Nordeste vira o principal palco de renovação do pop-rock brasileiro
Dos grupos paraibanos aos cariocas, todos os caminhos levam ao Mada
Mario Marques
22/05/2001
Ao lado do palco, Ilson Barros e César esticam-se num canto esperando o dia seguinte ao show que fizeram com o Pau de Dá em Doido, na última quinta-feira, ansiosos pela repercussão. Os dois integrantes do grupo conseguiram uma van para se apresentar na terceira edição do Mada, em Natal, mas não tinham lugar para dormir. Sem problemas: valia tudo para contatar olheiros de todo o Brasil presentes ao evento. Vindo de João Pessoa, reforçando uma delegação de quatro bandas da Paraíba, o PDD foi um dos destaques do festival, assim como seus conterrâneos.
"A Paraíba arrebentou", analisou Felipe Llerena, executivo do selo carioca Nikita. "A qualidade dos grupos de lá me surpreendeu." "O Pau de Dá em Doido e o Cabruêra foram os melhores", arremata Gastão Moreira, apresentador do Musikaos da TV Cultura.
Festas de São João, esperança de cachê
Lunik, Cabruêra, Escurinho e Pau de Dá em Doido saíram do festival cheios de telefones de produtores. "Temos viajado de ônibus, de van, de qualquer jeito para mostrarmos nosso trabalho" diz Ilson, vocalista do Pau de Dá em Doido, que tem influências de Jackson do Pandeiro."Não vamos parar agora durante as festas de São João."
Para o VJ da MTV Fábio Massari, estar no Mada era a certeza de estar testemunhando o início de uma geração. "O Abril Pro Rock é hoje um festival de bandas conhecidas, está mais interessado em atrair público" diz Massari, destacando, como a maioria, o Pau de Dá em Doido. "O Mada tem charme." Produtor do festival, Jomardo Jomas teve dificuldades para realizar o evento. Enquanto o Porão do Rock de Brasília trabalha com orçamento de mais de R$ 1 milhão e o Abril Pro Rock de Recife ultrapassa a faixa dos R$ 100 mil, o Mada recebeu da Prefeitura de Natal e do governo do estado míseros R$ 28 mil. "O resto paguei do bolso, peguei um pouco aqui e ali", reclama o produtor. "Falta visão e inteligência às pessoas que comandam o turismo e a cultura aqui. Não dá."
Nos bastidores do festival foi curiosa a corrida das bandas atrás de produtores e imprensa do eixo Rio-São Paulo. Todas trazem debaixo do braço o kit-esperança (CD, release e camiseta) torcendo para que seu material (sua música, enfim) vá parar na mesa de um executivo de gravadora. A batalha é dura e invariavelmente inglória, porque a cada 20 nomes apenas um, avaliam os produtores, é aproveitado por alguma companhia. Aconteceu ano passado com o Flávio Cavalcanti, contratado pela Virgin. O grupo, entretanto, ainda espera um Ok da gravadora para ver o CD nas lojas.
"Estamos gravando o segundo disco e contamos muito com a divulgação fora daqui para mostrar nosso trabalho às gravadoras", admite Anderson, cantor e líder do natalense Officina, que mistura reggae, rock e hip hop.
Acima da média, a escalação do festival teve como destaques, além dos paraibanos, os locais Peixe-Coco, Embolafunk, Brigitte Beréu, General Junkie e Parole, e até novos grupos cariocas como Leela e Detonautas (o grande nome do evento). Ao final das três noites, foi anunciada uma versão do Mada em João Pessoa, programada para setembro. O rock não pára no Nordeste.
"A Paraíba arrebentou", analisou Felipe Llerena, executivo do selo carioca Nikita. "A qualidade dos grupos de lá me surpreendeu." "O Pau de Dá em Doido e o Cabruêra foram os melhores", arremata Gastão Moreira, apresentador do Musikaos da TV Cultura.
Festas de São João, esperança de cachê
Lunik, Cabruêra, Escurinho e Pau de Dá em Doido saíram do festival cheios de telefones de produtores. "Temos viajado de ônibus, de van, de qualquer jeito para mostrarmos nosso trabalho" diz Ilson, vocalista do Pau de Dá em Doido, que tem influências de Jackson do Pandeiro."Não vamos parar agora durante as festas de São João."
Para o VJ da MTV Fábio Massari, estar no Mada era a certeza de estar testemunhando o início de uma geração. "O Abril Pro Rock é hoje um festival de bandas conhecidas, está mais interessado em atrair público" diz Massari, destacando, como a maioria, o Pau de Dá em Doido. "O Mada tem charme." Produtor do festival, Jomardo Jomas teve dificuldades para realizar o evento. Enquanto o Porão do Rock de Brasília trabalha com orçamento de mais de R$ 1 milhão e o Abril Pro Rock de Recife ultrapassa a faixa dos R$ 100 mil, o Mada recebeu da Prefeitura de Natal e do governo do estado míseros R$ 28 mil. "O resto paguei do bolso, peguei um pouco aqui e ali", reclama o produtor. "Falta visão e inteligência às pessoas que comandam o turismo e a cultura aqui. Não dá."
Nos bastidores do festival foi curiosa a corrida das bandas atrás de produtores e imprensa do eixo Rio-São Paulo. Todas trazem debaixo do braço o kit-esperança (CD, release e camiseta) torcendo para que seu material (sua música, enfim) vá parar na mesa de um executivo de gravadora. A batalha é dura e invariavelmente inglória, porque a cada 20 nomes apenas um, avaliam os produtores, é aproveitado por alguma companhia. Aconteceu ano passado com o Flávio Cavalcanti, contratado pela Virgin. O grupo, entretanto, ainda espera um Ok da gravadora para ver o CD nas lojas.
"Estamos gravando o segundo disco e contamos muito com a divulgação fora daqui para mostrar nosso trabalho às gravadoras", admite Anderson, cantor e líder do natalense Officina, que mistura reggae, rock e hip hop.
Acima da média, a escalação do festival teve como destaques, além dos paraibanos, os locais Peixe-Coco, Embolafunk, Brigitte Beréu, General Junkie e Parole, e até novos grupos cariocas como Leela e Detonautas (o grande nome do evento). Ao final das três noites, foi anunciada uma versão do Mada em João Pessoa, programada para setembro. O rock não pára no Nordeste.