MPB-4 põe seus acordes vocais a serviço do pop
Veterano grupo chega com a idéia de um disco de novas músicas de Celso Viáfora, Vicente Barreto e Lenine e acaba gravando um com os sucessos de Skank, Natiruts e Cidade Negra
Silvio Essinger
25/01/2001
Aos 36 anos de carreira, o MPB-4 talvez não imaginasse o problema que ia ter ao cantar uma música como Presente de um Beija-Flor, sucesso da banda-de-reggae-outrora-conhecida-como-Nativus (hoje Natiruts). Ao mostrar a primeira fita demo ao filho Marcos, que tocava bateria com o astro dance Vinny, Miltinho teve uma boa noção daquilo em que estava se metendo: "Ele disse: 'Pô, vocês estão dividindo o reggae ao contrário!'", conta. Nada disso, porém, fez com que ele, Aquiles, Magro e Ruy desistissem da empreitada do disco MPB4 e a Nova Música Brasileira (leia crítica), que está sendo lançado pela Abril Music. Nele, o veterano grupo vocal dá sua interpretação para sucessos do pop brasileiro como a música do Natiruts, Resposta (Skank), Primavera (Los Hermanos) e Onde Você Mora? (Cidade Negra), além de canções celebradas da Nova MPB, como À Primeira Vista (Chico César), Mentiras (Adriana Calcanhotto), Lenha (Zeca Baleiro) Paciência (Lenine) e Posso Até Me Apaixonar (Dudu Nobre).
Eis uma mudança e tanto para quem se celebrizou cantando combativas músicas de Chico Buarque, como Roda Viva, durante a fase mais cruel da repressão. "Nos nossos shows viam até coisas que não existiam", recorda-se Miltinho. "Mas a gente falava o que estava preso na garganta de todos." Ele conta que chegou a temer pela patrulha dos antigos fãs por causa do novo disco. "Mas os nossos amigos comuns estão gostando."
A idéia original do MPB-4 era gravar um disco de inéditas (e músicas que ainda não haviam acontecido), de autores como Celso Viáfora e Vicente Barreto, Lenine (que o músico considera "uma síntese" da MPB), João Bosco, Abel Silva e Suely Costa. Um disco lançador de canções, coisa que há muito tempo o grupo não fazia, por contingências de mercado. O grupo vinha de vários discos de "projeto", os dois últimos deles com o Quarteto em Cy: Bate-Boca, com a obra de Chico e Tom, e Somos Todos Iguais, com a de Ivan Lins e Djavan. "É louvável que se faça sempre discos como esses, mas não se pode fechar as portas para os trabalhos novos", defende Miltinho.
De cara, o grupo procurou a Abril Music. Primeiro, porque era a gravadora que vinha lançando discos de artistas veteranos como Ivan Lins, Alceu Valença e Moraes Moreira. Depois, porque o MPB-4 já tinha trabalhado na PolyGram com Marcos Maynard, hoje presidente da Abril. O executivo recebeu bem a idéia de um disco com músicas novas, mas sugeriu algumas adaptações. Por exemplo: pegar sucessos ao invés de músicas inéditas - e só acabou sobrando Eu Sou a Árvore, versão de Chico Buarque para música do cubano Eusébio Delfin. O quarteto acabou se rendendo à idéia, apesar de ela estar bem distante do que imaginava para o seu disco. "Achamos que seria bacana pegar os dois públicos: o tradicional, que não ouviria essas músicas se não fosse com o MPB-4, e o jovem, que não ouviria o MPB-4 se não fosse com essas músicas", diz Miltinho.
A produção de MPB4 e a Nova Música Brasileira foi entregue a um jovem, Jairzinho Oliveira, que dividiu os arranjos de base com o amigo Max de Castro. O grupo o conhecia do trabalho que ele havia feito no último disco de Vicente Barreto. "Somos quatro vocalistas acostumados a certas regras, com certos vícios. Fugir um pouco deles é legal", diz o músico, que é entusiasta do trabalho que a gravadora Trama tem feito não só com novos talentos da MPB, como Jairzinho e Max, e também veteranos como o recentemente falecido Baden Powell. "Mandei meu disco solo para eles", conta.
