Novo Rappa é celebração do coletivo
Grupo lança álbum duplo ao vivo, com participação do Sepultura e do Asian Dub Foundation; ouça aqui trechos do novo CD
Alex Menotti (SP) e Marco Antonio Barbosa (Redação)
17/08/2001
Um turbilhão de eventos marcantes envolveu os cariocas d'O Rappa desde o ano passado: a consagração de público e crítica que recepcionou o álbum Lado B Lado A, o tiroteio que vitimou o baterista Marcelo Yuka em novembro de 2000 (deixando-o paraplégico), o crescente envolvimento do grupo com os movimentos de conscientização social no Rio, a colaboração com a banda inglesa Asian Dub Foundation. Tudo isso e mais um pouco está refletido no novíssimo álbum do grupo, Instinto Coletivo , álbum duplo ao vivo complementado por cinco faixas de estúdio. Entre as novas, está Ninguém Regula a América, gravada junto ao Sepultura e apresentada oficialmente ao mundo na festa do sétimo Video Music Brasil (ocorrida ontem, dia 16).
O disco é uma crônica vívida desses meses nos quais o grupo esteve entre o céu e o inferno, mostrando O Rappa justamente em sua base de ação: o palco. "As faixas ao vivo foram gravadas bem no começo da turnê, nos primeiros meses de 2000", conta Yuka, em uma coletiva realizada num hotel paulistano para lançar oficialmente o álbum. Nas 16 músicas registradas ao vivo (durante um único show no Teatro Opinião, em Porto Alegre), o grupo repassa seus maiores sucessos (Miséria S/A, Vapor Barato, Hey Joe, A Feira) e também faixas do então recente Lado B Lado A (A Minha Alma, O Homem Amarelo).
O som do álbum registra bem o punch de que Falcão, Lobato, Xandão, Lauro e (então) Yuka são capazes sobre o palco. As faixas ao vivo têm uma sonoridade urgente, crua, sem maquiagens e overdubs de estúdio. Opção consciente da banda: "Podiamos ter melhorado tudo no estúdio, gravar diferente, dar uns retoques, mas a gente preferiu manter a espontaneidade, não tinha porque fazer diferente do que foi registrado ao vivo”, diz Xandão. Lauro completa: “A gente gosta de podreira mesmo, o que importa para a banda é manter a essência do que foi gravado."
As colaborações com duas bandas de status internacional - o Sepultura e o Asian Dub Foundation - também são destaques no novo álbum. Ninguém Regula a América, verdadeira paulada na qual Falcão divide os vocais com o feroz Derrick Green, do Sepultura, ataca o imperialismo dos EUA frontalmente. "É contra o George W.Bush, diretamente", fala Yuka, autor da letra. O baterista conta como aconteceu a colaboração com os metaleiros: "O Sepultura - sobretudo o Derrick - estava escutando bastante o Lado B Lado A no ano passado. Eles convidaram o Falcão para participar do disco deles, mas acabou não rolando. No fim, rolou no nosso. Sempre teve uma afinidade musical e de postura entre o Rappa e o Sepultura. Hoje em dia isso aumentou, é uma amizade pessoal mesmo."
Com os londrinos do ADF, a afinidade foi ainda maior. Além do grupo inglês partilhar a mesma disposição para misturar rock, rap, raggamuffin, dub e música eletrônica em seu som que O Rappa tem, eles também são especialmente engajados em movimentos sociais. A união das bandas se dá na faixa R.A.M. - remix de uma música do primeiro álbum do Rappa, transformada em drum'n'bass pelo ADF.
"Sempre fomos movidos pela curiosidade. Quando a gente foi mixar o primeiro disco em Londres, em 93, a gente conheceu o jungle e o drum’n’bass, que eram praticamente uma novidade”, conta Lobato. Yuka relembra: "O contato com o ADF vem de longa data. Viajei para Nova York há uns dois ou três anos buscando encontrar artistas que pudessem ter afinidade com O Rappa. Num momento da reunião com o pessoal da gravadora, foi citado o nome do Asian Dub Fundation. Entramos em contato com eles, rolou uma troca de figurinhas." Isso culminou com a brodagem entre os dois grupos durante a visita do ADF ao Brasil em abril - incluindo uma dobradinha nos palcos, no Abril Pro Rock (PE) e no Canecão (RJ).
