Não o fim, mas um novo começo
Sem sair do Barão Vermelho, Roberto Frejat inaugura sua carreira solo com o álbum Amor Pra Recomeçar e assume-se como romântico
Marco Antonio Barbosa
22/08/2001
"As pessoas vão ter que se acostumar com a idéia de me ouvir cantando sozinho, ou com outras pessoas que não o Barão Vermelho. Este CD não é um 'projeto', é o começo de uma nova carreira". Frase de Roberto Frejat, guitarrista e cantor do Barão, sobre o desafio que se apresenta à sua frente: uma trajetória solo, depois de quase duas décadas como parte fundamental de uma das mais consagradas bandas de rock'n'roll brasileiras. Frejat acaba de lançar Amor Pra Recomeçar , primeiro passo de uma carreira solo que A) veio para ficar e B) não simboliza o fim do Barão. Ao menos, é o que o cantor garante.
Aos 39 anos de idade, Frejat não pode nem quer escapar da sombra do Barão nesta carreira solo. Portanto, Amor Pra Recomeçar não radicaliza muito e mostra basicamente o mesmo cantor/compositor que lidera o grupo desde a saída de Cazuza, há longínquos 16 anos. "Tem semelhanças com o Barão; eu sou a mesma pessoa dentro e fora do grupo. E eu estou muito presente no processo criativo do grupo. Acho que este CD mostra com exatidão o estágio em que eu me encontro como compositor", diz Frejat.
E é um estágio que - já a partir da faixa-título, que puxa o álbum nas rádios - é bastante romântico. "Quando parei para pensar neste álbum solo - isso, ainda em 1999 - resolvi dar 'uma cara' para o conjunto de canções. E eu queria cantar sobre o amor, algo que eu sempre fiz. Mas sem aquela coisa baba; são canções que falam do relacionamento a dois e dos sentimentos, sem apelações. Gosto de pensar que sou um cantor romântico, só que sem o verniz brega", arrisca Frejat. Quando o Amor Era Medo, Segredos, Eu Não Sei Dizer Te Amo e Homem Não Chora são só algumas das faixas que revelam esta disposição.
As canções do disco novo (produzido pelo onipresente Tom Capone) são basicamente criações recentes, feitas com uma grande variedade de parceiros. "Quase todas as músicas foram compostas de 1999 para cá", diz Frejat. "Pude escolher os parceiros que eu queria, por afinidade pessoal e musical e também por curiosidade, vontade de trabalhar junto." Destacam-se Marisa Monte (que assina No Escuro e Vendo, com Arnaldo Antunes), Humberto Effe (em Sol de Domingo), Lenine (Ela, também com Arnaldo) e até o agitador cultural Bruno Levinson (que teve seu poema Eu Não Sei Dizer Te Amo musicado e cedeu a letra para Som e Fúria).
Além dos novos parceiros, Frejat também encontrou espaço para os velhos colaboradores Maurício Barros e Mauro Santa Cecília (co-autor do sucesso Por Você), e os companheiros Fernando Magalhães e Rodrigo Santos (respectivamente guitarra e baixo do Barão). Exceção à safra de canções recentes são Você Se Parece Com Todo Mundo, parceria com Cazuza registrada no terceiro álbum do Barão (em 1984) e Segredos, escrita em 1986. "Esta é uma raridade", afirma Frejat sobre Segredos. "É uma das poucas músicas nas quais eu fiz letra e melodia."
Outro onipresente que bate ponto no álbum é Max de Castro, produzindo três das 13 faixas. "O Max entrou bem no lado mais soul do disco, que é uma porção bem presente no meu trabalho, junto ao pop-rock. Na verdade esta imagem que eu tenho, o do roqueirão radical, é uma coisa ditada pela mídia", fala o cantor. "Eu ouço de tudo, gosto de samba, jazz, chorinho. E quero que isso se reflita em minha música. Mas é claro que nunca vou chegar a gravar um disco de samba, nem sair por aí abraçado com o Nelson Sargento (risos). Apesar de meu universo ser o pop-rock, sou um ouvinte aberto." Tão aberto que, para os shows de sua turnê solo, Frejat está preparando uma versão de A Praieira, "clássico" do manguebeat lançado por Chico Science.
Seria um "novo" Frejat, que não caberia mais nos limites do Barão Vermelho? É por isso que o grupo se encontra paralisado no momento? "Não... na verdade, eu vi que o Barão tinha de parar por mais tempo que o planejado. Temos de tirar um período para reavaliar, repensar o grupo, até mesmo para podermos voltar mais fortes - e fazer discos que valham a pena, que estejam à altura do nome do Barão", afirma Frejat. "Tínhamos resolvido dar um tempo de um ano e retomar os trabalhos em 2002, mas definitivamente não vamos lançar nada no ano que vem."
O cantor pausa para refletir sobre a situação de sua banda: "O Barão não pode virar uma 'instituição permanentemente na estrada', como já estava virando. Começávamos uma turnê, gravavámos um disco novo nas pausas entre os shows, daí voltávamos para a estrada com o repertório novo... Não dava mais para continuar assim, tem de ter um intervalo". E Frejat chega a afirmar: "Se não tirássemos este tempo maior, acho mesmo que o futuro da banda seria bem mais curto. Poderíamos entrar num processo de canibalização da própria banda."
