada (R$ 300) para completar o orçamento mensal. "Todo mundo gostou muito de mim logo de cara porque eu era diferente... Deus está sempre comigo", afirmou Nora sobre si mesma, em uma de suas últimas entrevistas - ao Cliquemusic, em dezembro de 2000.
A cantora estava internada há cerca de três meses, tentando se recuperar de mais uma crise acarretada pelo enfisema - que a assolava desde 1992, ano em que também sofreu um derrame. Segundo Jorge Goulart, Nora estava muito triste com seu precário estado de saúde. "Ela estava inconformada. Acho mesmo que a morte foi um alívio", afirmou o cantor sobre o falecimento. O derrame também encerrou a carreira da cantora, que teve as cordas vocais afetadas.
A contadora profissional Iracema adotou o nome artístico Nora Ney ao lançar-se na carreira artística, no fim dos anos 40. Ao longo dos anos 50, sua voz grave e dicção empostada (famosa por carregar nos erres) alcançou o sucesso cantando sambas-canção em casas noturnas e através da Rádio Nacional, da qual passou a fazer parte do elenco em 1952. Clássicos do período como Ninguém me Ama, Menino Grande (ambas de Antonio Maria), Só Louco (Dorival Caymmi) e Preconceito (Maria/Fernando Lobo) foram alguns de seus êxitos. Curiosamente, foi também uma das primeiras (ou mesmo a primeira, segundo alguns pesquisadores) a gravar um rock no Brasil, cantando Rock Around the Clock, de Bill Haley.
O sucesso foi rareando conforme o samba-canção cedia lugar à bossa nova e à MPB, e a Rádio Nacional perdia a importância. Entretanto, sempre ao lado de Jorge Goulart, Nora seguiu carreira sólida, que incluiu várias excursões ao exterior (inclusive em países onde a música brasileira era desconhecida até então, como Rodésia e China) e alguns revivals ao lado de cantoras como Rosita Gonzales e Ellen de Lima (no show As Cantoras do Rádio, em 1989).
Apesar de ter feito muito sucesso, tornando-se inclusive a primeira cantora a receber um disco de ouro no país, com o sucesso de Ninguém me Ama, Nora não tinha uma vida abastada. Ela e Jorge moravam numa vizinhança de classe média baixa, no bairro do Grajaú (zona Norte do Rio), e contava com a pequena pensão de aposentada (R$ 300) para completar o orçamento mensal. "Todo mundo gostou muito de mim logo de cara porque eu era diferente... Deus está sempre comigo", afirmou Nora sobre si mesma, em uma de suas últimas entrevistas - ao Cliquemusic, em dezembro de 2000.
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