MP3.com estica sua corda bamba até a Europa

O site de música que ainda não acertou com a Universal prepara versões especiais para a França, Alemanha e Espanha

Vicente Tardin
25/09/2000
O MP3.com está preparando o lançamento de versões especiais em francês, espanhol e alemão. Os novos sites estão em fase de teste e deverão estrear em duas semanas.

Novamente a empresa enfrenta grandes desafios: além da dificuldade de adaptar seu conteúdo ao gosto e à cultura de públicos tão diferentes, dois de seus importantes serviços não poderão ser oferecidos inicialmente, o My.MP3.com e o Beam-It.

Trata-se justamente do pivô da discussão com as grandes gravadoras, da qual resta ainda a difícil negociação com a Universal, que parece disposta a não ceder por meras duas dezenas de milhões de dólares, como as outras. Através destes serviços, o usuário pode acessar pela internet, de qualquer lugar, as músicas dos CDs que possui. É como se existisse um armário virtual, a ser aberto mediante uma senha.

Na verdade não existe armário nenhum, mas uma base de dados contendo as músicas de mais de 80 mil CDs. Para ter direito a ouvir determinado CD, o assinante pelo menos uma vez deve inserir o seu próprio disco no drive de CD do computador e assim provar que pagou por aquela música.

Por oferecer este serviço, o site MP3.com, o mais conhecido do gênero, foi processado por todas as cinco grandes gravadoras, sob a alegação que não tinha o direito de copiar os CDs. Warner, BMG, Sony e EMI já entraram em acordo fora dos tribunais e vão receber uma valor como multa e outro valor para cada música reproduzida para o usuário (que teoricamente já pagou pelo disco).

As licenças negociadas cobrem apenas os Estados Unidos – as versões européias precisarão negociar tudo de novo, o que impede a empresa de oferecer este serviço em francês, alemão e espanhol.

O site de música espera superar estas dificuldades porque hoje se considera muito mais um parceiro das gravadoras do que adversário. Digamos que sim, mas ainda não é o caso em relação à Universal, que responde por 24% das vendas globais de música.

O processo da Universal contra a MP3.com prossegue aberto e a gravadora poderá obrigar a pontocom a pagar US$ 25 mil por cada um dos CDs copiados que pertençam ao seu catálogo, entre os 80 mil usados no serviço. Pode sair caro. Ao mesmo tempo a Universal possui seus próprios planos ambiciosos relativos à internet, onde a MP3.com seria um concorrente indesejado.

A MP3.com assim prossegue seu caminho na corda bamba – tanto pode quebrar com multas muito maiores do que sua receita como conseguir tornar-se o primeiro site de música a oferecer o catálogo integral das gravadoras, legalmente.

Fora o perigo que é aventurar-se em terreno difícil para americanos, a Europa, onde as diferenças culturais podem ser um obstáculo delicado a superar.

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