"Na verdade, é quase um disco de sobras, são músicas das quais a gente está sempre mudando os arranjos", conta Yuka sobre as inéditas do álbum, pegando Milagre como exemplo. "Esta música foi composta há muitos anos. Mas ainda existem várias coisas que a gente gravou que gostaria de lançar...” Além da faixa-título Instinto Coletivo, o disco se completa com Fica Doido Varrido, clássico do samba gravado pelo conjunto Os Cinco Crioulos nos anos 60. A música foi gravada pela banda em um especial de carnaval da MTV, em 1995.
O disco é uma crônica vívida desses meses nos quais o grupo esteve entre o céu e o inferno, mostrando O Rappa justamente em sua base de ação: o palco. "As faixas ao vivo foram gravadas bem no começo da turnê, nos primeiros meses de 2000", conta Yuka, em uma coletiva realizada num hotel paulistano para lançar oficialmente o álbum. Nas 16 músicas registradas ao vivo (durante um único show no Teatro Opinião, em Porto Alegre), o grupo repassa seus maiores sucessos (Miséria S/A, Vapor Barato, Hey Joe, A Feira) e também faixas do então recente Lado B Lado A (A Minha Alma, O Homem Amarelo).
O som do álbum registra bem o punch de que Falcão, Lobato, Xandão, Lauro e (então) Yuka são capazes sobre o palco. As faixas ao vivo têm uma sonoridade urgente, crua, sem maquiagens e overdubs de estúdio. Opção consciente da banda: "Podiamos ter melhorado tudo no estúdio, gravar diferente, dar uns retoques, mas a gente preferiu manter a espontaneidade, não tinha porque fazer diferente do que foi registrado ao vivo”, diz Xandão. Lauro completa: “A gente gosta de podreira mesmo, o que importa para a banda é manter a essência do que foi gravado."
As colaborações com duas bandas de status internacional - o Sepultura e o Asian Dub Foundation - também são destaques no novo álbum. Ninguém Regula a América, verdadeira paulada na qual Falcão divide os vocais com o feroz Derrick Green, do Sepultura, ataca o imperialismo dos EUA frontalmente. "É contra o George W.Bush, diretamente", fala Yuka, autor da letra. O baterista conta como aconteceu a colaboração com os metaleiros: "O Sepultura - sobretudo o Derrick - estava escutando bastante o Lado B Lado A no ano passado. Eles convidaram o Falcão para participar do disco deles, mas acabou não rolando. No fim, rolou no nosso. Sempre teve uma afinidade musical e de postura entre o Rappa e o Sepultura. Hoje em dia isso aumentou, é uma amizade pessoal mesmo."
Com os londrinos do ADF, a afinidade foi ainda maior. Além do grupo inglês partilhar a mesma disposição para misturar rock, rap, raggamuffin, dub e música eletrônica em seu som que O Rappa tem, eles também são especialmente engajados em movimentos sociais. A união das bandas se dá na faixa R.A.M. - remix de uma música do primeiro álbum do Rappa, transformada em drum'n'bass pelo ADF.
"Sempre fomos movidos pela curiosidade. Quando a gente foi mixar o primeiro disco em Londres, em 93, a gente conheceu o jungle e o drum’n’bass, que eram praticamente uma novidade”, conta Lobato. Yuka relembra: "O contato com o ADF vem de longa data. Viajei para Nova York há uns dois ou três anos buscando encontrar artistas que pudessem ter afinidade com O Rappa. Num momento da reunião com o pessoal da gravadora, foi citado o nome do Asian Dub Fundation. Entramos em contato com eles, rolou uma troca de figurinhas." Isso culminou com a brodagem entre os dois grupos durante a visita do ADF ao Brasil em abril - incluindo uma dobradinha nos palcos, no Abril Pro Rock (PE) e no Canecão (RJ).
"Na verdade, é quase um disco de sobras, são músicas das quais a gente está sempre mudando os arranjos", conta Yuka sobre as inéditas do álbum, pegando Milagre como exemplo. "Esta música foi composta há muitos anos. Mas ainda existem várias coisas que a gente gravou que gostaria de lançar...” Além da faixa-título Instinto Coletivo, o disco se completa com Fica Doido Varrido, clássico do samba gravado pelo conjunto Os Cinco Crioulos nos anos 60. A música foi gravada pela banda em um especial de carnaval da MTV, em 1995.