O cerco aos homens-fumaça
Planet Hemp lança disco ao vivo em meio a várias polêmicas e problemas com a Justiça
Marco Antonio Barbosa
20/07/2001
Pareceria coisa armada, se não já não se conhecesse a "ficha corrida" dos envolvidos. Justamente na semana em que lança seu quarto álbum, MTV Ao Vivo , o Planet Hemp volta a ter problemas com a lei em dose dupla. No último fim de semana (dias 14 e 15), o grupo foi impedido de se apresentar em Londrina (PR); seus shows foram cancelados por ordem de uma juíza substituta do Juizado da Infância e Juventude da cidade. Em sua terra natal, o Rio, o grupo enfrentou mais um revés: menores de 18 anos não poderão assistir à apresentação que o PH fará no domingo (dia 22) na Praça da Apoteose, por ordem do juiz Siro Darlan (da 1ª Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro). O motivo para ambos os incidentes é o mesmo: a alegação de que Marcelo D2 e seus companheiros fazem apologia do uso de drogas ilegais.
"Estou decepcionado com tudo isso, de saco cheio desta palhaçada toda", desabafou Marcelo D2 sobre as atribulações que cercam o grupo. "Nós estamos muito mais interessados em divulgar o disco novo do que em levantar qualquer polêmica, mas não deixam a gente trabalhar. Nem quero me manifestar sobre o Siro Darlan, deixa tudo isso para lá. Essas proibições todas só podem ter uma explicação: o medo das coisas que dizemos, medo de que possamos mudar a situação do país."
"O engraçado é que já tem até uma maldição envolvendo Londrina. Já temos dez anos de carreira e nunca conseguimos tocar lá. Desta vez, chegamos a passar o som, o palco e o cenário estavam todos montados, faltavam só algumas horas para o show. Aí chega o oficial de Justiça com a ordem de cancelamento. Mas também, já não estávamos nem aí, apesar do prejuízo. Estávamos em turnê, cansados para caramba, há dez dias longe de casa. Quando soubemos da proibição, dissemos: 'Beleza, vamos embora então'."
O maior medo de D2 é de que, como já ocorreu antes na carreira do grupo, a música do Planet Hemp fique ofuscada pela aura de confusão que os envolve. "E isso acontece justamente quando lançamos este CD, que é exatamente o disco que tínhamos na cabeça, sem tirar nem pôr", fala o vocalista. "O disco não poderia ter ficado melhor." Em MTV Ao Vivo, o Planet Hemp repassa alguns de seus maiores sucessos (Legalize Já , Dig Dig Dig , Fazendo Sua Cabeça , Queimando Tudo ) em versões extra-pesadas.
"É um disco mais de banda de rock do que de grupo de hip hop. Procuramos nos manter numa formação mais enxuta, para dar maior punch na coisa. Nossos shows sempre foram mais pesados que o som nos discos, só deixamos a coisa rolar naturalmente agora", conta D2. Isso implicou na saída do vocalista de apoio Gustavo Black Alien, do tecladista Ganjaman e do DJ Zé Gonzales. "Acho que para continuar com o grupo, temos que manter nossa estrutura original. O próximo disco de estúdio também vai ser gravado só com a banda atual (além de D2 e BNegão nos vocais, há os fundadores Rafael na guitarra e Formigão no baixo, e o novato Pedrinho na bateria). A coisa flui melhor", fala o vocalista.
Censurados, de novo
Essas novidades todas no terreiro do Planet ficam em segundo plano, justamente por causa que parece sempre rodear a banda. O PH vai se apresentar domingo (dia 22) na Praça da Apoteose, num show organizado pela Rádio Cidade FM (RJ) com o intuito de arrecadar alimentos não-perecíveis para camapanhas de caridade. Cerca de 40 mil pessoas estavam sendo aguardadas para o evento, mas o número de espectadores com certeza diminiuiu com a elevação da idade mínima para admissão (de 14 para 18 anos). O responsável pela mudança foi o juiz Siro Darlan, que aprovou uma ação civil formulada pelo Ministério Público do Rio. Junto à papelada da ação, foram anexadas cópias de letras do Planet Hemp (como Legalize Já e Phunky Buddha), para comprovar que o grupo faz realmente apologia à maconha.
O resultado é que nenhum menor de idade, nem mesmo acompanhado pelos pais ou responsáveis, pode assistir ao show do Planet Hemp. Quem infringir a ordem judicial será enquadrado no crime de desobediência civil. O evento na Praça da Apoteose, que conta com o apoio da Prefeitura do Rio, vai apresentar as bandas Pancake, O Surto, Tianastácia, Pato Fu, Engenheiros do Hawaii, Cidade Negra, Tihuana e Planet Hemp. O ingresso sai de graça: basta trocá-lo por 2kg de alimentos não-perecíveis. Segundo a organização do evento, cerca de 35% dos ingressos já estão em mãos de menores de idade.
