O <i>musicaholic</i> Carlos Malta ataca novamente
O grupo Coreto Urbano, fundado e liderado pelo multi-instrumentista, chega ao primeiro álbum com Tudo Coreto
Mônica Loureiro
15/02/2002
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Em Tudo Coreto, cada uma das dez músicas tem uma sonoridade específica e, sem convidados, é um trabalho que mostra a realidade do grupo. Salva dos 21, por exemplo, é para Malta o "portrait" do Coreto Urbano. "Ela é a que mais revela a versatilidade da banda, pois passa pelo maxixe, funk, polca, frevo... Já Lamentos (Pixinguinha/Vinícius de Moraes) valoriza o ataque da nota, onde o que parece apenas um instrumento, é na verdade tuba e trombone baixo. E Luz do Sol (Caetano Veloso) tem uma melodia delineada com sax soprano", detalha.
Malta conta que todas as músicas do disco fazem parte da primeira leva de arranjos do Coreto Urbano. "Salva dos 21 foi a primeira música que compus para a banda; para Folia em Formosa fiz arranjos para diferentes formações; Barrigada já havia sido gravada no disco com o Pife Muderno", enumera. O CD ainda tem Até Amanhã (Noel Rosa), Arrastão (Edu Lobo/Vinícius de Moraes), Baião de Lacan (Guinga/Aldir Blanc) e Ladeira da Preguiça (Gilberto Gil).
Não há definição mais perfeita para a música do Coreto Urbano do que a do próprio Carlos Malta: "Sempre em movimento, com os ingredientes em ebulição". Depois de oito anos de formação, o grupo finalmente chega ao primeiro CD, "Tudo coreto". Enxutíssimo em suas dez músicas, o CD é uma viagem pela criatividade dos também dez músicos. Ainda paira sob a música brasileira aquela idéia de que instrumental não prende o ouvinte. Para contradizer o preconceito, aí estão Malta e seu grupo, que através da realidade de seu som trabalhado de forma pura e sem altas tecnologias de estúdio - o CD foi gravado no velho estúdio da rádio MEC, onde a acústica é o equipamento mais importante -, seduz os ouvidos mais desacostumados ao instrumental.
Gravado no estúdio sinfônico da Rádio MEC, "Tudo coreto" é o primeiro CD de Malta com o Coreto Urbano, mas o sétimo de sua carreira. "O primeiro foi Rainbow, gravado na Suíça em 94, e que está esgotado", destaca ele, que tocou 12 anos com Hermeto Paschoal. "Em 93 parti para carreira solo. Foi minha 'puberdade musical', eu desenvolvia trabalhos para várias vertentes e chegou uma hora que eu precisava registrar aquilo tudo, senão iria enlouquecer", exagera. Malta brinca, dizendo que fez então o contrário de todo artista: lançou uma coletânea para depois lançar as obras separadamente. "Foi o disco Escultor do Vento, de 97. Tem músicas do Pife, de Pixinguinha e duas do Coreto, que resolvi regravar pois faziam parte do repertório da banda, que são Luz do Sol e Rua da Guia", revela.
Satisfeito por estar incluído no cast da Rádio MEC - "eles dão apoio à cultura baseada na arte, e não no comércio" -, Malta diz que o show de lançamento do CD deve acontecer no final de março, no Bar do Tom. Enquanto isso, vai tocando a pré-produção do novo CD do Pife Muderno. "Vamos gravar e lançar ainda este ano", garante o musicaholic.