Nada de novo no disco "mais esperado do ano"

Apesar das músicas inéditas, com as declarações de amor de Roberto Carlos pela falecida mulher, Maria Rita, Amor Sem Limite é tão burocrático quanto os seus últimos discos

Silvio Essinger
15/12/2000
Segunda-feira que vem, o Brasil já tem uma desculpa para dar uma escapadinha do serviço: "Fui comprar o CD do Roberto e já volto". Esta é a frase da campanha publicitária de TV, dirigida por Roberto Talma, daquele que se apresenta como o disco "mais esperado do ano". O que não deixa de ser, afinal há quatro anos o maior cantor romântico do país não lança um disco com a maior parte de suas músicas inéditas: em 97, foi a coletânea de canções em espanhol Canciones Que Amo, em 98 o disco de regravações Roberto Carlos (com apenas quatro composições novas) e, ano passado, a coletânea de sucessos religiosos Mensagens.

Reprodução da capa
O novo Amor Sem Limites (coisa rara, um disco de Roberto que não tem seu nome como título) chega às lojas na segunda acompanhado de um pacotão de fim de Natal do Rei: um DVD com três de seus filmes (Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa, Roberto Carlos em Ritmo de Aventura, ambos de 68, e A 300 km por Hora, de 71), além do relançamento das cópias remasterizadas e remixadas de seus 42 LPs (boa parte deles intitulada Roberto Carlos). E na próxima quinta-feira, vai ao ar o seu tradicional especial de TV da Rede Globo, gravado no Rio de Janeiro três dias atrás.

Amor Sem Limite é o álbum que Roberto Carlos dedicou à mulher, Maria Rita, que morreu em dezembro do ano passado, de câncer. Distante do seu tradicional parceiro Erasmo Carlos (os dois assinam apenas uma inédita, a religiosa de praxe Tu És a Verdade, Jesus) e com olhar mais triste já visto em qualquer capa de seus discos, Roberto assina sozinho canções que são um relato de sua história com Maria Rita. Em O Grande Amor da Minha Vida, ele revela o começo de tudo: "Te beijei na boca e percebi/ que era seu primeiro beijo/ respeitei você, sua inocência/ e ignorei o meu desejo". Já em O Grude (Um do Outro), a relação se tornou irreversível: "Se você fica triste, quem chora sou eu". Por fim, em O Amor É Mais, o recado mais que sério: "Amar como eu te amo/ só uma vez na vida".

Mas que ninguém ache que há uma enxurrada de novidades em Amor Sem Limite. Três das dez faixas, parcerias Roberto-Erasmo, são regravações: Eu Te Amo Tanto (que já estava no CD de 98), Quando Digo Que Te Amo (do Roberto Carlos de 96) e a sacudida Mulher Pequena (do disco de 92). Os arranjos, a execução e a produção são tão burocráticos quanto em qualquer dos últimos CDs do Rei. A faixa de trabalho, Amor Sem Limite, até que poderia render mais numa outra roupagem - fica para a próxima. Roberto segue apresentando ao vivo as músicas de Amor Sem Limite (que ainda tem as canções Tudo, de Martinha, e Momentos Tão Bonitos, de Eduardo Lages e Paulo Sérgio Valle) em uma turnê pelo Nordeste, que começou no dia 11 de novembro, no Ginásio Geraldão, em Recife.