Nana Caymmi: tudo diferente, tudo como antes
Cantora lança Desejo, sua estréia na gravadora Universal, investindo em novo repertório
Marco Antonio Barbosa e Mônica Loureiro
02/08/2001
Tudo novo para Nana Caymmi, é o que sinaliza o álbum Desejo - disco composto basicamente por canções inéditas e que também marca a estréia de Nana na gravadora Universal Music, depois de 22 anos e 13 álbuns pela EMI. Entretanto, apesar de tantas novidades, a própria baiana garante que continua a mesma; independente, fiel aos parceiros de sempre e imprevisível. Ela mesma é quem assegura: "No meu método de trabalho, nada mudou. Estou com os mesmos músicos de sempre, gravo e canto da mesma maneira. A mudança de gravadora foi só um passeio que eu quis dar", afirma a cantora sobre sua (suposta) nova fase. Quanto ao "passeio" de uma gravadora a outra, Nana esclarece: "Na verdade eu fui em busca de uma maior agressividade. É uma postura que o próprio mercado fonográfico pede. A Universal tem uma política de vendas e publicidade mais forte, e a EMI é uma gravadora mais inglesa, retraída..."
Numa época em que a apelação aos "acústicos" e "ao vivos" domina um mercado fonográfico conservador, Nana vem na contramão e grava um álbum dominado por canções novas em folha. "Simplesmente não havia outro jeito, eu tinha de fazer um disco assim", diz Nana. "É um repertório que eu já venho coletando há muito tempo. Recebo muitas fitas e CDs com músicas novas, de compositores desconhecidos e de gente de renome também. E todas são ouvidas, sem exceção. Peço ajuda ao José Milton (produtor de vários discos de Nana e de Desejo também) , aos meus filhos. São sacos e mais sacos de material. Não vai faltar música boa para 2002."
Esta decisão criativa um tanto ousada não foi tomada sem algum sobressalto por parte da filha de Dorival Caymmi. "Mostrar um repertório todo novo para o público é sempre arriscado", admite. "Ainda assim, todos os compositores que foram incluídos no disco eu já conhecia e já tinha gravado anteriormente - menos o Kiko Furtado (parceiro de Abel Silva em Lero do Bolero). O CD saiu exatamente do jeito que eu queria. Os arranjos ficaram ótimos, os arranjadores foram muito competentes", considera a cantora, elogiando os responsáveis: Cristóvão Bastos e os irmãos Dori e Danilo.
É, como Nana mesmo admite, um reencontro de velhos parceiros. Do produtor José Milton a compositores como Ivan Lins, Fátima Guedes e Cristóvão Bastos, o clima é de reunião. "Fiz questão que saísse a foto de todos os 'mentores' do disco no encarte do CD", diz Nana. Por falar em velhos parceiros, nada mais "em casa" do que a presença do irmão Dori, que assina a faixa de abertura, Saudades de Amar. "Essa aí abriu o disco por causa da novela", fala Nana, referindo-se ao fato da canção estar na trilha da telenovela Porto dos Milagres. "Essa música foi escrita pelo Dori em inglês, e o Paulo César Pinheiro fez a letra em português. Ficou bom", diz a cantora.
Seguindo na seara das novidades, Desejo traz o registro da primeira parceria entre Erasmo Carlos e Marcos Valle, em Frases do Silêncio. "A letra é do Erasmo e a música do Marcos. É um arraso. Seria ideal para abrir o disco", diz Nana. Lero do Bolero sinaliza o retorno da cantora ao boleros, que dominaram o repertório de seus álbuns Sangre de Mi Alma (2000) e Bolero (1993). "Foi um acidente de percurso. Dei um tempo nos boleros", brinca a cantora sobre a canção.
Dentro do repertório escolhido com calma e critério, Nana conta que duas faixas acabaram entrando no álbum "de raspão", como ela mesma classifica. "É muito difícil entrarem coisas de última hora em meus discos. Não gosto de trabalhar sob pressão, faço tudo com muita antecedência. Desta vez aconteceu das músicas do Cristóvão bastos & Dudu Falcão (Esse Vazio) e da Sueli Costa com o Fausto Nilo (Fumaça das Horas) entrarem já no segundo tempo. Eu as incluí porque além de serem ótimas canções, vêm de gente com quem tenho uma relação de longa data", diz a cantora.
Relações de longa data também não faltam em Desejo. Ivan Lins, amigo antigo e um dos compositores mais presentes na carreira de Nana, forneceu Só Prazer e Fogueiras. "O plano era que entrasse apenas Só Prazer, já estava tudo certinho, ensaiado... Mas a gente se encontrou um dia e ele cantou para mim Fogueiras. Eu enlouqueci! O engraçado é que eu nem conhecia a música, achei que era nova, mas ele mesmo já gravou (no álbum Amar Assim , de 1989). Passou despercebida por mim", lembra Nana. Ivan também participou da gravação tocando piano nas duas canções.
Outro convidado de peso é Zeca Pagodinho, que apesar de musicalmente antípoda a Nana, é mais um bom amigo pessoal da cantora. "Conheço pessoalmente e sou fã dele há anos, tenho todos os discos. Sempre tive vontade de cantar com ele, há um tempo atrás só não fiz um dueto com ele num desses projetos Casa de Samba por incompatibilidade de agendas", diz Nana sobre o sambista, que dueta com ela na faixa Vou Ver Juliana (de "papai" Dorival). É o único momento mais dançante do álbum. "Minha praia é a balada, a música romântica, mas eu também adoro samba", admite Nana.
