Novo tributo aos Beatles supera o anterior

Show consagra Rosa Marya Colin, com o público de pé, exigindo bis para a cantora, numa noite em que muitos roqueiros e astros da MPB emprestaram suas vozes aos clássicos do quarteto de Liverpool

Rodrigo Faour
30/11/2000
Foto: Betí Niemeyer
Rosa Marya Colin
Foto: Betí Niemeyer
Foto: Betí Niemeyer
Lobão
Foto: Betí Niemeyer
Pela segunda vez, diversos nomes do pop e da MPB se reuniram para celebrar a obra dos Beatles, desfeitos há 30 anos. O show, batizado de Submarino Verde e Amarelo 2, que reuniu 14 nomes da MPB e do pop quarta-feira à noite no ATL Hall (RJ), felizmente foi bem melhor do que a primeira edição do projeto, gravada em CD, e lançada há alguns meses pela Sony Music. Assim como o Tributo a Tom Jobim, gravado na semana passada no mesmo local, o Submarino 2 também vai virar disco e especial de fim de ano do canal Multishow, da Globosat. De uma forma geral, o elenco agradou. Se não houve grandes mudanças nos arranjos originais das canções, mais da metade dos artistas convidados conseguiram imprimir o tom certo às canções de Lennon, McCartney e companhia.

A grande surpresa é que o artista mais consagrado da noite, o que recebeu uma verdadeira ovação da platéia, não foi nenhum dos dez nomes de linhagem pop e rock escalados, e sim a cantora black Rosa Marya Colin (ex-Rosa Maria). Ela interpretou divinamente o clássico Let It Be, com aquele vozeirão que lhe é peculiar, num número de linhagem gospel que a cantora está bem habituada em peças, shows e discos que realizou (chegou mesmo a gravá-la em seu obscuro CD Cores, há dois anos). Rosa foi a décima a se apresentar. Antes dela, o mais aplaudido havia sido Ivan Lins, na balada Yesterday - ele foi o único a realizar um número apenas de voz e piano, sem a portentosa banda que havia no palco, liderada pelo baixista Vinícius Sá, produtor do tributo. Mas depois das boas performances de Rosa e do autor de Madalena, felizmente um roqueiro também honrou a classe pop & rock. Lobão foi o intérprete ideal na canção certa: a demolidora Helter Skelter. Errou duas vezes, mas fez uma apresentação empolgante.

Mas houve outros nomes que também se saíram bem. Caso de Toni Platão, que abriu o show ostentando seu vozeirão em Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Seguiram-se Kleiton & Kledir (com a mesma cara de 20 anos atrás, é impressionante como eles não envelhecem!) em Hello, Goodbye, com direito ao primeiro acompanhando-se ao violino.

Mais adiante, foi a vez de dois nomes do pop surpreenderem. Paulinho Moska (ainda com seu look Renato Russo) foi muito bem em The Fool on The Hill, superando outras releituras que vem fazendo atualmente (quem sabe pode não ser a primeira de uma série de gravações em inglês, um idioma que realçou sua voz?). Outro que surpreendeu foi o titã Nando Reis em I'm So Tired, que a entoou de forma bem teatral. Nando foi bem melhor que seus colegas Arnaldo Antunes (Don't Let Me Down) e Branco Mello (Get Back), cujas performances no palco superaram suas interpretações propriamente ditas.

Roger do Ultraje a Rigor (I Saw Her Standing There), Ana Carolina (Help) e Jota Quest (I Wanna Hold Your Hand) limitaram-se a fazer covers apenas corretos. Já nos números de bons cantores, como Zé Renato (Norwegian Wood (This Bird Has Flown)) e Jane Duboc (Across the Universe) faltou suingue. Aliás, Jane merecia uma música que lhe permitisse utilizar seus agudos perfeitos. Fechando o show, o Roupa Nova, apresentado pelo produtor do show como o grupo que divulgou a obra dos Beatles no Brasil (???), fez um belo arranjo à capela de Hey Jude, à la Beach Boys, afinadíssimo, e terminou chamando a banda e todos os artistas para o grand finale, à la Carlos Machado. Interessante.