Nação Zumbi e Rappa sacodem primeira noite do Abril Pro Rock
Na abertura da nona edição do festival em Recife, brasileiros desbancam até os esperados ingleses do Asian Dub Foundation, que só entraram no palco às três da manhã
Débora Nascimento
21/04/2001
RECIFE - Assim como prometido, a nona edição do Abril Pro Rock começou ontem às 21h no Centro de Convenções de Pernambuco, na fronteira entre Recife e Olinda. Com uma competente embolada, a dupla Pinto e Rouxinol deu início ao evento que traz no título a palavra rock. Uma platéia ávida por diversão concentrou-se em frente ao palco secundário para conferir o bom humor dessa dupla originária do município de Gravatá (a 85 km de Recife). Há 18 anos juntos, os dois são responsáveis por alguns dos maiores clássicos da embolada pernambucana, como a composição Ladrão Besta e o Sabido, famosa na voz da dupla de repentistas Caju e Castanha (para quem não se lembra, a voz de Castanha, ainda menino, abre o CD O Dia em Que Faremos Contato , de Lenine).
Em seguida ao show, composto apenas por dois pandeiros e duas vozes que se revezavam, o palco secundário recebeu a banda pernambucana D-Urb, que também foi uma das atrações do Rec Beat, festival que acontece durante o carnaval e que, em sua última edição, teve como atração principal a banda americana Mudhoney. Integrada pelo DJ Walter (samples e teclados), Hamilton (guitarras), Romildo (baixo), China (vocais) e Chegado MC (vocais), o D-Urb detonou um mix de texturas eletrônicas com o som punk hardcore.
Apesar de ter dado tudo de si, a banda mais serviu como um aperitivo para o espetáculo da Nação Zumbi, que prometia realizar o show da sua vida. A banda do falecido Chico Science soltou a pancada sonora das alfaias (tambores de maracatu), aliada à guitarra de Lúcio Maia e ao vocal de Jorge du Peixe (que está mais tranqüilo como bandleader). Logo quando pisou no palco do APR, a Nação Zumbi foi ovacionada por uma platéia formada por jovens com idades entre 13 e 17 anos, alguns dos quais nunca haviam tido a oportunidade de assistir a uma performance do Dr Charles Zambohead (ou seja, Chico Science).
Balé e ciranda na festa
No palco principal, a muralha de tambores conquistou a massa de sete mil pessoas (número informado pelo produtor Paulo André Pires, ex-empresário da Nação). No set list da banda, destacou-se a versão de Quando a Maré Encher (grande hit da pernambucana Eddie), que está puxando o seu quarto disco, Radio S.Amb.A (YBrasil Music). Também foram grandes momentos da apresentação (aliás, a melhor da Nação, desde a morte de Chico, em 2 de fevereiro de 1997) os clássicos Banditismo por uma Questão de Classe, Da Lama ao Caos e Manguetown, assinadas pelo mangueboy-mor. Isto sem contar com as participações do balé de meninas carentes Majê Molê (do bairro de Peixinhos, Zona Norte da cidade) e da diva da ciranda, Lia de Itamaracá, uma espécie de Clementina de Jesus local.
Após o show da Nação, parte da platéia aproveitou para comer um cachorro quente (R$ 1), tomar cerveja (R$ 1,50), ir ao banheiro ou comprar produtos na feirinha, localizada na parte lateral do palco. Os mais interessados, no entanto, permaneceram em frente ao palco secundário, onde aconteceu o espetáculo do grupo Bom Sucesso Samba Club (Bom Sucesso é uma referência ao famoso clube que existe no Alto José do Pinho, bairro da Zona Norte de Recife, onde surgiu a banda Devotos. Já o "samba club" é só bossa).
Liderada por Roger Man, ex-baixista do Eddie, a banda foi a brecha para caminhos mais experimentais, numa noite que trazia o som bem definido do Rappa. Os sete integrantes, quatro deles percussionistas (entre os quais Karina Buhr, do Comadre Florzinha), liquidificaram alguns gêneros, como o trip hop e o drum'n'bass, mas no final não conseguiram cooptar muita gente para dançar.