Ao mesmo tempo, o vocalista nega que esteja desistindo do Barão e vê total coerência em manter-se solo e com o grupo. "Aqui no Brasil isso não é muito comum, mas lá fora sim - as duas carreiras seguem e uma atrapalha a outra", fala. O grupo volta a se reunir em março do ano que vem para decidir seu futuro. Ele afirma também ter plena fé em muitos outros anos de vida para o Barão Vermelho. "Grupos como o nosso e outros, da mesma geração e que ainda estão por aí - os Titãs, o Kid Abelha, o Ira! - já tiveram coisas relevantes a dizer e ainda terão no futuro. Claro que há altos e baixos, e uma banda com 20 anos de estrada já não está mais em seu apogeu criativo - ninguém estaria. Mas ainda temos consistência suficiente para nos mantermos."
Aos 39 anos de idade, Frejat não pode nem quer escapar da sombra do Barão nesta carreira solo. Portanto, Amor Pra Recomeçar não radicaliza muito e mostra basicamente o mesmo cantor/compositor que lidera o grupo desde a saída de Cazuza, há longínquos 16 anos. "Tem semelhanças com o Barão; eu sou a mesma pessoa dentro e fora do grupo. E eu estou muito presente no processo criativo do grupo. Acho que este CD mostra com exatidão o estágio em que eu me encontro como compositor", diz Frejat.
E é um estágio que - já a partir da faixa-título, que puxa o álbum nas rádios - é bastante romântico. "Quando parei para pensar neste álbum solo - isso, ainda em 1999 - resolvi dar 'uma cara' para o conjunto de canções. E eu queria cantar sobre o amor, algo que eu sempre fiz. Mas sem aquela coisa baba; são canções que falam do relacionamento a dois e dos sentimentos, sem apelações. Gosto de pensar que sou um cantor romântico, só que sem o verniz brega", arrisca Frejat. Quando o Amor Era Medo, Segredos, Eu Não Sei Dizer Te Amo e Homem Não Chora são só algumas das faixas que revelam esta disposição.
As canções do disco novo (produzido pelo onipresente Tom Capone) são basicamente criações recentes, feitas com uma grande variedade de parceiros. "Quase todas as músicas foram compostas de 1999 para cá", diz Frejat. "Pude escolher os parceiros que eu queria, por afinidade pessoal e musical e também por curiosidade, vontade de trabalhar junto." Destacam-se Marisa Monte (que assina No Escuro e Vendo, com Arnaldo Antunes), Humberto Effe (em Sol de Domingo), Lenine (Ela, também com Arnaldo) e até o agitador cultural Bruno Levinson (que teve seu poema Eu Não Sei Dizer Te Amo musicado e cedeu a letra para Som e Fúria).
Além dos novos parceiros, Frejat também encontrou espaço para os velhos colaboradores Maurício Barros e Mauro Santa Cecília (co-autor do sucesso Por Você), e os companheiros Fernando Magalhães e Rodrigo Santos (respectivamente guitarra e baixo do Barão). Exceção à safra de canções recentes são Você Se Parece Com Todo Mundo, parceria com Cazuza registrada no terceiro álbum do Barão (em 1984) e Segredos, escrita em 1986. "Esta é uma raridade", afirma Frejat sobre Segredos. "É uma das poucas músicas nas quais eu fiz letra e melodia."
Outro onipresente que bate ponto no álbum é Max de Castro, produzindo três das 13 faixas. "O Max entrou bem no lado mais soul do disco, que é uma porção bem presente no meu trabalho, junto ao pop-rock. Na verdade esta imagem que eu tenho, o do roqueirão radical, é uma coisa ditada pela mídia", fala o cantor. "Eu ouço de tudo, gosto de samba, jazz, chorinho. E quero que isso se reflita em minha música. Mas é claro que nunca vou chegar a gravar um disco de samba, nem sair por aí abraçado com o Nelson Sargento (risos). Apesar de meu universo ser o pop-rock, sou um ouvinte aberto." Tão aberto que, para os shows de sua turnê solo, Frejat está preparando uma versão de A Praieira, "clássico" do manguebeat lançado por Chico Science.
Seria um "novo" Frejat, que não caberia mais nos limites do Barão Vermelho? É por isso que o grupo se encontra paralisado no momento? "Não... na verdade, eu vi que o Barão tinha de parar por mais tempo que o planejado. Temos de tirar um período para reavaliar, repensar o grupo, até mesmo para podermos voltar mais fortes - e fazer discos que valham a pena, que estejam à altura do nome do Barão", afirma Frejat. "Tínhamos resolvido dar um tempo de um ano e retomar os trabalhos em 2002, mas definitivamente não vamos lançar nada no ano que vem."
O cantor pausa para refletir sobre a situação de sua banda: "O Barão não pode virar uma 'instituição permanentemente na estrada', como já estava virando. Começávamos uma turnê, gravavámos um disco novo nas pausas entre os shows, daí voltávamos para a estrada com o repertório novo... Não dava mais para continuar assim, tem de ter um intervalo". E Frejat chega a afirmar: "Se não tirássemos este tempo maior, acho mesmo que o futuro da banda seria bem mais curto. Poderíamos entrar num processo de canibalização da própria banda."
Ao mesmo tempo, o vocalista nega que esteja desistindo do Barão e vê total coerência em manter-se solo e com o grupo. "Aqui no Brasil isso não é muito comum, mas lá fora sim - as duas carreiras seguem e uma atrapalha a outra", fala. O grupo volta a se reunir em março do ano que vem para decidir seu futuro. Ele afirma também ter plena fé em muitos outros anos de vida para o Barão Vermelho. "Grupos como o nosso e outros, da mesma geração e que ainda estão por aí - os Titãs, o Kid Abelha, o Ira! - já tiveram coisas relevantes a dizer e ainda terão no futuro. Claro que há altos e baixos, e uma banda com 20 anos de estrada já não está mais em seu apogeu criativo - ninguém estaria. Mas ainda temos consistência suficiente para nos mantermos."