O retrospecto de problemas do Planet Hemp com a lei é longo. Vem desde da época do primeiro disco do grupo, Usuário , quando o videoclipe de Legalize Já foi impedido de passar na TV antes das 22h, em 1995. Dois anos depois, o grupo inteiro foi preso em Brasília, sob acusação de apologia às drogas e desobediência civil. Passaram uma semana encarcerados e respondem a processo criminal até hoje. Após o incidente na capital federal, passou a ser rotina o cancelamento de shows do grupo por ordens judiciais ou intervenção policial - ou, em alguns casos, o Planet se viu forçado a não executar certas (ou melhor, várias) músicas de seu repertório, aquelas com versos louvando a maconha mais abertamente. "Mas já voltamos a tocar em todas as cidades nas quais enfrentamos problemas. Até em Brasília já tocamos de novo", lembra D2.
"Estou decepcionado com tudo isso, de saco cheio desta palhaçada toda", desabafou Marcelo D2 sobre as atribulações que cercam o grupo. "Nós estamos muito mais interessados em divulgar o disco novo do que em levantar qualquer polêmica, mas não deixam a gente trabalhar. Nem quero me manifestar sobre o Siro Darlan, deixa tudo isso para lá. Essas proibições todas só podem ter uma explicação: o medo das coisas que dizemos, medo de que possamos mudar a situação do país."
"O engraçado é que já tem até uma maldição envolvendo Londrina. Já temos dez anos de carreira e nunca conseguimos tocar lá. Desta vez, chegamos a passar o som, o palco e o cenário estavam todos montados, faltavam só algumas horas para o show. Aí chega o oficial de Justiça com a ordem de cancelamento. Mas também, já não estávamos nem aí, apesar do prejuízo. Estávamos em turnê, cansados para caramba, há dez dias longe de casa. Quando soubemos da proibição, dissemos: 'Beleza, vamos embora então'."
O maior medo de D2 é de que, como já ocorreu antes na carreira do grupo, a música do Planet Hemp fique ofuscada pela aura de confusão que os envolve. "E isso acontece justamente quando lançamos este CD, que é exatamente o disco que tínhamos na cabeça, sem tirar nem pôr", fala o vocalista. "O disco não poderia ter ficado melhor." Em MTV Ao Vivo, o Planet Hemp repassa alguns de seus maiores sucessos (Legalize Já , Dig Dig Dig , Fazendo Sua Cabeça , Queimando Tudo ) em versões extra-pesadas.
"É um disco mais de banda de rock do que de grupo de hip hop. Procuramos nos manter numa formação mais enxuta, para dar maior punch na coisa. Nossos shows sempre foram mais pesados que o som nos discos, só deixamos a coisa rolar naturalmente agora", conta D2. Isso implicou na saída do vocalista de apoio Gustavo Black Alien, do tecladista Ganjaman e do DJ Zé Gonzales. "Acho que para continuar com o grupo, temos que manter nossa estrutura original. O próximo disco de estúdio também vai ser gravado só com a banda atual (além de D2 e BNegão nos vocais, há os fundadores Rafael na guitarra e Formigão no baixo, e o novato Pedrinho na bateria). A coisa flui melhor", fala o vocalista.
Censurados, de novo
Essas novidades todas no terreiro do Planet ficam em segundo plano, justamente por causa que parece sempre rodear a banda. O PH vai se apresentar domingo (dia 22) na Praça da Apoteose, num show organizado pela Rádio Cidade FM (RJ) com o intuito de arrecadar alimentos não-perecíveis para camapanhas de caridade. Cerca de 40 mil pessoas estavam sendo aguardadas para o evento, mas o número de espectadores com certeza diminiuiu com a elevação da idade mínima para admissão (de 14 para 18 anos). O responsável pela mudança foi o juiz Siro Darlan, que aprovou uma ação civil formulada pelo Ministério Público do Rio. Junto à papelada da ação, foram anexadas cópias de letras do Planet Hemp (como Legalize Já e Phunky Buddha), para comprovar que o grupo faz realmente apologia à maconha.
O resultado é que nenhum menor de idade, nem mesmo acompanhado pelos pais ou responsáveis, pode assistir ao show do Planet Hemp. Quem infringir a ordem judicial será enquadrado no crime de desobediência civil. O evento na Praça da Apoteose, que conta com o apoio da Prefeitura do Rio, vai apresentar as bandas Pancake, O Surto, Tianastácia, Pato Fu, Engenheiros do Hawaii, Cidade Negra, Tihuana e Planet Hemp. O ingresso sai de graça: basta trocá-lo por 2kg de alimentos não-perecíveis. Segundo a organização do evento, cerca de 35% dos ingressos já estão em mãos de menores de idade.
O retrospecto de problemas do Planet Hemp com a lei é longo. Vem desde da época do primeiro disco do grupo, Usuário , quando o videoclipe de Legalize Já foi impedido de passar na TV antes das 22h, em 1995. Dois anos depois, o grupo inteiro foi preso em Brasília, sob acusação de apologia às drogas e desobediência civil. Passaram uma semana encarcerados e respondem a processo criminal até hoje. Após o incidente na capital federal, passou a ser rotina o cancelamento de shows do grupo por ordens judiciais ou intervenção policial - ou, em alguns casos, o Planet se viu forçado a não executar certas (ou melhor, várias) músicas de seu repertório, aquelas com versos louvando a maconha mais abertamente. "Mas já voltamos a tocar em todas as cidades nas quais enfrentamos problemas. Até em Brasília já tocamos de novo", lembra D2.