Para Miltinho, o disco do MPB-4 chega sem concorrentes ao mercado do pop (Roupa Nova à parte): "Hoje não se vê nenhum grupo vocal, ninguém mais abrindo acorde. É só um cara cantando lá na frente, sem nem um corinho!" O novo repertório será apresentado em show repleto de recursos teatrais, a ser dirigido por Charles Moeller, com estréia marcada para o dia 8 de abril, no Garden Hall (RJ). Nele, entrarão algumas das músicas que acabaram ficando de fora do disco, como A Notícia (Vicente Barreto e Celso Viáfora) e Uma Brasileira (Herbert Vianna e Carlinhos Brown).
Eis uma mudança e tanto para quem se celebrizou cantando combativas músicas de Chico Buarque, como Roda Viva, durante a fase mais cruel da repressão. "Nos nossos shows viam até coisas que não existiam", recorda-se Miltinho. "Mas a gente falava o que estava preso na garganta de todos." Ele conta que chegou a temer pela patrulha dos antigos fãs por causa do novo disco. "Mas os nossos amigos comuns estão gostando."
A idéia original do MPB-4 era gravar um disco de inéditas (e músicas que ainda não haviam acontecido), de autores como Celso Viáfora e Vicente Barreto, Lenine (que o músico considera "uma síntese" da MPB), João Bosco, Abel Silva e Suely Costa. Um disco lançador de canções, coisa que há muito tempo o grupo não fazia, por contingências de mercado. O grupo vinha de vários discos de "projeto", os dois últimos deles com o Quarteto em Cy: Bate-Boca, com a obra de Chico e Tom, e Somos Todos Iguais, com a de Ivan Lins e Djavan. "É louvável que se faça sempre discos como esses, mas não se pode fechar as portas para os trabalhos novos", defende Miltinho.
De cara, o grupo procurou a Abril Music. Primeiro, porque era a gravadora que vinha lançando discos de artistas veteranos como Ivan Lins, Alceu Valença e Moraes Moreira. Depois, porque o MPB-4 já tinha trabalhado na PolyGram com Marcos Maynard, hoje presidente da Abril. O executivo recebeu bem a idéia de um disco com músicas novas, mas sugeriu algumas adaptações. Por exemplo: pegar sucessos ao invés de músicas inéditas - e só acabou sobrando Eu Sou a Árvore, versão de Chico Buarque para música do cubano Eusébio Delfin. O quarteto acabou se rendendo à idéia, apesar de ela estar bem distante do que imaginava para o seu disco. "Achamos que seria bacana pegar os dois públicos: o tradicional, que não ouviria essas músicas se não fosse com o MPB-4, e o jovem, que não ouviria o MPB-4 se não fosse com essas músicas", diz Miltinho.
A produção de MPB4 e a Nova Música Brasileira foi entregue a um jovem, Jairzinho Oliveira, que dividiu os arranjos de base com o amigo Max de Castro. O grupo o conhecia do trabalho que ele havia feito no último disco de Vicente Barreto. "Somos quatro vocalistas acostumados a certas regras, com certos vícios. Fugir um pouco deles é legal", diz o músico, que é entusiasta do trabalho que a gravadora Trama tem feito não só com novos talentos da MPB, como Jairzinho e Max, e também veteranos como o recentemente falecido Baden Powell. "Mandei meu disco solo para eles", conta.
Para Miltinho, o disco do MPB-4 chega sem concorrentes ao mercado do pop (Roupa Nova à parte): "Hoje não se vê nenhum grupo vocal, ninguém mais abrindo acorde. É só um cara cantando lá na frente, sem nem um corinho!" O novo repertório será apresentado em show repleto de recursos teatrais, a ser dirigido por Charles Moeller, com estréia marcada para o dia 8 de abril, no Garden Hall (RJ). Nele, entrarão algumas das músicas que acabaram ficando de fora do disco, como A Notícia (Vicente Barreto e Celso Viáfora) e Uma Brasileira (Herbert Vianna e Carlinhos Brown).