Enfim, às 0h40, o Rappa subiu ao palco principal com a autoridade de banda que conseguiu arrebanhar bem mais da metade do público presente. O serelepe Falcão pôs seu vozeirão e seus dreadlocks a serviço de uma audiência disposta a entoar não só os hits do grupo (muito deles do CD Rappa Mundi ), mas até as músicas mais desconhecidas do seu mais recente álbum, Lado B, Lado A , que foram cantadas sílaba a sílaba pela multidão. Realmente, foi o ponto alto da noite, ao contrário dos esperados britânicos do Asian Dub Foundation (que perderam boa parte da platéia, afinal o relógio já batia as três da matina), penúltima estrela da noite. Depois, o DJ Amon Tobin encarregou-se da árdua tarefa de balançar as últimas células acordadas dos sobreviventes da sexta-feira.
Em seguida ao show, composto apenas por dois pandeiros e duas vozes que se revezavam, o palco secundário recebeu a banda pernambucana D-Urb, que também foi uma das atrações do Rec Beat, festival que acontece durante o carnaval e que, em sua última edição, teve como atração principal a banda americana Mudhoney. Integrada pelo DJ Walter (samples e teclados), Hamilton (guitarras), Romildo (baixo), China (vocais) e Chegado MC (vocais), o D-Urb detonou um mix de texturas eletrônicas com o som punk hardcore.
Apesar de ter dado tudo de si, a banda mais serviu como um aperitivo para o espetáculo da Nação Zumbi, que prometia realizar o show da sua vida. A banda do falecido Chico Science soltou a pancada sonora das alfaias (tambores de maracatu), aliada à guitarra de Lúcio Maia e ao vocal de Jorge du Peixe (que está mais tranqüilo como bandleader). Logo quando pisou no palco do APR, a Nação Zumbi foi ovacionada por uma platéia formada por jovens com idades entre 13 e 17 anos, alguns dos quais nunca haviam tido a oportunidade de assistir a uma performance do Dr Charles Zambohead (ou seja, Chico Science).
Balé e ciranda na festa
No palco principal, a muralha de tambores conquistou a massa de sete mil pessoas (número informado pelo produtor Paulo André Pires, ex-empresário da Nação). No set list da banda, destacou-se a versão de Quando a Maré Encher (grande hit da pernambucana Eddie), que está puxando o seu quarto disco, Radio S.Amb.A (YBrasil Music). Também foram grandes momentos da apresentação (aliás, a melhor da Nação, desde a morte de Chico, em 2 de fevereiro de 1997) os clássicos Banditismo por uma Questão de Classe, Da Lama ao Caos e Manguetown, assinadas pelo mangueboy-mor. Isto sem contar com as participações do balé de meninas carentes Majê Molê (do bairro de Peixinhos, Zona Norte da cidade) e da diva da ciranda, Lia de Itamaracá, uma espécie de Clementina de Jesus local.
Após o show da Nação, parte da platéia aproveitou para comer um cachorro quente (R$ 1), tomar cerveja (R$ 1,50), ir ao banheiro ou comprar produtos na feirinha, localizada na parte lateral do palco. Os mais interessados, no entanto, permaneceram em frente ao palco secundário, onde aconteceu o espetáculo do grupo Bom Sucesso Samba Club (Bom Sucesso é uma referência ao famoso clube que existe no Alto José do Pinho, bairro da Zona Norte de Recife, onde surgiu a banda Devotos. Já o "samba club" é só bossa).
Liderada por Roger Man, ex-baixista do Eddie, a banda foi a brecha para caminhos mais experimentais, numa noite que trazia o som bem definido do Rappa. Os sete integrantes, quatro deles percussionistas (entre os quais Karina Buhr, do Comadre Florzinha), liquidificaram alguns gêneros, como o trip hop e o drum'n'bass, mas no final não conseguiram cooptar muita gente para dançar.
Enfim, às 0h40, o Rappa subiu ao palco principal com a autoridade de banda que conseguiu arrebanhar bem mais da metade do público presente. O serelepe Falcão pôs seu vozeirão e seus dreadlocks a serviço de uma audiência disposta a entoar não só os hits do grupo (muito deles do CD Rappa Mundi ), mas até as músicas mais desconhecidas do seu mais recente álbum, Lado B, Lado A , que foram cantadas sílaba a sílaba pela multidão. Realmente, foi o ponto alto da noite, ao contrário dos esperados britânicos do Asian Dub Foundation (que perderam boa parte da platéia, afinal o relógio já batia as três da matina), penúltima estrela da noite. Depois, o DJ Amon Tobin encarregou-se da árdua tarefa de balançar as últimas células acordadas dos sobreviventes da sexta-feira.
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