Na "seção família" do álbum, vêm as sobrinhas Juliana e Alice, filhas de Danilo. Juliana - sim, a personagem principal de Vou Ver Juliana - compôs letra e música de Seus Olhos, que foi interpretada por Nana e Alice. "Este é um momento muito importante para Juliana, ela acabou de dar à luz a João Cândido, o primeiro bisneto homem de meu pai. É muito bom ter um talento como o dela na família, me enche de orgulho", elogia Nana. "Já a Alice, que canta comigo, tem 11 anos, canta por esporte. É muito pequenininha, ainda vai entrar na muda... A música foi uma boa união, eu queria uma voz infantil me acompanhando e ela deu uma cobertura para a tia."
Numa época em que a apelação aos "acústicos" e "ao vivos" domina um mercado fonográfico conservador, Nana vem na contramão e grava um álbum dominado por canções novas em folha. "Simplesmente não havia outro jeito, eu tinha de fazer um disco assim", diz Nana. "É um repertório que eu já venho coletando há muito tempo. Recebo muitas fitas e CDs com músicas novas, de compositores desconhecidos e de gente de renome também. E todas são ouvidas, sem exceção. Peço ajuda ao José Milton (produtor de vários discos de Nana e de Desejo também) , aos meus filhos. São sacos e mais sacos de material. Não vai faltar música boa para 2002."
Esta decisão criativa um tanto ousada não foi tomada sem algum sobressalto por parte da filha de Dorival Caymmi. "Mostrar um repertório todo novo para o público é sempre arriscado", admite. "Ainda assim, todos os compositores que foram incluídos no disco eu já conhecia e já tinha gravado anteriormente - menos o Kiko Furtado (parceiro de Abel Silva em Lero do Bolero). O CD saiu exatamente do jeito que eu queria. Os arranjos ficaram ótimos, os arranjadores foram muito competentes", considera a cantora, elogiando os responsáveis: Cristóvão Bastos e os irmãos Dori e Danilo.
É, como Nana mesmo admite, um reencontro de velhos parceiros. Do produtor José Milton a compositores como Ivan Lins, Fátima Guedes e Cristóvão Bastos, o clima é de reunião. "Fiz questão que saísse a foto de todos os 'mentores' do disco no encarte do CD", diz Nana. Por falar em velhos parceiros, nada mais "em casa" do que a presença do irmão Dori, que assina a faixa de abertura, Saudades de Amar. "Essa aí abriu o disco por causa da novela", fala Nana, referindo-se ao fato da canção estar na trilha da telenovela Porto dos Milagres. "Essa música foi escrita pelo Dori em inglês, e o Paulo César Pinheiro fez a letra em português. Ficou bom", diz a cantora.
Seguindo na seara das novidades, Desejo traz o registro da primeira parceria entre Erasmo Carlos e Marcos Valle, em Frases do Silêncio. "A letra é do Erasmo e a música do Marcos. É um arraso. Seria ideal para abrir o disco", diz Nana. Lero do Bolero sinaliza o retorno da cantora ao boleros, que dominaram o repertório de seus álbuns Sangre de Mi Alma (2000) e Bolero (1993). "Foi um acidente de percurso. Dei um tempo nos boleros", brinca a cantora sobre a canção.
Dentro do repertório escolhido com calma e critério, Nana conta que duas faixas acabaram entrando no álbum "de raspão", como ela mesma classifica. "É muito difícil entrarem coisas de última hora em meus discos. Não gosto de trabalhar sob pressão, faço tudo com muita antecedência. Desta vez aconteceu das músicas do Cristóvão bastos & Dudu Falcão (Esse Vazio) e da Sueli Costa com o Fausto Nilo (Fumaça das Horas) entrarem já no segundo tempo. Eu as incluí porque além de serem ótimas canções, vêm de gente com quem tenho uma relação de longa data", diz a cantora.
Relações de longa data também não faltam em Desejo. Ivan Lins, amigo antigo e um dos compositores mais presentes na carreira de Nana, forneceu Só Prazer e Fogueiras. "O plano era que entrasse apenas Só Prazer, já estava tudo certinho, ensaiado... Mas a gente se encontrou um dia e ele cantou para mim Fogueiras. Eu enlouqueci! O engraçado é que eu nem conhecia a música, achei que era nova, mas ele mesmo já gravou (no álbum Amar Assim , de 1989). Passou despercebida por mim", lembra Nana. Ivan também participou da gravação tocando piano nas duas canções.
Outro convidado de peso é Zeca Pagodinho, que apesar de musicalmente antípoda a Nana, é mais um bom amigo pessoal da cantora. "Conheço pessoalmente e sou fã dele há anos, tenho todos os discos. Sempre tive vontade de cantar com ele, há um tempo atrás só não fiz um dueto com ele num desses projetos Casa de Samba por incompatibilidade de agendas", diz Nana sobre o sambista, que dueta com ela na faixa Vou Ver Juliana (de "papai" Dorival). É o único momento mais dançante do álbum. "Minha praia é a balada, a música romântica, mas eu também adoro samba", admite Nana.
Na "seção família" do álbum, vêm as sobrinhas Juliana e Alice, filhas de Danilo. Juliana - sim, a personagem principal de Vou Ver Juliana - compôs letra e música de Seus Olhos, que foi interpretada por Nana e Alice. "Este é um momento muito importante para Juliana, ela acabou de dar à luz a João Cândido, o primeiro bisneto homem de meu pai. É muito bom ter um talento como o dela na família, me enche de orgulho", elogia Nana. "Já a Alice, que canta comigo, tem 11 anos, canta por esporte. É muito pequenininha, ainda vai entrar na muda... A música foi uma boa união, eu queria uma voz infantil me acompanhando e ela deu uma cobertura para a tia."