Música vai ser vendida por assinatura

A Microsoft até agora só vendia seus programas em CDs. Agora também passa a alugá-los por mês pela internet. A música vai pelo mesmo caminho

Vicente Tardin
21/08/2000
Do ponto de vista comercial, alugar música pode ser muito mais lucrativo do que vender. É o caso dos programas de computador.

Assim como os discos, o software é vendidos em CDs. Porém a música e o código não precisam estar em um meio físico, dentro de uma embalagem, para chegarem às pessoas. Música e programas são arquivos que podem ser transmitidos pela internet.

A Microsoft, a maior empresa de software e também a mais pirateada, vai começar a mudar sua política comercial. Vai também alugar seus programas, que estarão baseados na internet. Você não vai mais comprar o Word, o Windows e o Excel – vai pagar um pouquinho por mês e usar outros programas também.

Este novo canal de venda também se aplica à música. Pesquisa realizada entre universitários nos Estados Unidos pela Webnoize Research indica que a maioria usa o Napster direto. Isso todo mundo sabe. O interessante é um outro dado: os heavy user, que procuram músicas freqüentemente, pagariam de bom grado US$ 15 dólares por mês para poder continuar baixando arquivos.

Outras pesquisas semelhantes já apontaram a aceitação por parte do público de algum modelo de assinatura, onde uma taxa mensal dá acesso ilimitado às músicas na internet. Seria a solução para um impasse que não pode durar para sempre - a resistência das gravadoras em vender amplamente quaisquer canções pela internet contra a demanda de um público numeroso, interessado em todo o tipo de música com total escolha.

Todas as grandes empresas de internet estão de olho neste mercado, que inclui também filmes, vídeos e games. Há mercado e há tecnologia. Faltam as gravadoras consentirem em um preço justo – considerando o público não está recebendo um CD, mas um arquivo de computador. Pode tranqüilamente ser um formato alternativo ao MP3, como Windows Media, por exemplo, com restrições a cópias, desde que sem exageros.

Para este sistema tornar-se popular, é preciso que todas as gravadoras coloquem todas as suas músicas disponíveis para download ou streaming. Todos os artistas, todos os estilos.

Faça as contas. Se milhões de pessoas no mundo pagam um valor mensal, por que não valeria a pena? Um sistema de assinatura com gerenciamento de direitos e proteção contra cópias indevidas não vai destruir o CD. Será mais um canal de vendas, beneficiando artistas e músicos cujos discos são difíceis de encontrar no varejo.

Há público interessado em pagar e os arquivos MP3 tendem a ser substituídos por outros formatos mais seguros. É o que vai acabar acontecendo porque a indústria de software está doida para que isso aconteça, os grandes portais de internet também e o público igualmente.

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